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A Amazon inflaciona o preço dos livros para fingir o desconto
O marketplace de Jeff Bezos aumenta o preço de retalho recomendado para aplicar um desconto enganador, uma vez que os consumidores continuam a pagar mais do que na Fnac ou no El Corte Inglés.
A Amazon nasceu numa garagem de Seattle e o seu negócio consistia em vender livros pela internet. Era 1994 e a empresa de Jeff Bezos pouco ou nada tinha a ver com o gigante do comércio electrónico no qual se converteu nos dias de hoje.
Agora, trinta anos depois, a Amazon vende absolutamente de tudo, também milhões de manuscritos, alguns deles usando "más práticas" comerciais para enganar o consumidor e que este ache que compra o livro a bom preço, quando na verdade o paga mais caro que na concorrência.
Amazon inflaciona o preço dos livros
Como a Mediamarkt durante a Black Friday, Amazon in flaciona o preço recomendado dos livros. As obras O futebol tem Alma, Esqueceu-se-me, Memórias de Gaia, Quem quer viver para sempre? ou A árvore do Barça, entre muitas outras, têm um preço de venda recomendado que definido pela sua editora Círculo Vermelho. Enquanto a Fnac e o El Corte Inglês respeitam dito preço, a Amazon inventa-o e torna-o mais caro.
O preço de venda recomendado do livro Quem quer viver para sempre? é de 17 euros. Assim o estabelece a editora e assim figura no El Corte Inglês, Fnac e a Casa do Livro. No entanto, Amazon adjudica-lhe a este mesmo livro um preço recomendado de 17,85 euros. Uma má praxis que utiliza em muitos outros manuscritos.
O desconto falso da Amazon
Aumentar o preço dos produtos e depois oferecer um desconto "começou com o MediaMarkt", recorda a consultora e formadora de marketing digital Neus Soler. Foi na campanha de Black Friday. Um consumidor levantou o rótulo do preço e viu que o preço original era mais barato. "Tinham-no subido uns dias antes, pelo que o desconto era falso", diz Soler.
No caso da Amazon e os livros, "o engano está no preço recomendado. É uma forma diferente de exercer a má prática deaMediamarkt, mas, no final, é o mesmo", sentencia a especialista. "Jogam com a falta de informação do consumidor e com a sensação de que é uma oferta", aponta Emili Vizuete, director do Mestrado em Comércio e Finanças Internacionais (MCFI) da Universitat de Barcelona (UB), que acrescenta: "se fazes um rastreamento do livro e podes justificar o engano, pode-se denunciar".
"Não o pode fazer"
"A Amazon não pode fazer isto. O melhor seria que o autor nos informasse para o podermos reclamar", explica a Editorial Círculo Vermelho. "Pode acontecer que a pessoa que carregou o artigo se tenha enganado, mas o preço oficial é muito claro a partir do momento em que registamos o livro", acrescentam.
Trata-se de muitos enganos ou de um padrão estabelecido para oferecer uns descontos que na verdade não são tal coisa? "Terá sido o algoritmo de repricing da Amazon subindo o preço e aplicando um desconto ou um vendor manager activando-o manualmente", aponta o consultor de comércio electrónico Jordi Ordóñez.
Mais barato na Fnac e no El Corte Inglês
Por sorte, os consumidores podem encontrar estes livros com 5% de desconto real nas lojas online do El Corte Inglês, Casa do Livro e Fnac, entre outras. Por isso, a poupança com respeito a Amazon é de para perto de 1 euro por compra de cada um dos livros mencionados.
Lamentavelmente, esta má prática não é exclusiva da Amazon e Mediamarkt. "Muitas outras cadeias fazem o mesmo desde há anos", alerta Ordóñez. A solução? Menos Amazon e mais livrarias.
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