Rita Cokó é casa. Mas não uma qualquer. É uma dessas na que o tradicional e o moderno convergem para oferecer ao comensal uma experiência gastronómica original, divertida. De facto, esta fusão vai para além dos platos. Apalpa-se até na decoración.
Umas banquetas altas de cor amarela estofadas em terciopelo junto a uma barra cheia de licores dão as boas-vindas ao cliente. Basta com alçar um pouco mais a vista para comprovar que o resto da sala nada tem que ver com esse recebimento. Mesas singelas recheiam um espaço onde se transmite essa sensação de estar a comer em casa. Os bajoplatos de mimbre ou as cortinas desta mesma textura são esses pequenos detalhes que o demonstram.
Uma história familiar
Joan Gómez, gerente do grupo Macao e do restaurante, atende a este meio nas horas prévias a começar o serviço de comidas. Rita Cokó é um dos restaurantes que mais popularidade está a ganhar em Barcelona . Aterrou na cidade condal faz mal dois anos e Gómez admite que as redes sociais têm jogado (e jogam) um papel fundamental em sua popularidade. "São o boca a boca actual", afirma.
Para entender as origens de Rita Cokó há que se remontar 80 anos atrás e a Lérida. Foi nesta cidade onde um casal decidiu abrir um restaurante chamado Amoca. Fruto da relação, nasceu um filho cocinero que decidiu apostar por seu próprio estabelecimento nessa ciudady assim nasceu o primeiro Rita Cokó.
A cozinha de toda a vida
O sucesso do bar em Lérida, impulsionou ao grupo Macao a abrir um segundo estabelecimento em Barcelona. Na cidade condal, o restaurante funde a comida tradicional com uma atraente e inovadora apresentação que arrasa nas redes sociais acumulando vídeos com milhares de visualizações.
"É um produto de qualidade. Uma cozinha com muito mimo onde há platos como, por exemplo, os callos. Uma receita típica de nossas terras mas respeitando a versão da avó, que ainda está no restaurante [de Lérida] e ensina a todos os cocineros a fazer as albóndigas ou os caracoles. Coisas tradicionais que são a esencia", confessa Gómez.
Apresentação dos platos, uma das chaves
As bravas de toda a vida, o ceviche ou o demandado steak tartar são outras elaborações que inclui Rita Cokó em sua carta. A peculiaridade? As bravas vêm com forma de espagueti estaladiça, o ceviche dentro de um plato com silhueta de lubina e o steak tartar sobre um falso osso.
Mas sem dúvida, a maior originalidade encontra-se nos postres. Desde a enorme oblea sobre a boca de um peixe até o Happy Cokó sobre um hipopótamo cerámico, que recorda ao Happy Hippo da infância. A medalha de ouro é para o estropajo, uma combinação de texturas cítricas que recreiam à perfección a bayeta com a que se friegan os platos. A diferença é que em Rita Cokó só "te limpa o paladar", em palavras de Gómez.
Conteúdo 'instagramebale'
Gómez deixa claro que a apresentação dos platos é um factor fundamental para o triunfo em redes. Reconhece que, actualmente, "a cada vez vamos a restaurantes que sejam super estrambóticos, instagrameables e se deixa muito atrás a cozinha e os sabores".
Em Rita Cokó trabalham para encontrar um equilíbrio entre o que triunfa em redes sem renunciar à qualidade do produto bem como às receitas caseiras. Qual é a chave para essa balança? Gómez põe o foco nos trabalhadores. "Podes ter um produto super caro e bom mas se teu pessoal não sabe o tratar…. É aquilo do fazer como o fazia uma avó ou uma mãe com muito amor", recalca.
"Um grito de atenção"
O emplatado das elaborações são "um grito de atenção", sublinha Gómez. Uma forma de surpreender ao comensal e abrir-se passo em redes sociais como Instagram, onde o restaurante acumula mais de 20.000 seguidores.
"Não tens um local de wow! e também não um cocinero súper reconocible… de modo que precisas visibilidade. Apostamos por gente que se dedicava a ir aos restaurantes e dizer sua opinião [em redes] basicamente", explica o gerente. Uma táctica que tem funcionado e muito bem. Vídeos como o postre que recreia ao estropajo acumula seis milhões de visitas, nada mais e nada menos.
Um ticket médio de 25 a 30 euros
O ticket médio de Rita Cokó fica entre os 25 e 30 euros por comensal. Confirma-o o próprio gerente. Quanto à freguesia, verdadeiro é que há uma grande diferença entre o Rita Cokó de Lérida e o de Barcelona. No primeiro deles, Gómez sublinha que a faixa de idade mais comum entre os comensales vai de 16 aos 30 anos.
Em mudança, a freguesia mais fiel roza os 50 anos. Isso sim, o gerente recalca que também há muita gente de 25 anos em adiante e "famílias que chegam porque o filho tem visto o restaurante por TikTok ou Instagram".
A harmonia do restaurante
À pergunta como define a experiência gastronómica em Rita Cokó, Gómez sublinha aquilo de "estar como em casa" e acrescenta: "Ao final é o que transmitem todos os trabalhadores. Pelo menos uma mesa ao dia diz-lhes aos camareros: nota-se que vos levais bem".
"Acho que o mais bonito de ir a um restaurante é a harmonia", conclui o gerente. Uma harmonia que, no caso de Rita Cokó, se percebe no ambiente, no pessoal mas, sobretudo, em seus platos. Um lugar onde o consumidor abre o apetito com os callos de toda a vida e põe o broche final com um falso estropajo que arrasa entre o público jovem das redes sociais.