Aitana é a artista do momento. Sua nova gira alphaTour está a dar muito de que falar entre os que a seguem e os que se mantêm à margem da catalã. E é que a produção desta gira que recalará em grandes cidades como Madri, Barcelona, Sevilla ou Bilbao demonstra que se trata de um show único e desenhado para causar sensações.
A promotora de sua gira e escritório da artista, GTS, tem aproveitado a oportunidade para lançar entradas exclusivas a preços muito superiores aos tickets gerais com o propósito de oferecer aos fãs uma experiência única e especial. Se for o caso, há três modalidades de entradas especiais para alphaTour: alphaTicket, Premium e Early entry.
Entradas de 165 euros
Todas elas custam bem mais que as entradas gerais, que têm um preço de 45 euros, a mudança de serviços exclusivos que presta o promotor. De todas elas, a entrada mais exclusiva é o alphaTicket (a 165 euros), com a que se permite a seus compradores assistir à prova de som do concerto.
"Os alphaTicket incluem acesso prioritário ao Front Stage + acesso à prova de som + alphaBox, a qual contém: livro + pin metálico Alpha Community + gorra (o pin e a gorra têm desenhos exclusivos para alphaTicket). Receberás teu alphaBox a partir do dia 11 de setembro 2023, e nos dias prévios ao concerto enviar-se-á a citación para a prova de som". Esta é a descrição que aparece no site de venda de entradas para a gira de Aitana.
Exagero ou enriquecer a experiência?
"Não entendo o de pagar por ver uma prova de som, que queres que te diga, com o aburridas que são", escreve em Twitter o utente @AlexBellamyLeto. E é que parece que este novo serviço que oferecem alguns promotores com os artistas mais exclusivos gera divisão de opiniões.
Enquanto alguns pensam que é um abuso sem sentido, muitos outros opinam que está bem, que enriquece a experiência e a faz mais especial. É o caso de Paula Torres que é fã de Aitana e vê-la-á em seu próximo concerto em Sevilla. "Não me parece tão loucura a verdade, é algo que está a oferecer e a gente o está a pagar, não faz dano a ninguém", opina.
Provas de som de uns 15 minutos
Uma prova de som é esse processo prévio a um concerto pelo que tem que passar todo o músico ou artista. O objectivo é encontrar a melhor mistura de som para esse directo, em função da equipa que se use e as dimensões e características do recinto.
Há que puntualizar que em grandes espectáculos tão bem medidos como o de Aitana, os engenheiros de som têm todo programado e as provas de som costumam ser rápidas, de uns 15 minutos. Então, vale a pena pagar mais do triplo de uma entrada por ver 15 minutos de concerto mais?
Outro extra para fazer mais caixa
Jordi Oliva é músico e gestor cultural. "Acho que está bem que se ofereçam estas experiências aos fãs. É um esforço que fazem os artistas para que se possa ver um pouco o que há por trás de um concerto e muito poucos músicos estão dispostos ao fazer", opina.
No entanto, o também professor da UOC pensa que há situações nas que o promotor de turno se pode aproveitar. "É verdadeiro que muitas provas de som podem deixar que desejar. O técnico tem-o todo guardado e não se costumam tocar canções completas, sina alguns trozos, isso reduz muito a experiência", conta Oliva a Consumidor Global.
Artistas exclusivos e sozinho para os mais fãs
Outra coisa seria, a julgamento do experiente, que se oferecesse uma prova mais especial, mais longa e com mais canções porque, se não é assim, "é um exagero cobrar mais do duplo", assegura. Por outro lado, Oliva pergunta-se que se leva o artista com estas entradas. "Parece-me justo se o cantor está a ser compensado por oferecer estas experiências, porque ao final é um tempo extra que tem que estar adiante dos fãs. Se em mudança é outra desculpa do promotor para sacar mais dinheiro e enriquecer-se a costa do músico, parece-me injusto", assinala.
Finalmente, o professor da UOC recalca que este tipo de entradas só se podem provar com grandes nomes e produtos, nos que só os mais fãs estão dispostos a se deixar esse dinheiro. "Penso que são acções que repercutem mais na indústria, nos intermediários e se faz simples e claramente para ter mais fontes de rendimentos", conclui Oliva.