Loading...

Rita Cokó, o restaurante de moda barcelonés onde te comer um estropajo é possível

Este estabelecimento pertence ao grupo Macao e aposta por uma cozinha tradicional acompanhada de toques modernos que triunfa nas redes sociais

Ana Siles

rita cokó 14

Rita Cokó é casa. Mas não uma qualquer. É uma dessas na que o tradicional e o moderno convergem para oferecer ao comensal uma experiência gastronómica original, divertida. De facto, esta fusão vai para além dos platos. Apalpa-se até na decoración.

Umas banquetas altas de cor amarela estofadas em terciopelo junto a uma barra cheia de licores dão as boas-vindas ao cliente. Basta com alçar um pouco mais a vista para comprovar que o resto da sala nada tem que ver com esse recebimento. Mesas singelas recheiam um espaço onde se transmite essa sensação de estar a comer em casa. Os bajoplatos de mimbre ou as cortinas desta mesma textura são esses pequenos detalhes que o demonstram.

Uma história familiar

Joan Gómez, gerente do grupo Macao e do restaurante, atende a este meio nas horas prévias a começar o serviço de comidas. Rita Cokó é um dos restaurantes que mais popularidade está a ganhar em Barcelona . Aterrou na cidade condal faz mal dois anos e Gómez admite que as redes sociais têm jogado (e jogam) um papel fundamental em sua popularidade. "São o boca a boca actual", afirma.

Restaurante Rita Cokó / GALA ESPÍN

Para entender as origens de Rita Cokó há que se remontar 80 anos atrás e a Lérida. Foi nesta cidade onde um casal decidiu abrir um restaurante chamado Amoca. Fruto da relação, nasceu um filho cocinero que decidiu apostar por seu próprio estabelecimento nessa ciudady assim nasceu o primeiro Rita Cokó.

A cozinha de toda a vida

O sucesso do bar em Lérida, impulsionou ao grupo Macao a abrir um segundo estabelecimento em Barcelona. Na cidade condal, o restaurante funde a comida tradicional com uma atraente e inovadora apresentação que arrasa nas redes sociais acumulando vídeos com milhares de visualizações.

Restaurante Rita Cokó / GALA ESPÍN

"É um produto de qualidade. Uma cozinha com muito mimo onde há platos como, por exemplo, os callos. Uma receita típica de nossas terras mas respeitando a versão da avó, que ainda está no restaurante [de Lérida] e ensina a todos os cocineros a fazer as albóndigas ou os caracoles. Coisas tradicionais que são a esencia", confessa Gómez.

Apresentação dos platos, uma das chaves

As bravas de toda a vida, o ceviche ou o demandado steak tartar são outras elaborações que inclui Rita Cokó em sua carta. A peculiaridade? As bravas vêm com forma de espagueti estaladiça, o ceviche dentro de um plato com silhueta de lubina e o steak tartar sobre um falso osso.

Platos do restaurante Rita Cokó / GALA ESPÍN

Mas sem dúvida, a maior originalidade encontra-se nos postres. Desde a enorme oblea sobre a boca de um peixe até o Happy Cokó sobre um hipopótamo cerámico, que recorda ao Happy Hippo da infância. A medalha de ouro é para o estropajo, uma combinação de texturas cítricas que recreiam à perfección a bayeta com a que se friegan os platos. A diferença é que em Rita Cokó só "te limpa o paladar", em palavras de Gómez.

Conteúdo 'instagramebale'

Gómez deixa claro que a apresentação dos platos é um factor fundamental para o triunfo em redes. Reconhece que, actualmente, "a cada vez vamos a restaurantes que sejam super estrambóticos, instagrameables e se deixa muito atrás a cozinha e os sabores".

Em Rita Cokó trabalham para encontrar um equilíbrio entre o que triunfa em redes sem renunciar à qualidade do produto bem como às receitas caseiras. Qual é a chave para essa balança? Gómez põe o foco nos trabalhadores. "Podes ter um produto super caro e bom mas se teu pessoal não sabe o tratar…. É aquilo do fazer como o fazia uma avó ou uma mãe com muito amor", recalca.

"Um grito de atenção"

O emplatado das elaborações são "um grito de atenção", sublinha Gómez. Uma forma de surpreender ao comensal e abrir-se passo em redes sociais como Instagram, onde o restaurante acumula mais de 20.000 seguidores.

"Não tens um local de wow! e também não um cocinero súper reconocible… de modo que precisas visibilidade. Apostamos por gente que se dedicava a ir aos restaurantes e dizer sua opinião [em redes] basicamente", explica o gerente. Uma táctica que tem funcionado e muito bem. Vídeos como o postre que recreia ao estropajo acumula seis milhões de visitas, nada mais e nada menos.

Restaurante Rita Cokó / GALA ESPÍN

Um ticket médio de 25 a 30 euros

O ticket médio de Rita Cokó fica entre os 25 e 30 euros por comensal. Confirma-o o próprio gerente. Quanto à freguesia, verdadeiro é que há uma grande diferença entre o Rita Cokó de Lérida e o de Barcelona. No primeiro deles, Gómez sublinha que a faixa de idade mais comum entre os comensales vai de 16 aos 30 anos.

Em mudança, a freguesia mais fiel roza os 50 anos. Isso sim, o gerente recalca que também há muita gente de 25 anos em adiante e "famílias que chegam porque o filho tem visto o restaurante por TikTok ou Instagram".

A harmonia do restaurante

À pergunta como define a experiência gastronómica em Rita Cokó, Gómez sublinha aquilo de "estar como em casa" e acrescenta: "Ao final é o que transmitem todos os trabalhadores. Pelo menos uma mesa ao dia diz-lhes aos camareros: nota-se que vos levais bem".

"Acho que o mais bonito de ir a um restaurante é a harmonia", conclui o gerente. Uma harmonia que, no caso de Rita Cokó, se percebe no ambiente, no pessoal mas, sobretudo, em seus platos. Um lugar onde o consumidor abre o apetito com os callos de toda a vida e põe o broche final com um falso estropajo que arrasa entre o público jovem das redes sociais.