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O sistema para evitar a revenda de entradas usado pelo Primavera Sound que é um fracasso (e muito)

Os organizadores do festival de música que se celebra em Barcelona trabalham com uma plataforma de compra segura; no entanto, isto não tem refreado os utilizadores da a usar para transferir as suas entradas para outros

Ana Carrasco González

O Festival Primavera Sound / EP

Há pouco mais de um ano, Helena comprou a sua entrada para ir ao Primavera Sound 2022, que se celebra em Barcelona desde o 2 até o 12 de junho. As vontades de ir eram indudáveis, no entanto, ela vive agora em Londres e o voo para a capital catalã subiu até um preço inclusive maior que o do festival. Para ela, só há uma forma de não perder o investimento: revender a entrada pela internet.

Mas quando Helena tentou escarregá-lo em PDF para o vender de forma independente, encontrou-se com o obstáculo de que era missão impossível. É que, a Primavera Sound colabora com uma plataforma de compra seguro chamada DIZ, com um sistema próprio para evitar a revenda. "É um dos poucos festivais aos quais a revenda não afecta", alegam. No entanto, através da mesma plataforma, permite-se a transferência de entradas a terceiros, o que tem provocado que alguns revendedores se tenham aproveitado disso. Não é isso revenda?

O sistema de Primavera Sound está em desordem

"Podes transferir a tua entrada pela mesma app desde que não a tenhas usado", explica Helena à Consumidor Global, o que as medidas do Primavera Sound não passam despercebidas. De facto, enquanto na aplicação destaca-se esta opção, o website da plataforma reza o lema: "Agora é possível que os fãs obtenham entradas em segundos e impossível que os revendedores as explorarem".

DIZ é a única forma de transferir a entrada, no entanto, o preço e o modo de pagamento é gerido pelo próprio uilizador. "As transações económicas fazem-se aparte. Temos que nos pôr de acordo em como o fazer. Pode ser através de uma transferência ou por bizum ", comenta uma jovem de forma anónima que pretende revender a sua entrada, a um preço menor do que lhe tinha custado inicialmente. Quer desfazer-se dela e ao menos ganhar algo.

Os revendedores não ficam atrás

Tal como outros utilizadores, aquelas pessoas que se dedicam a comprar entradas para depois revendê-las também se aproveitaram deste sistema. Através de plataformas como Milanuncios há várias publicações sobre a venda de entradas do Primavera Sound, entre as quais se encontra o anúncio de um rapaz que trabalha para a Tickets Premium, um negócio dedicado precisamente à revenda.
O festival Primavera Sound / EP

"Primeiro tens que descarregar a aplicação da DIZ e, uma vez dentro, dás-me o teu email e o teu número de telefone para te adicionar. Estou em contacto com o serviço de atendimento ao cliente da aplicação e só precisam que lhes proporcione os dados do comprador para que se possam transferir a entrada", explica a este meio.

Os preços de revenda

Várias das pessoas com as quais este meio contactou revende as suas entradas a um preço mais baixo do que o preço inicial, ainda que o custo varia e os há que seguramente querem fazer negócio com a revenda. Mais especificamente, as fontes consultadas atribuem sua decisão a motivos de trabalho, pessoais ou inclusive ao cancelamento de última hora de grandes artistas como C. Tangana, que mudou neste ano o Primavera Sound pelo Sónar 2022.

A faixa de preços das entradas em reventd, dependendo se é para um dia, um fim de semana ou todo o festival, oscila entre os 245 euros e os 850 euros. Mais especificamente, Helena comprou-a para o segundo fim de semana do festival mais um brunch por um total de 250 euros, ainda que a tenha revendido no final por 150. Enquanto, Nuria, outra utilizadora --que ainda não conseguiu vender a sua entrada anunciada em Milanuncios-- diminuiu o preço até aos 230 euros e, como confessa, está disposta a negociar em baixa. Alguns preferem poder recuperar, simplesmente, parte do investimento ou perder o menos possível.

Vazio legal na revenda de entradas

Mas, é legal a revenda de entradas em Espanha? Hoje em dia há um vazio legal em Espanha com respeito ao negócio da revenda de entradas. Apesar de que o Regulamento de Polícia de Espectáculos Públicos e Actividades Recreativas, que pertence ao Real Decreto 2816/1982, "proíbe explicitamente a revenda de rua ou ambulante", tal omo explica a advogada Rocío Colás a este meio, não se faz menção alguma à revenda on-line.

Isso deve-se, segundo Colás, à época em que foi escrito o dito decreto. Por isso, há um vazio legal quanto à revenda de entradas pela internet, já que não está explicitamente proibida nem há casos frequentes de sanções a revendedores, segundo enfatiza esta perita legal.