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É legal uma greve de alugueres? Que consequências teria para o inquilino?

Os experientes consultados por Idealista assinalam que seria "um gravísimo erro" e recordam que o Estado de Direito protege ao arrendador "sim ou sim"

Alejandro Tercero García

Manifestación en Valencia por el derecho a la vivienda

A cada vez são mais as vozes que se referem aos acuciantes problemas da moradia em Espanha como uma "crise". O 13 de outubro, a porta-voz do Sindicato de Inquilinos e Inquilinas de Madri, Valeria Racu, alertou tanto aos caseiros como à patronal imobiliária que se propunham deixar de pagar os alugueres se os preços seguiam subindo.

Racu advertiu que "não vai ter polícia nem matones suficientes" para frear a todas as pessoas que foram à mobilização neste propósito. O objectivo da greve, segundo Racu, seria baixar os alugueres ao 50%.

Opinião de experientes

Não obstante, segundo têm explicado diferentes experientes jurídicos e imobiliários a idealista/news, a única tipologia de greve que ampara o ordenamento jurídico espanhol é a relacionada com o âmbito trabalhista. Isto é, que uma greve proposta sobre pagamentos de qualquer tipo não seria legal.

Duas pessoas observam os anúncios de moradias, enquanto o topo aos alugueres afunda a assinatura de contratos em Cataluña um 17% / Tomàs Moyà - EP

Estes experientes asseguram que, de se levar a cabo, a greve acabaria prejudicando gravemente aos inquilinos, que ver-se-iam inmersos num torque de problemas. A primeira consequência seria o início por parte do proprietário do procedimento de desahucio para recuperar a posse da moradia e reclamar as quantidades pendentes de cobrança.

Lista de morosos

Ademais, as pessoas que secundasen a greve enfrentar-se-iam à possibilidade de ser incluídos nas listas de morosos, "a necessidade de voltar a procurar casa com um historial financeiro muito negativo e a impossibilidade de aceder a nenhum tipo de crédito", listam.

Por exemplo, Carmen Giménez, letrada de G&G Advogados, valorizava que "é um gravísimo erro" e recordava que "vivemos num Estado de Direito, que reconhece e garante a propriedade privada", pelo que a Lei protege ao arrendador, sim ou sim". Segundo Giménez, "a solução ao grave problema de moradia têm-na que dar os poderes públicos".

Manifestação pelo direito à moradia em Valencia / RICARDO LOIRO - EUROPA PRESS

Confundir à cidadania

Idealista também recolhe a opinião de Matilde Bacia Casas, catedrática de Direito Civil da Universidade Complutense de Madri (UCM) e vice-presidenta da Fundação Há Direito, quem faz questão de que "o direito constitucional à greve não ampara incumprimentos de contratos, sina que é um direito dos trabalhadores. Chamá-lo assim supõe confundir à cidadania. Esse incumprimento contratual não poderia encontrar nenhum tipo de justificativa num suposto direito à greve".

De facto, o que sim detalha o regulamento é a obrigação do pagamento da renda por parte do inquilino. Assim o estabelece a Lei de Arrendamentos Urbanos (LAU), que estipula que os inquilinos estão obrigados a pagar o aluguer de maneira pontual na forma e prazo estabelecidos no contrato.

A opinião do Sindicato

Apesar das advertências, desde o Sindicato de Inquilinas e Inquilinos de Madri acham que "reduzir os alugueres um 50% mediante uma greve de alugueres não é uma fantasía nem uma reivindicação que só melhoraria a vida de uns poucos, sina um passo concreto para a emancipación das classes populares", tal e como escreveu Pablo Pérez no Salto.

O da moradia é um problema palpable também no preço das habitações: em 2014 alugar uma habitação custava em media 272 euros ao mês, em frente aos 423 euros que supõe em 2024. Esses são os dados de um estudo realizado por pisos.com, a partir dos dados extraídos de pisocompartido.com, o portal líder em habitações de aluguer em Espanha. Ademais, indica que a renda média nacional tem subido um 1,93% num ano, passando de 414,91 euros mensais de 2023 a 422,92 de 2024.