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Os jogadores de Pokémon explodem contra a Nintendo: 60 euros por um jogo cheio de erros

A empresa nipónica lança uma atualização para corrigir parte dos 'bugs' e falhas gráficas do Pokémon Scarlet e Violet, ainda que continue a gerar problemas

Alberto Rosa

O lançamento do novo Pokémon Scarlet / Luis Miguel Añón

Quase 60 euros cada um é o preço dos novos Pokémon Scarlet e Violet. A Nintendo lançou há uns dias em Espanha estes dois videojogos para a consola Switch que já se converteram em sucessos de vendas. A grande expetativa por esta nova aposta da companhia nipónica provocou longas filas no dia do seu lançamento nas principais lojas de videojogos do país. Mas, o que muitos dos jogadores que faziam essas filas não se esperavam ao jogá-los era se encontrar uma enorme quantidade de bugs e erros gráficos que afetam à jogabilidade e experiência do videojogo.

Falhas nas texturas dos palcos, movimentos incomuns ou cruzamento de elementos nas personagens são só alguns dos muitos bugs que os jogadores têm reflectido nas redes sociais através de clips.

Erros básicos e surrealismo

Carlos Parrado é um dos muitos jogadores que compraram o Pokémon Violet no dia do seu lançamento. Segundo conta, tem tido numerosos erros básicos e surrealistas. "Estava ao lado de um rio e de repente o Pokémon caiu dentro do água, depois pôs-se a atacar outro por baixo do rio. Não tinha nenhum sentido", conta Parrado à Consumidor Global.

Erros gráficos como este são os mais comuns e também divertidos para alguns utilizadores que lho levam com humor. Mas, outros l sofrem falhas mais frustrantes que acabam por arruinar horas de jogabilidade, tais como colisões (o jogo trava) devido a problemas de desempenho que apagam o jogo. Face a estas experiências e que os jogos não são nada baratos, é normal que os fãs mostrem a sua rejeição e queixas para com a Nintendo e Game Freak, o criador dos jogos. "Que ponham à venda um jogo de 60 euros cheio de bugs e falhas como estes é uma piada" considera Carlos Parrado.

Tempo para desenvolver e testar

E por que empresas tão importantes como a Nintendo cometem estas falhas? Tal como explica à Consumidor Global o professor Joan Arnedo, director do Mestrado de Videojogos, Desenho e Programação da Universidade Oberta de Cataluña (UOC), "hoje em dia é muito habitual que nos jogos mais esperados encontremos muitos erros". Isto é porque os criadores têm de cumprir uma série de prazos dimensionados para lançar estes produtos e às vezes falta tempo.

Filas na loja Game pela saída do novo Pokémon Scarlet para a Nintendo Switch / Luis Miguel Añón

"Os videojogos têm umas campanhas específicas e umas datas às quais há que chegar, por isso lançam e se há erros serão corrigidos mais tarde". Os criadores jogam com essa carta, a de poder atualizar o jogo mais adiante e implementar correcções que solucionem os problemas de uma primeira versão. "Antes, com os cartuchos e os discos, se equivocavas-te fazendo um jogo esse erro ficava para sempre, mas agora podem-se modificar quando queiras com as atualizações", aponta este perito.

Nova ctualização: "Os 'bugs' ainda lá estão"

"Criar um videojogo como este requer tempo tanto de desenvolvimento como de teste, e o teste leva a mais desenvolvimento, dado que os erros encontrados precisam de serem corrigidos e isso requer mais tempo", explica à Consumidor Global Rafa Laguna, criador de videojogos e divulgador de conteúdo, em relação ao pouco tempo  que a Game Freak teve para trabalhar estes produtos. Sobre as reparações do jogo, Laguna pensa que alguns remendos não chegarão nunca porque há falhas que pertencem ao próprio motor do jogo e "arranjá-los poderia estragar outras coisas". Outros, pelo contrário, "arranjar-se-ão porque são falhas simples de detectar derivados da falta de teste e agora têm muitas pessoas a jogar o jogo e publicar vídeos nas redes sociais", acrescenta.

Fontes da Nintendo confirmaram à Consumidor Global que "nesta sexta-feira 2 de dezembro haverá uma atualização e copntinuaremos a trabalhar para realizar as melhorias nos jogos". No entanto, utilizadores como Carlos Parrado já testaram e asseguram que "os bugs contiuam a existir". "Melhoraram algo no rendimento, mas acabo de ter um combate debaixo do água, tal como antes", aponta Parrado a este meio. A empresa japonesa publicou no seu site um guia sobre como atualizar tanto o Pokémon Scarlet como o Violet para todos aqueles utilizadores que se tenham visto afectados pelos problemas técnicos do videojogo.

"Nintendo deveria ser forçada a uns mínimos de qualidade"

À margem da tecnologia, há que ter em conta o nível de vendas destes produtos e a Nintendo parece importar-se pouco com os erros gráficos se a caixa tiver sido boa, segundo o criador Rafa Laguna. "O jogo vendeu uma barbaridaed e milhares de pessoas já o jogaram. TQualquer coisa que não afecte a conclusão do jogo será deixada de fora de quaisquer reparações", prevê.

Segundo este perito, os jogadores deveriam queixar-se e exigir à Nintendo corrija os bugs o mais rapidamente possível, já que "as empresas deveriam ser forçadas a uns mínimos de qualidade, sem perder de vista os direitos do trabalhador a quem pressionam para obter quanto antes este tipo de produtos", conclui.