No âmbito da publicidade vemos todos os dias todo o tipo de artimanhas, artifícios ou –como diria Amador Rivas– truques para vender qualquer produto que se fabrique.
Mais concretamente, os spots televisivos são uma fonte inesgotável de casos de enganos, exageros ou meias verdades.
O último destes excessos é um anúncio da Ariel. Na sua alegação, a popular marca da multinacional Procter & Gamble afirma que com o seu novo produto, os Ariel Pods, podes poupar –literalmente– "até 7 meses de luz".
À primeira vista, parece óptimo. Cortar quase 60% na fatura da luz por usar o detergente em cápsula da Ariel –a 20 ou 30 cêntimos a unidade– parece uma aposta imbatível.
O problema é que o anúncio da Ariel tem armadilha. A frase –que se anuncia em letras enormes que quase não cabem no ecrã– vai acompanhada de um asterisco. Uau. Isso já é mau o suficiente.
E, quando vês para onde vai esse asterisco, verificas que este cálculo da poupança da electricidade se refere apenas ao consumo de electricidade da máquina de lavar roupa que seria produzido pela lavagem a frio do que normalmente é lavado a quente.
Assim, do que está implícito no anúncio da Ariel ao que realmente oferecem, há um longo caminho a percorrer.
Não sei se legalmente isto se pode considerar publicidade enganosa –a lei diz que o é aquela que, ainda sendo verdadeira, induz em erro–, mas do que não há dúvida é de que é um insulto ao consumidor, que está a ser tratado como um tonto.
Uma multinacional como a Procter & Gamble, que vende dezenas de milhares de milhões de dólares todos os anos, não deveria precisar estas tretas para vender.