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Por que o Satisfyer não é popular entre as mulheres com mais de 50 anos?
Sexólogos e terapeutas explicam que o público feminino mais maduro prefere outro tipo de brinquedos eróticos ao famoso sugador
Os sugadores Satisfyer não triunfam ali onde vão. Graças ao marketing e a um preço muito económico, é dos brinquedos eróticos mais vendidos entre o público jovem, mas não se aplica a mulheres com mais de 50 anos, que optam por outro tipo de produtos nas sex shops.
Há dez anos, ver a uma mulher a olhar para vibradores numa loja especializada só acontecia nos filmes de Almodóvar. Em 2022, por sorte e para maior prazer, a realidade superou a ficção. "Há muitas coisas que as mulheres de minha idade não sabemos. Por exemplo, o 'satisfeision'", disse Petra Martínez (77 anos) arrancando os aplausos do público ao recolher o prêmio Feroz de Melhor actriz protagonista pela vida era isso. "Não sei se alguma o utilizou, mas é genial", acrescentou numa preciosa tentativa por desestigmatizar a masturbaçao em qualquer idade.
Há vida para além do Satisfyer
"As mulheres de 50 anos ou mais interessam-se pelo Satisfyer, mas explicas-lhes que é uma marca e que há dispositivos melhores, e acabam a levar outros produtos", explica o divulgador sexual e assessor da casa erótica Amantis, Óscar Ferrani, que afirma que antes, durante um dia, entrava uma pessoa mais velha, e agora é um perfil notável destes estabelecimentos.
Ontem mesmo "veio uma mulher de 80 e longos pedindo 'isso da sugação', mas aconselhei-lhe um massajador porque me pareceu que ser-lhe-ia mais fácil de usar e mais prazeiroso", aponta a terapeuta sexual e responsável pela loja Vibracions de Barcelona, Montse Icerte, sobre um tipo de vibrador que tem uma cabeça mais larga e também permite estimular o clítoris com maior probabilidade de acerto. Além disso, "se não gosta como vibrador, sempre pode massajar qualquer parte do corpo com ele", acrescenta.
Os brinquedos sexuais mais vendidos a partir dos 50
Os brinquedos sexuais de desenho hiperrealista são os mais procurados pelas senhoras mais velhas, concordam os especialistas. "Preferem os consoladores realistas de tamanho reduzido aos de design", aponta Ferrani, que explica que, no geral, fogem dos botões e dos mecanismos de controle remoto. Ao mesmo tempo, os ginecólogos começam a recomendar estes vibradores e bolas chinesas a mulheres de idade avançada que sofrem algum tipo de atrofia vaginal --afinamento, secura e inflamação das paredes vaginais--.
As Pelvic Balls de Sensual Intims, que servem para fortalecer a musculatura, e os vibradores de uso externo tipo microfone "são o que mais vendemos", aponta Icerte. Na rede de lojas eróticas Lovesexing, por exemplo, os brinquedos mais procurados por este público são o vibrador básico de aspeto realista (19 euros), o Pretty Love de estimulação vaginal e clitoriana (30 euros), e o Bloom Love (60 euros).
O primeiro vibrador aos 60 anos
"Muitas vezes compram o seu primeiro vibrador aos 60 anos, por isso costumam preferir produtos muito funcionais", expõe à Consumidor Global a responsável pela Lovesexing, Marinha Argemí.
"Nós destacaríamos o vibrador e massajador We-Vibe Touch X (95 euros) porque é pequeno e não pesa quase nada", aponta Johanna Rief, diretora de empoderamento sexual de We-Vibe, sobre este potente e versátil vibrador cuja superfície curvada permite cobrir com maior facilidade a zona a estimular.
Outros complementos
Seja para facilitar a penetração ou para procurar essas cócegas e erotismo, as mulheres também se mostram muito recetivas com todo o relacionado com os lubrificantes, as massagens e os aromas, concordam da Amantis e Lovesexing.
Os perfumes de feromonas, que funcionam como um aditivo cosmético olfativo para atrair outras pessoas, também são dos mais procurados. "Porque às mulheres mais velhas, como é lógico, também gostam de gostar", aponta Argemí.
Benefícios para a saúde dos brinquedos eróticos
Os brinquedos sexuais "apresentam benefícios do ponto de vista da saúde, já que fortalecem os músculos vaginais e ajudam a recuperar o perineo e a musculatura do solo pélvico", expõe à Consumidor Global a sexóloga e autora do livro Sexamor, Silvia Sanz.
Os vibradores aumentam o fluxo sanguíneo nos genitais, o que provoca não só que a excitação aumente, mas também que se fortaleçam os músculos da zona --como nos exercícios de Kegel--, prevenindo, tal como as bolas chinesas, a incontinencia urinária, acrescenta a especialista.
A sexualidade com o passar do tempo
A visão da sexualidade na velhice ou em determinadas idades "sempre tem sido prejorativa, mas agora está a mudar", assegura Icerte, que explica que a sexualidade nos acompanha ao longo de toda a vida. Desde o nascimento até a morte.
"Fazes as pazes com as mudanças que experimenta o teu corpo, te redescobres e pode ser extremamente prazeiroso. A sexualidade, como quase tudo na vida, é evolução", sentencia a terapeuta sexual.
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