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Air Europa nega o desconto a uma residente com documento provisório: "Solução, pagar 668 euros"

A companhia aérea explica que o certificado apresentado não era válido, pelo que teve de ser pago um novo bilhete, mas a passageira alega que não foi informada desse facto antes de comprar o bilhete.

Ana Carrasco González

Um balcão de informações da Air Europa / FERNANDO VILLAR - EFE

Victoria Blanco pensou que se tratava de uma piada de mau gosto quando ouviu as palavras da funcionária da Air  Europa sentada atrás do balcão. “Lamento, mas esta documentação não é válida e não pode embarcar”, disse a hospedeira, sem demonstrar qualquer empatia para com a jovem, que ainda segurava o telemóvel com o bilhete visível no ecrã. De nada serviu que a jovem venezuelana, atualmente residente em Maiorca, apresentasse o seu NIE, o seu passaporte e a Tarjeta Roja, o documento que atesta o seu estatuto de requerente no processo de pedido de proteção internacional. O avião descolou com o seu lugar vazio.

Aquele voo ia levar Victoria a Madrid para assistir ao concerto de Karol G, que teve lugar a 22 de julho no estádio Santiago Bernabéu. Ao estar registada na capital de Baleares, aproveitou o seu desconto de 75% para viajar. No entanto, o seu certificado de residência expedido pela Prefeitura de Palma de Mallorca ainda era provisório e, ainda que num voo efectuado em junho com a Air Europa não teve inconveniente para viajar, desta vez a companhia aérea comunicou-lhe que o documento era insuficiente.

A solução: pagar 680 euros por outro voo

A impotencia fez com que à jovem se lhe escapassem as lágrimas que tinha tentado conter. "Levava muito tempo a desejar ir ao concerto de Karol G e não podia crer o que me estavam a dizer. Tinha todos os meus documentos de identidade e já tinha pago pelo meu bilhete", relata Victoria à Consumidor Global. "Não queria perder o evento, de modo que me dirigi ao balcão de informações da Air Europa para pedir uma solução", acrescenta.

Balcões de check-in da Air Europa / JAVIER LIZÓN - EFE

Victoria tentou raciocinar com o pessoal da companhia aérea, mas informaram-lhe de que a única solução era pagar por outro bilhete sem o desconto de residente. "Disseram-me que tinha um voo de ida e volta para Madrid por 680 euros. Tenho 22 anos e ir ao concerto exigia muito esforço e trabalho. Esse preço era exorbitante para mim”, sublinha a passageira, que começava a assumir que não iria ver a cantora colombiana ao vivo e estava a ponderar vender o bilhete.

"Senti-me discrimi­nada"

Victoria partilhou a sua experiência na sua conta do TikTok, onde conta com mais de 32.000 seguidores. Os vídeos rapidamente tornaram-se virais na rede social, e muitos utilizadores animaram-na, sugerindo-lhe bilhetes de Mallorca a Madrid mais económicos que o que lhe tinha oferecido a Air Europa. Dois dias após o seu último clip sobre esta odisea, a venezuelana publicou um novo vídeo no qual se via dançando no estádio Santiago Bernabéu ao ritmo de uma canção de Karol G. "Paguei um novo bilhete para ver a minha artista favorita. Vou esquecer-me do mau trato da Air Europa, mas tomarei acções sobre o caso", afirmou com contundência.

Karol G no concerto celebrado no estádio Santiago Bernabéu, em Madri / J.P. GANDUL - EFE

"Senti-me discrimi­nada e maltratada. A empregada falou-me de forma despectiva enquanto ria-se com a sua colega", declara. Finalmente, Victoria teve que comprar um novo bilhete a um preço elevado para poder assistir ao concerto. "Gastei mais de 500 euros adicionais entre o novo bilhete e as transferências. Foi uma experiência terrível”, sublinha.

O regulamento sobre os descontos de residente pode ser confuso

Beatriz Oficialtegui, directora de marketing de Destinia, explica a este meio que a situação de Victoria não é única e que o regulamento sobre os descontos de residente pode ser confuso. “Fica ao critério de cada companhia aérea, mas, em geral, não nos deixam embarcar num voo com desconto sem um certificado de residência emitido pela câmara municipal onde estamos registados”, salienta Oficialtegui. 

"Neste caso, a documentação provisória de solicitação de asilo não foi aceite como prova de residência, o que complicou a situação", expõe a perita em turismo.

A resposta da Air Europa

A Consumidor Global pôs-se em contacto com a Air Europa para conhecer porque razão negou o embarque a esta passageira que dispõe de um certificado de residência provisório. "Tal como explicamos à passageira, a documentação apresentada não era válida para acreditar o desconto de residência, pelo que foi preciso comprar um novo bilhete", limita-se a responder um porta-voz da companhia aérea.

"A mim não me informaram disso. De facto, ao realizar a compra do bilhete chamei a Air Europa para perguntar se podia viajar com o meu certificado de registro e disseram-me que sim", defende Victoria. Perante esta situação, é essencial que as companhias aéreas informem devidamente os passageiros sobre os requisitos específicos antes de comprarem um bilhete, a fim de evitar situações de stress e custos inesperados.