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O ebook mais vendido do ano nem calca-lhe os talones a María Donas

As vendas de livros digitais seguem a anos luz das do tradicional, que fechará 2021 com a facturação mais alta da última década

Teo Camino

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"A morte do livro de papel chegará em cinco anos", vocearon os profetas do nada quando apareceram os primeiros ebooks. E o livro de papel não só não morreu, sina que em 2021 as vendas têm crescido um 44 % e o sector tem facturar 1.100 milhões de euros (pelos 75 do electrónico). Uma cifra, a mais alta da última década, que convida ao optimismo. Parte da culpa tem-a Sira, a última novela de María Donas, que a falta das últimas compras de Natal "ronda os 350.000 instâncias vendidas", asseguram desde o Editorial Planeta.

'Sira', a última novela de María Donas, é o livro mais vendido de 2021 / CASADELLIBRO

Pese a que os rendimentos que percebem as editoriais através das plataformas de ebooks crescem ano após ano, a quota de mercado do livro electrónico se situa num ainda residual 7,3 %. A novela mais vendida em papel "acostuma a ser também a mais vendida em digital", expõe a Consumidor Global o presidente da Cambra do Llibre de Cataluña, Patrici Tixis, quem assegura que os números dos ebooks mais vendidos estão a anos luz dos bestsellers em papel.

Sem tempo para morrer

Os livreiros qualificam 2021 como "um ano histórico" para o sector e os protagonistas, além de Sira , são Os vencejos, de Fernando Aramburu, a novela de María Oruña titulada O que a maré esconde, A besta, assinado por Carmen Mola, e, lamentavelmente, vários títulos da difunta Almudena Grandes. O outro grande protagonista tem sido a banda desenhada, cujas vendas têm crescido um 56 % durante o presente ano.

Com estas obras arrasando em vendas, quem se atreve a vaticinar o fim do livro de papel? Até os nativos digitais preferem o livro em papel ao electrónico "pelo poder das imagens". No entanto, a coordenadora do mestrado em Letras Digitais da Universidade Complutense de Madri, Amelia Sanz, opina que "se as editoriais tivessem tido mais ebooks, suas cifras ainda seriam melhores". Parece evidente que, em longo prazo, os formatos digitais superarão ao papel, "mas não acho que cheguem ao substituir do tudo. O livro tem um encanto especial e muitos seguidores", enfatiza a experiente no sector editorial digital de Bookwire , Núria Planas.

Uma livraria repleta de livros / PEXELS

Os géneros mais proclives ao digital

O consumo do livro digital aumenta de forma progressiva, e em alguns géneros mais que em outros. Por exemplo, quando não é para divulgação, "a produção científica já não se edita em papel, sina em formato digital, porque o objectivo da ciência é que o conhecimento circule entre sua comunidade o mais rápido possível", aponta a directora do mestrado de Edição Digital da Universidade Oberta de Cataluña (UOC), Olívia Gassol.

Quiçá "não demoremos em ver como, pouco a pouco, desaparecem dos estantes um determinado tipo de guias de viagem, porque quem faz turismo prefere consultar a informação desde o móvel dantes que carregar peso na mochila", acrescenta esta experiente. A novela de ficção "também triunfa em forma digital", aponta Sanz, quem explica que, no caso das grandes novidades editoriais, a quota de mercado do digital costuma oscilar entre o 15 e o 25 %, e em alguns títulos pontuas pode atingir até o 40 %.

Um livro digital e livros em papel sobre uma mesa / PEXELS

Os mais vendidos

Todos os especialistas do sector coincidem em que não existem listados com as cifras de vendas dos livros electrónicos. "Até em eLibro não sabem quais são suas obras mais vendidas", aponta Sanz. Na casa do livro, por exemplo, A Besta, de Carmen Mola, Nunca, de Ken Follet, e O coração gelado, de Almudena Grandes, são os ebooks mais vendidos. Em Amazon , a novela romântica copa o podio dos superventas com Nada está bem se não estamos juntos, Nem em sonhos e Se procura gigoló.

No entanto, os livros electrónicos gratuitos seguem sendo maioria: o 55 % dos leitores espanhóis se decanta por esta opção, segundo o Barómetro de Hábitos de Leitura e Compra de Livros de 2021.

De presente: o Netflix dos livros

Como se presenteia um livro digital? Planas explica que "um bom presente" pode ser a assinatura, durante uns meses ou inclusive um ano --custam entre 7 e 15 euros ao mês--, a aplicativos de livros electrónicos ou de audiolibros . É uma forma de presentear cultura e deixar espaço ao consumidor para que eleja e prove todo o que lhe apeteça.

Serviços de assinatura como Storytel ou Nextory, ou inclusive Deezer, que tem aplicativo de música e outra com audiolibros, são bons exemplos disso. "O crescimento dos serviços de assinatura é um fenómeno ao alça que vai bem mais lá da temporada de Natal e do dia de Sant Jordi", acrescenta esta experiente.

Uma mulher rodeada de livros / PEXELS

Audiolibros por todos os lados

O audiolibro, que não implica uma leitura activa, "é o formato que tem dado um salto mais espectacular em Espanha ", assegura Gassol, quem explica que o consumidor de audiolibros costuma ser um leitor habitual, e se decanta por géneros, autores ou títulos que quiçá não leria de forma convencional. Em nosso país, o maior catálogo de audiolibros tem-o Penguin Random House Grupo Editorial (Prhge), que terminará 2021 com 2.700 livros, e espera fechar 2023 com 6.500.

Em qualquer caso, não deixa de ser uma conversão ao digital de um fenómeno que não é novo e que já popularizó a rádio faz muitas décadas com géneros como as radionovelas.