Durante o ano 2023, os espanhóis gastaram a friolera de 12.499 milhões de euros em loteria, segundo dados da Direcção Geral de Classificação do Jogo. É uma cifra similar ao orçamento de Defesa aprovado pelo Ministério para o ano 2023, e bastante superior à facturação anual de empresas como Cabo.
Loterias e Apostas do Estado costuma apelar à importância de compartilhar sonhos, ilusões e sorte, e o verdadeiro é que as imagens que saem por televisão a cada 22 de dezembro refletem uma explosão de alegria compartilhada, da que participam amigos, vizinhos e familiares. Todos eles brindam, se abraçam e algum inclusive chora de emoção. E, quando o repórter de turno pergunta aos agraciados em que pensam gastar o prêmio, a maioria responde com o celebérrimo e polisémico "tampar buracos".
Tampar buracos
Esta expressão, recordam desde o blog de CaixaBank, costuma estar relacionada com saldar dívidas, em muitos casos vinculadas a compra-a da moradia, tal e como põe de manifesto o estudo Algo mais que "tampar buracos": efeitos dos prêmios sobre algumas decisões económicas e pessoais dos espanhóis, impulsionado por Fedea.
Este relatório analisa os efeitos económicos dos prêmios da loteria em Espanha entre 2016 e 2021 e revela que ganhar um prêmio implica uma mudança significativa no comportamento financeiro dos afortunados.
Prêmio e casamento
A sorte parece estar relacionada com a celebração amor: o relatório reflete que os ganhadores da Loteria tendem a se casar depois de receber seu prêmio.
Pelo contrário, o estudo assinala que "resulta interessante observar que quando já se tem algum filho, a obtenção do prêmio desanima a ter mais descendencia". Quiçá os afortunados pais querem evitar-se líos com heranças jugosas?
Reduzir as horas trabalhadas
A investigação expõe que muitos dos ganhadores decidem empreender novos caminhos trabalhistas ou reduzir suas horas trabalhadas. É mais, as mulheres sem filhos para perto de a idade de aposentação e com pouca renda tendem a deixar de trabalhar, enquanto os homens com filhos próximos à idade de aposentação e com rendas elevadas tendem a empreender.
Entre outros aspectos, o estudo sugere que não são muitos os ganhadores do prêmio que optam por mudar de município de residência.
Investir em moradia
O investimento mais urgente costuma ser a aquisição da moradia habitual, uma decisão que costuma provocar que o dinheiro do prêmio se esgote nos primeiros anos. Na mesma linha, muitos decidem cancelar as dívidas hipotecarias, uma decisão que consolida a estabilidade financeira.
Por outra parte, o estudo mostra a preferência dos agraciados pelo investimento em ativos financeiros, habitualmente num momento imediato à consecução do prêmio (a excepção dos fundos de investimento).
Contas remuneradas e depósitos
Segundo uma encuesta do comparador hipotecario iAhorro, os produtos de investimento que mais elegeriam os espanhóis em caso que lhes tocasse algum prêmio importante da Loteria são as contas remuneradas ou os depósitos (os elegem o 47,7% dos interrogados) e os fundos de investimento ou acções (20,8%), por adiante do investimento em moradia para obter posteriores benefícios com seu aluguer ou venda (19,80%).
"O cidadão espanhol costuma ser muito conservador e isso se nota nas duas grandes investimentos pelas que opta: depósitos ou contas, que são viáveis para todo o tipo de prêmios, ou moradia, para a que precisaria investir um custo bastante superior", valorizou o diretor de Hipotecas de iAhorro.
Menos caprichos
Por outra parte, os espanhóis que decidem gastar em caprichos o dinheiro ganhado são a cada vez menos, sobretudo se é o caso de destinar o prêmio gordo a se comprar um carro (opção que elege só o 3,2%) ou a outras despesas (4,1%).
Estas duas alternativas têm ido encadeando caídas desde que o comparador realiza esta encuesta, concretamente desde o ano 2017.
Os espanhóis que mais gastam
Os espanhóis que mais gastam, de acordo a um gráfico que reflete a despesa por habitante no ano 2022 o Sorteio Extraordinário de Natal de Loterias e Apostas do Estado em Espanha em 2022 por comunidades autónomas, são os castellanoleoneses: gastam uns 106 euros por pessoa.
Seguem-lhes os habitantes dA Rioja e Astúrias, ambos com cifras próximas aos 97 euros por habitante. Depois deste top-3 figuram Aragón (88 euros), Cantabria (87 euros), A Comunidade de Madri (76 euros), País Basco (75 euros), a Comunidade Valenciana (74 euros), Castilla-A Mancha (74) e Galiza (72). Pelo contrário, os habitantes de Ceuta e Melilla mal destinaram 18 euros por pessoa; e em Baleares, Cataluña e Canárias a despesa foi inferior a 55 euros.