0 comentários
Booking enfrenta uma possível avalanche de denúncias por aplicar cláusulas ilegais
O TJUE reconhece que as cláusulas de paridade da plataforma levavam a uma concorrência indevida impedindo aos hotéis oferecer preços mais baixos em seus sites
Booking é uma das agências de viagens on-line mais controvertidas. Milhões de utentes utilizam a plataforma diariamente para reservar voos e alojamentos mas seu historial de polémicas também a mantém no centro das críticas. A mais recente tem que ver com suas cláusulas de paridade, declaradas ilegais pelo Tribunal de Justiça da União Européia (TJUE) em sua última resolução.
Num contexto onde as reservas on-line no sector turístico não deixam de crescer, a grande pergunta é se a última controvérsia de Booking passar-lhe-á factura ou não. No caso espanhol, os utentes preferem Booking acima dos lugares site oficiais dos hotéis, segundo o relatório Hotel Booking Trends.
Cláusulas de paridade ilegais
A última resolução do TJEU reconhece que as cláusulas de paridade que impunha Booking são ilegais. Estas impediam que os hotéis oferecessem preços mais baixos em suas próprias páginas sites. "Se somas-lhe o poder de publicidade e marketing que usa Booking, o resultado é que os hotéis não podem competir", explica Rocío Arce, advogada de Círculo Legal.
Por sua vez, a Comissão Européia já iniciou o caminho faz uns anos obrigando a Booking a mudar sua política de ofertas e eliminar estas cláusulas. A agência de viagens acatou a medida em julho quando a CNMC lhe impôs uma sanção de 413 milhões de euros por abuso de posição dominante. "Agora se abre a possibilidade de que se reclamem os danos por parte de todos os prejudicados nos países da UE", assinala Arce, quem considera que "se dão as condições perfeitas para que Booking receba uma avalanche de reclamações".
Principais afectados
Ainda que Booking tivesse eliminado já estas cláusulas que prejudicam à concorrência, seu aplicativo tem sido sustentada no tempo. Por tanto, "o que dantes era um reconhecimento implícito da legalidade, agora é a existência de um precedente de doutrina dos tribunais", assinala Arce. O facto que a actividade hoteleira de Europa seja um dos principais motores económicos, e onde Booking tem grande actividade, "pode trazer importantes danos económicos e reputacionales à plataforma", sublinha a jurista.
Os potenciais afectados incluem perfis diversos. Por um lado, os hotéis, que se viram restringidos a fixar seus preços livremente em seus próprios sites, mas também outras plataformas de reservas que não podiam lembrar com os hotéis preços mais baixos que aqueles que se ofereciam em Booking. "A veda abriu-se para as reclamações", insiste Arce, ainda que terá que ver como se resolvem os primeiros procedimentos judiciais. "Não existe crescimento e desenvolvimento económico se não há condições legais de respeito do livre mercado", conclui.