Alfonso Galofré (La Perfumeria Coffee): "As cápsulas de café deviam ser proibidas a partir de agora"

"Até ao primeiro café, não sou uma pessoa". Esta frase frequentemente ouvida é prova da importância que esta bebida tem muitas pessoas, que oferece a energia necessária para enfrentar o dia. No entanto, nem todas as chávenas estão cheias com um café de qualidade. Isso é precisamente o que procuram na La Perfumeria Coffee, cujo produto provem, de forma directa, de quintas nas quais se colheita respeitando o meio ambiente e as temporadas do café.

O CEO da cafeteria, Alfonso Galofré, incita os seus clientes a consumir o café em grão, "o de toda a vida", e fugir das cápsulas de café que se acomodaram na sociedade. Os seus cafés de especialidade, empacotados em embalagens sustentáveis, vendem-se a partir de 8,25 euros (uma embalagem de 250 gramas, que dá para umas 30 chávenas), para o fazer a partir de casa conseguindo a maior qualidade. "Abrimos uma cafeteria em Barcelona para continuar a levar os nossos cafés exclusivos às pessoas, mas planeamos abrir em mais cidades", disse à Consumidor Global.

-- Que é La Perfumeria Coffee?

-- A La Perfumeria nasce do grupo tecnológico Napptilus, em Barcelona, com a ideia de criar uma empresa e uma marca para vender café de especialidade.

--Que é o café de especialidade?

-- É um café que provem de uma única origem e de uma única quinta, normalmente. Do Brasil, da Colômbia ou do México. Tem mais qualidade. Dentro desse ecossistema do café de especialidade, está também o chamado blend. É uma mistura de várias origens de café de especialidade, que ao juntá-los cria um diferente. Em conclusão, é um café com mais qualidade que o café habitual de qualquer cafeteria.

-- Muitas cafeterias conhecidas já oferecem este café de especialidade?

-- Sim, Nomad Coffee, Syra Coffee, Incapto ou Good News têm este tipo de café, mas a variedade varia segundo a empresa. Algumas destas cafeterias têm uma ou duas variedades, e outras, pelo contrário, até quinze.

-- Quantos tipos de café ofereceis atualmente a La Perfuearia?

-- Os cafés são como os vinhos, vão por temporada. Temos tido o café das Honduras, o café do México, o café da Colômbia, do Brasil. Vai mudando segundo o que vamos incorporando. Atualmente, temos um café do México, temos um da Colômbia descafeinado, temos um blend que é do México e Colômbia e outro blend que é Brasil, Colômbia e Guatemala. Mas, por exemplo, o do México, sabemos que está a acabar e que agora vai entrar um do Brasil.

-- Não têm permanentemente um tipo de café?

-- Não temos sempre o mesmo café. O que tem sempre o mesmo café, não é um café de especialidade, mas sim um café que chamam comercial, de uma qualidade inferior. Os nossos são cafés frescos que se servem durante um tempo determinado –um mês, dois meses, três meses, o que te dura o café–. Vende-lo até que se acaba e tens que encontrar outro.

-- Quais serão vossos próximos cafés de especialidade?

-- Acabamos de chegar a um acordo com uma empresa que nos proporciona cinco origens diferentes. Da Colômbia, do México, da Costa Rica, do Brasil e da Etiópia. Estes serão as nossas cinco origens que comercializaremos ao mesmo tempo nos próximos meses.

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-- Qual é vosso supervendas?

-- O do México (9,95 euros o pacote) sempre funcionou bem. Tivemos outro que foi do Burundi, de África, que gostou muitíssimo e se vendeu muito rápido. Os cafés de África tendem a ser bastante populares. E depois o da Colômbia costuma ser um supervendas também. Quase sempre, o da Colômbia é dos que funciona melhor. Mas, à pessoas gostam de ir mudando e provando coisas diferentes.

-- Porquê comprar o café na La Perfumeria? O que a diferença do resto das cafeterias que também oferecem café de especialidade?

-- Temos um sistema de tostado um pouco diferente do resto. Utilizamos um tostador com casca de amêndoa em vez de com gás ou com electricidade. Isso dá-lhe um aroma e um sabor diferente. Tem umas propriedades que não têm outros. Também damos muita importância à selecção do café de alta qualidade. Mas não somos melhores ou piores que outras cafeterias, somos diferentes.

-- Como se faz um bom café em casa?

-- Para fazer um bom café em casa precisa-se em primeiro lugar que o café seja bom, que seja bem torrado, e depois é necessário uma boa máquina de café. Há manuais, automáticas, superautomáticas, as clássicas italianas, etc. Além disso, é importante um bom moinho. Se não se moer bem, provavelmente o café já não será tão bom. Isso sim, nunca terás em casa a qualidade como a que tens numa cafetaria.

-- Porquê?

-- Primeiro porque as máquinas que tens na tua casa não têm o custo que tem uma máquina da cafetaria. As boas cafetarias boas têm máquinas que valem muito dinheiro, pelo menos, uns 25.000 euros. Nós vendemos máquinas de café desde 300 euros a 2.000 euros. Com uma máquina minimamente decente podes fazer um café suficientemente bom, mas há que aprender um pouco melhor as técnicas, saber como tirar proveito da máquina…

-- Por comodidade, muitos preferem as cápsulas de café. Recomenda-as?

-- Não. O tema das cápsulas tem de acabar já. Têm de ser banidas. É um ultraje absoluto. Ou seja, deitar fora cápsulas de alumínio todos os dias, é uma coisa verdadeiramente animal. O café deve ser consumido como foi consumido durante toda a nossa vida.

-- Quantas chávenas de café são recomendáveis por dia como máximo?

-- É muito variável. O café é muito perjudicial. Mas, com duas ou três chávenas de café por dia não acontece absolutamente nada.

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-- As etiquetas dos pacotes de café que oferecem são de países como Colômbia ou México Porque não há uma com a etiqueta de Espanha? Tendo em conta que o único café da Europa é produzido em Espanha, mais concretamente em Agaete, Canárias.

-- Desconhecia-o. Há países produtores maioritários como são a Colômbia, Brasil, México, Honduras, Guatemala, Costa Rica… E depois africanos. África, América do Sul e América Central são os grandes produtores de café. Não sabia de Espanha, mas quiçá, o clima das ilhas Canárias é mais adequado. TTem certas propriedades, como o solo, a humidade, o sol, para que o café possa ser bem produzido. Vamos estudar o assunto.