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Heinz pede desculpas por sua última campanha publicitária que escondia a um negro
A companhia admitiu que o anúncio podia ter perpetuado "de maneira não intencionada estereotipos negativos"
A famosa marca de molhos Heinz tem sido objeto de controvérsia depois do lançamento de sua nova campanha publicitária, Family Portraits, desenhada para promover seu molho para massa em tamanho familiar. Através de uma série de gráficas que apresentam diferentes situações familiares, a campanha tem captado a atenção do público, mas também tem desatado uma onda de críticas que tem levado à marca a emitir uma desculpa pública.
As imagens da campanha mostram a uma variedade de personagens em momentos familiares: desde um grupo de freiras desfrutando de um plato de massa até uma avó que interactúa com seus netos, passando por uma mesa nupcial. No entanto, foi esta última imagem a que gerou a maior controvérsia. Nela, se apresenta a uma noiva com um vestido que tem uma mancha de tomate, mas notavelmente, falta uma figura finque em muitas cerimónias deste tipo: o pai da noiva.
A controvérsia
O anúncio foi lançado em várias estações do metro de Londres, incluindo Vauxhall e Manor House, e rapidamente começou a ser objeto de debate nas redes sociais. Nels Abbey, um escritor e colunista de The Guardian, foi um dos primeiros em assinalar a falta do pai da noiva, o que gerou um torrente de reacções em X. Em seu tuit, Abbey expressou sua surpresa pela representação de uma família onde se ignora a um pai negro, um comentário que ressoou com muitos utentes que também consideraram que a campanha perpetuava estereotipos negativos.
"For my brothers with daughters"
— Nels Abbey (@nelsabbey) October 4, 2024
Because, believe it or not, Black girls have Dads too. pic.twitter.com/lngrccz4rw
"Como se aprovou isto?" foi uma das perguntas que surgiram entre os utentes. A indignação foi palpable, com comentários que denunciavam a exclusão do pai da noiva como um reflexo de preconceitos que afectam às famílias negras. Muitos utentes sublinharam que a decisão de não incluir ao pai não só era injusta, sina que também dava a impressão de que os pais negros são irrelevantes na vida familiar.
As desculpas de Heinz
A controvérsia intensificou-se à medida que mais pessoas uniram-se à conversa, compartilhando suas opiniões e experiências relacionadas com a representação da família na publicidade. As redes sociais converteram-se num campo de batalha onde os defensores da inclusão criticavam a Heinz pelo que consideravam uma falta de sensibilidade e uma oportunidade perdida para refletir a diversidade na sociedade britânica.
Ante a crescente pressão pública, Heinz viu-se obrigado a responder. Num comunicado oficial, a companhia admitiu que o anúncio podia ter perpetuado "de maneira não intencionada estereotipos negativos" e ofereceu suas mais profundas desculpas. "Apreciamos o ponto de vista do público sobre nossas campanhas. Compreendemos como este anúncio poderia ter perpetuado de maneira não intencionada estereotipos negativos e estendemos nossas mais profundas desculpas. Continuaremos escutando, aprendendo e melhorando para evitar que isto volte a ocorrer no futuro", se lê no comunicado de Heinz.
A responsabilidade das marcas
A desculpa de Heinz reflete um reconhecimento da responsabilidade que têm as marcas na representação da diversidade em suas campanhas publicitárias. Num mundo cada vez mais conectado, onde as redes sociais amplificam as vozes daqueles que se sentem marginados, as marcas devem ser conscientes das narrativas que apresentam. A inclusão e a representação não são só tendências passageiras; são fundamentais para ligar com um público diverso e em constante evolução.
A campanha Family Portraits pretendia mostrar momentos de alegria e conexão familiar através da comida, mas a omissão do pai da noiva sublinhou a importância de considerar a complexidade das estruturas familiares modernas. A família não é um conceito monolítico; inclui a pais, avôs, tios e amigos que jogam papéis significativos na vida das pessoas. Ao não refletir esta realidade, Heinz não só perdeu a oportunidade de ressoar com sua audiência, sina que também alimentou um diálogo necessário sobre a representação nos meios.
Campanhas inclusivas e representativas
A resposta de Heinz é um passo na direcção correta, mas também propõe a pergunta de que outras medidas devem se tomar para assegurar que as campanhas publicitárias sejam inclusivas e representativas. A indústria publicitária tem sido criticada durante muito tempo por sua falta de diversidade, e este incidente é um lembrete de que as marcas devem fazer um esforço consciente por refletir a realidade de seus consumidores.
À medida que a sociedade avança, também o devem fazer as narrativas que as marcas elegem contar. A publicidade tem o poder de influir na percepção social e moldar a cultura, e com esse poder vem a responsabilidade de fazê-lo de maneira justa e equitativa. A controvérsia de Heinz pode ser um catalizador para uma mudança positiva, impulsionando às marcas a repensar como representam às famílias e às comunidades em suas campanhas. Em última instância, a representação importa, e cada eleição que uma marca faz conta na construção de uma sociedade mais inclusiva.
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