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Tenho um iPhone 12: posso reclamar a Apple e conseguir uma indemnização?

Muitos consumidores com este terminal pedem à companhia reembolsos, substituições e compensações depois de detectar-se no França que emite ondas perigosas

Alberto Rosa

modelos de iphone 12

E agora que? A retirada no França do iPhone 12 por emitir ondas demasiado potentes tem gerado incerteza entre alguns utentes que têm questionado sua segurança, apesar de que Apple faz questão de que se trata de um telefone que cumpre com todos os regulamentos.

A coisa não vai só com França. Em Espanha a cada vez há mais reclamações ao gigante tecnológico por parte de utentes que têm este telefone em suas mãos desde faz tempo. Através de mensagens em redes sociais e em portais de consumidores, exigem um reembolso ou compensação ao considerar que o produto de Apple tem posto em perigo sua saúde durante todo esse tempo.

Reclamações a Apple

"Faz uns dias, diversos meios fizeram-se eco da notícia de que, segundo os regulares europeus, este telefone emite mais radiação do permitido (+ de 4W/kg). Desta maneira, tenho estado exposto a dita radiação durante um período de quase 3 anos. Quando compro um dispositivo deste preço, no mínimo, o esperable é que se superem este tipo de certificações e não se ponha em risco a saúde das pessoas", descreve Pablo G num portal de consumo.

Um iPhone 12 / EFE

O utente conclui sua reclamação exigindo uma indemnização por danos e prejuízos a Apple, além da devolução do custo do telefone. Outras utentes como Estefanía Álvarez aceitariam a mudança de telefone por "um de nova geração e não um igual mas actualizado que cumpra com os regulamentos vigentes".

iPhone 12 ultrapassa os índices, segundo França

Há que recordar que toda esta onda de reclamações responde à notícia que veio do França e sua decisão de retirar do mercado os iPhone 12 devido a um teste de emissões que tinha realizado a ANFR, a Agência Nacional de Frequências.

Nesse teste a 141 telefones detectou-se que se ultrapassava o índice de absorção específica de energia (DÁS em francês). Mais especificamente, as emissões DÁS para um telefone situado no bolso ou na mão devem ser como máximo de 4W/kg, segundo o regulamento europeu. A análise da ANFR arrojou um valor médio de 5,74 W/kg.

Toca esperar

Ainda que o alarme só se produziu no país galo, muitos utentes de outros países, incluído Espanha, exigem explicações e compensações a Apple, mas são procedentes este tipo de reclamações? "Sempre se pode reclamar ao fabricante por um produto defeituoso. O que ocorre aqui é que em Espanha ainda não se confirmou nada e pedir uma substituição não pode ser viável", expõe a Consumidor Global a advogada de Legálitas Laura Serra.

O iPhone 12, que Europa estuda proibir / UNSPLASH

Tal e como explica Serra, "deve ter evidências e provas que acreditem que não se cumpre o regulamento e hoje por hoje não temos nenhuma certeza em Espanha". Segundo a jurista, "não há nenhum elemento jurídico por parte de um organismo homologado que acredite esse problema, por tanto, toca esperar".

Demonstrar que incumpre a lei

"Se demonstra-se que se incumpre o regulamento europeu a Apple lhe vão cair muitas demandas, isso seguro, e poderia supor um receio importante de seus compradores em general, não só os deste modelo", explica Emili Vizuete, professor de Economia na Universidade de Barcelona (UB).

Félix Martín, CEO e cofundador do portal especializado em compra de móveis Aliqindoi opina que esse processo de reclamação "pode levar muito tempo, ao ter que demonstrar que esses níveis de emissão se superaram". "Há países que estão a dar a razão a Apple, confirmando que o iPhone 12 está dentro do regulamento", acrescenta. Para Martín, é muito pouco provável que essas indemnizações se produzam, tendo em conta o historial de Apple neste tipo de situações.

À espera de uma actualização

Ao pouco tempo de anunciar-se a retirada do dispositivo no França, Apple anunciou que se encontra preparando uma actualização de software para resolver os níveis de radiação detectados pelas autoridades galas, ainda que segue considerando que é uma questão dos protocolos empregados no país galo e de saúde.

Um iPhone 12 / PEXELS

Consumidor Global tem perguntado a Apple pela situação e por estas reclamações lançadas ao gigante tecnológico. A resposta do grupo, ainda que plana, tem chegado muito rápido a esta redacção, o que demonstra a preocupação da empresa ante esta situação.

Que diz Apple?

"Isto está relacionado com um protocolo de provas específico utilizado pelos reguladores franceses e não é um problema de segurança. Desde que introduziu-se em 2020, o iPhone 12 tem sido certificado e reconhecido por cumprir e superar todas as regulações e regulares SAR aplicáveis em todo mundo", afirmam fontes de Apple a Consumidor Global.

Finalmente, a companhia recorda que estão a preparar essa actualização única para os utentes do França para dar cabida ao protocolo utilizado pelas autoridades galas. "Esperamos que o iPhone 12 siga estando disponível no França", concluem.