A análise

Os 10 conselhos mais inúteis e desactualizados sobre alimentação

Somos carne de canhão, desse canhão que gera conteúdos dietéticos nos meios de comunicação, em redes sociais, a partir da publicidade ou nas conversas de balcão. Este pós ajudar-te-á a proteger do bombardeio

O dietista e nutricionista Juan Revenga dá conselhos dietéticos / CG PHOTO SHOTING
O dietista e nutricionista Juan Revenga dá conselhos dietéticos / CG PHOTO SHOTING

Fazer uma listagem de tão só 10 latiguillos que façam parte do acervo (in)cultural-nutricional é muito difícil. Refiro-me a todas essas mensagens que, a pé de rua ou a pé de ecrã de smartphone , têm a mesma utilidade que fazer bolsitas de chá impermeables. As razões que explicam a proliferación de tanta tolice dietética são variadas e, provavelmente, a visibilidade da cada uma destas responda a uma curiosa sinergia de factores, a saber:

  • A pressão que para algumas pessoas supõem as redes sociais à hora de fazer virales seus conteúdos que lhes empurra a gerar qualquer memez com o fim de obter visibilidade.
  • Os meios de comunicação que, com bastante frequência, retorcem a ciência ou directamente lha inventam, para gerar clickbaits do tipo -não é broma- "os torreznos mais saudáveis que as verduras".
  • O interesse de certa indústria alimentar que, a partir de suas embalagens ou de sua habilidoso márquetin, nos fazem achar que seu produto, habitualmente ultraprocesado, é a panacea.
  • Alguns conselhos pertencentes a outra época e que, apesar de ter mais mofo que os azulejos da ducha de Shrek , se seguem repetindo como verdades absolutas geração depois de geração.

Neste artigo poremos como folha de parra os mais absurdos para, a ver se há sorte, ao menos tu deixes dos repetir e que, ademais, possas entablar uma sã conversa com qualquer cuñado que se te acerque.

Tu, o que tens que fazer, é fechar a boca e te mover mais

A frase refere a essa "singeleza" cuñadista relacionada com o adelgazamiento. E, efectivamente, é verdadeira. Tanto como aquela outra frase que diz que o único que se precisa
para ir à lua é um foguete. Importunou-nos. A ineficacia, por não dizer absurdez do conselho, arraiga em pôr de relevo que, o que precisamente é complicado, quase impossível, é atingir a construir esse foguete ou bem esse ideal de comer menos e se mover mais. Por muito que nos custe crer, resulta que em nosso meio a maior parte dos factores que influem em que fechemos a boca e nos movamos mais não estão a nosso alcance. Não me cries? Dá-lhe uma lida a este pós e, sobretudo, te combina com esta imagem que representa a miríada de factores que influem no cansino "balanço de calorías".

Só há que conseguir um equilíbrio entre as calorías que ingressas e as que gastas

Claro, já o dizia José Mota: "as gallinas que entram pelas que saem". Muito na linha da tontuna anterior, o famoso balanço calórico leva-nos atormentando desde que propôs-se lá por finais do S XIX e com poucas ou mais bem nenhuma modificação E que temos conseguido? Pois isso, nada. Ademais, se achaste-te que as calorías nos alimentos é algo tão exacto como aquela cifra que se inclui no etiquetado ou nas tabelas de composição de alimentos, estás muito equivocado. Se isto não fosse pouco, as variações que diariamente temos todos e a cada um de nós na despesa são bastante importantes e escapam -ao menos por enquanto- a qualquer informação que te dê o smartwatch mais sofisticado. Se serve-te de referência, este nutricionista que te escreve tem duas filhas -a coisa que mais quero no mundo- e na vida me preocupei de saber quantas calorías gastam e quantas consomem. Sim preocupámos-nos, junto a sua mãe, pelo facto de que façam boas eleições alimentares e tenham um estilo de vida activo. Crê-me, isso de contar calorías quiçá seja o tic mais viejuno, inútil e simplista que possa existir hoje dentro da dietética.

A melhor dieta é a "dieta do cucurucho" [é um exemplo tomado a esmo]

Sejamos claros, se tão só uma dos milhares de dietas existentes funcionasse para emagrecer de forma saudável, satisfatória e permanente, já ninguém no mundo teria obesidad. Só uma. Podes pensar nas mais científicas (baixas em carbohidratos, baixas em gordura, altas em proteína, de ayuno intermitente...) ou as mais de moda (Dukan, Montignac, Pamela Anderson, Paleo, do grupo sanguíneo...) mas só se precisa uma. E o caso é que não existe. Emagrecer com saúde e manter-se é uma questão terrivelmente complexa. E quem afirme o contrário ou bem tem menos luzes que um barco pirata pela noite, ou bem só quer defraudar à gente lhe dizendo aquilo que quer ouvir.

