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Sou socióloga e estes são os motivos pelos que ainda existe brecha orgásmica

O 8 de agosto marca no Dia Internacional do Orgasmo Feminino, uma data que procura visibilizar e reivindicar o prazer das mulheres

Ana Carrasco González

Una fruta simula una situación orgásmica UNSPLASH

"O orgasmo não deveria ter género nem sexo, não existem orgasmos de pene ou orgasmos de vulva. Falamos de orgasmo feminino e de facto temos criado no Dia Internacional do Orgasmo Feminino porque o prazer e a sexualidad feminina têm sido historicamente esquecidos. Tanto é de modo que ainda hoje existe uma brecha orgásmica entre mulheres e homens que é brutal", afirma Cecilia Bizzotto, socióloga e porta-voz de JOYclub Espanha.

O 8 de agosto marca no Dia Internacional do Orgasmo Feminino, uma data que procura visibilizar e reivindicar o prazer das mulheres, historicamente silenciado. JOYclub, uma comunidade dedicada à sexualidad liberal, recorda que a existência desta data é uma resposta a séculos de invisibilización do desfrute sexual feminino.

A persistência da brecha orgásmica

A brecha orgásmica, que reflete a divergência na capacidade de atingir o clímax entre géneros, persiste devido a vários factores. Um dos principais problemas é a educação sexual deficiente. Em Espanha, falar sobre sexualidad segue sendo um tema tabu em muitos sectores, o que complica a implementação de programas educativos integrais nas escolas.

Um dos modelos hiperrealistas de Vulvarium que representa uma vulva como as que aspiram com a ginecologia estética / GAV

Apesar de que o clítoris possui mais de 10.000 terminações nervosas, a percentagem de mulheres que atinge o orgasmo durante o sexo é significativamente menor que o dos homens. Esta desigualdade deve-se em grande parte ao coitocentrismo, um enfoque educativo que tem centrado o prazer exclusivamente na penetração. Segundo Bizzotto, "a percepção limitada da sexualidad, centrada no coito, é especialmente perjudicial para as mulheres, dado que muito poucas conseguem atingir o orgasmo por via penetrativa (estima-se que só um 20-30%)".

O autoconocimiento e a cultura

A falta de conhecimento e aceitação da vulva também contribui a esta brecha. Muitas mulheres evitam explorar seu próprio corpo e o prazer do sexo oral, em parte devido a uma educação que tem perpetuado tabus e estigmas. Bizzotto explica que "a vulva não está presente ao imaginário cultural ocidental e não temos modelos nem referentes que nos ensinem como é um coño, enquanto todo mundo tem clarísimo como é um pene".

Ademais, a falta de comunicação e transparência em torno da masturbación afecta a muitas mulheres, quem, ao sentir-se inseguras com seu corpo, com frequência não podem se relaxar e desfrutar da prática sexual. A chave para melhorar esta situação arraiga no empoderamento sexual feminino.

O empoderamento feminino

"O prazer da mulher depende da própria mulher, não do homem. Chegar ao orgasmo é possível de muitas maneiras: masturbación, beijos, caricias... mas para que uma mulher saiba como atingir o clímax, depende única e exclusivamente dela mesma", assinala Bizzotto. É crucial que as mulheres explorem seu corpo e compreendam que gostam, para poder o comunicar de de maneira asertiva a seus casais.

Neste contexto, JOYclub oferece uma plataforma rica em informação e recursos verificados por experientes, bem como foros onde a comunidade pode resolver dúvidas e compartilhar experiências. "Devemos aprender a tocar-nos para comunicar asertivamente o que desejamos e deixar de ser objetos passivos, desenhados para o desfrute do outro. Se como mulher não conheces teu corpo, achas que o prazer to tem que dar um homem que provavelmente sabe menos de teu sexualidad que tu mesma, e te limitas à penetração porque achas que isso é o sexo... Pois normal que tenhamos menos orgasmos!", conclui a socióloga.