O café da manhã é a comida mais importante do dia

Já sê que lho tens ouvido a tua mãe ou a tua tia avó centos de vezes, mas esta sentença é mais falsa que um euro de madeira e tem uma origem vinculada a John Harvey Kellogg (sim, o criador da empresa de cereais homónima) com uma clara intenção comercial. Tens toda a informação nesta palestra TEDx. De modo que a cada vez que ta digam, tu lhes podes responder que as diferentes comidas do dia são como os filhos, nenhum é mais importante que outro.

A chave consiste em "comer um pouco de tudo"

"Um pouco de todo e um muito de nada" era uma das lapidarias frases do grandísimo professor D. Francisco Grande Covián. E em seu tempo, nos anos 80, dantes de que os espanhóis realizássemos a conhecida como "transição nutricional", o conselho poderia fazer sentido; quando "um pouco de tudo" só referia a alimentos frescos e mal tinha ultraprocesados. No entanto, hoje em dia, se tivesse que comer "um pouco de tudo" implicaria comer muitíssimas opções com uma bajísima qualidade nutricional. Tens mais dados neste pós.

Há que fazer cinco comidas ao dia

Que saibas que a ciência ainda não se postulado sobre o idôneo de manter uma frequência de ingestões mais ou menos concreta ao longo do dia. Sim, já sê que se repete muito. Mas não te posso dizer mais: diz-se muito, mas diz-se sem provas. Possivelmente seja uma mensagem que a certa indústria alimentar goste muito perpetuar. Podes ampliar a informação neste artigo.

Qualquer frase com alimentos "fundamentais", "indispensáveis" ou "imprescindíveis"

Sabes quem diz que um alimento é indispensável ou imprescindível? Dí-lo o sector que o produz e/ou distribui. Dizem-no apoiando-se, supostamente, na ciência, mas o que fazem é usar suas infinitas habilidades de márquetin. Nenhum alimento é imprescindível per se; mas alguns nutrientes sim que o são. Felizmente a natureza brinda-nos infinidad de opções, e esses nutrientes que costumam sair à palestra, se não estão num alimento, estarão em outro. Aqui encontrarás uma explicação mais detalhada.

Há que tomar de dois a quatro raciones de lacticínios ao dia

Muito na linha de "os lacticínios são indispensáveis para manter uma adequada saúde óssea" e, em relação com o apartado anterior, tens de saber que este também não é verdadeiro. Existem culturas e civilizações inteiras que não fazem uso dos lacticínios e que não têm maiores problemas com seus ossos. Como nos explicam no blog de nutrição da Universidade de Harvard, os lacticínios não são a única fonte apreciable de calcio ou de vitamina D.

O leite é veneno

Mas também não é veneno. Ainda sabendo que há uma verdadeira população de intolerantes à lactosa ou de alérgicos às proteínas do leite, também temos de considerar que há intolerantes à fructosa e alérgicos aos cacahuetes (só por pôr um par de exemplos). E ninguém tacha de venenosos à fructosa ou aos cacahuetes. Neste caso não é infrequente encontrar a determinados perfis em redes sociais que apoiando nos argumentos mais peregrinos -o ser humano é o único mamífero que toma leite depois da lactancia- procurem que alguém lhes faça casito. Por verdadeiro, é verdade, somos os únicos que tomamos leite depois da lactancia, e também os únicos que tomamos pimientos recheados de bacalhau e, por exemplo, que compomos música.

Teu corpo é sábio, aprende a escutá-lo

Não, teu corpo não é sábio. O teu, e o de todos, responde a diversos estímulos exteriores. Sem quebrantar as regras da biologia geral, temos que ser conscientes de que existe uma verdadeira variabilidad interpersonal. Por exemplo, há pessoas alérgicas à soja e outras que não, ou a uns gostam o picante e a de outros não. Nosso corpo nem é tonto nem é sábio, é como é, e por suposto não nos fala. Esta frase costuma ser usada por bocamuelles arribistas das terapias alternativas e, o único que vais conseguir tratando de fazer orelha para entender a teu corpo, é atrasar a visita (quem sabe se trascendental) com um profissional sanitário como deus manda.

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