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Hotéis 'gay friendly' ou só para adultos: qualquer pessoa pode ir?
Alguns estabelecimentos usam nas suas campanhas publicitárias e instalações reivindicações para atrair um grupo específico
Os hotéis para um público LGTBI+ não deveriam de existir. A sua razão de ser é uma anomalía da sociedade: um lugar onde fazer em privado o que os heterosexuais já fazem em público. Um dos preconceitos mais comuns ao falar de hotéis para este público é sobre o que ocorre ali dentro, ou também a falsa crença de que aos heterosexuais não se lhes permite se hospedar.
Estes hotéis não discriminam ninguém pela sua orientação sexual, qualquer um pode ir. "Permitimos a entrada desde que o cliente saiba onde entra e respeitando o que há, mas não fazemos exceções nem discriminação. Vêm muitas famílias heterosexuais e sentem-se muito confortáveis", detalha a este meio Alexandro Macarezcu, responsável pelo hotel Ritual em Sevilla, que tem presença também em Torremolinos (Costa do Sol) e em Palmar (Cádiz).
Direito de admissão
Qualquer pessoa, sem importar sua preferência sexual, pode pernoitar num hotel dirigido a um público LGTBI+. Não pode haver discriminação por sexo nem num sentido nem no outro. O artigo 14 da Constituição espanhola assim o especifica: "os espanhóis são iguais ante a lei, sem que possa prevalecer discriminação alguma por razão de nascimento, raça, sexo ou religião".
No entanto, outra coisa é que a publicidade vá dirigida a um grupo mais específico. Se procurar informação no Google, por exemplo, a respeito do hotel Ritual Torremolinos, na informação detalhada lê-se: "Hotel ecléctico e só para adultos. Orientado ao público gay masculino". E a polémica, longe de estar no modo no que a rede Ritual faz publicidade dos seus negócios, se centra na frase "só para adultos", uma tendência que não é exclusiva do meio homossexual. Outros hotéis também se dirigem a um público exclusivo no qual não entram os menores. E aí é onde a lei é clara: "Não te podem proibir a entrada por razões de idade, outra coisa são os clubs privados de qualquer tipo nos quais só admitem sócios, então sim podem proibir o acesso", explica Gerardo Ruiz, advogado do departamento de Consumo de Legálitas .
Incidências com alguns clientes
A publicidade que realizam, mais especificamente, os hotéis dirigidos a público LGTBI+ é transparente, mas nem sempre efectiva e às vezes algum cliente entra furtivamente sem saber muito bem onde se mete. O normal é que não haja grande problema, mas e se o cliente se queixa? "Temos tido casos isolados e pontuais de homofobia , mas resolvemo-los com empatía. Por outro lado, o cliente simplesmente decidiu mudar de hotel sem causar nenhum problema ou queixa maior", explica Silvia Pérez, diretora de Comunicação de AXEL Hotels.
No geral, estes casos não são denunciados porque o cliente geralmente sai sem armar escândalo. "Sei que já houve clientes que têm vindo e quando se inteiraram de que é um hotel gay ou se faz nudismo na parte dno topo saem. Estão no seu direito e o cliente está primeiro lugar", esclarece Macarezcu.
Sexo sem controle?
Os hotéis LGTBI+ funcionam como qualquer outro alojamento pago. É comum encontrar o preconceito de que, por estar dirigidos ao grupo homossexual, se fazem grandes festas sexuais sem controle e que tudo vale, mas nada mais longe da realidade. "Está proibido o sexo no nosso hotel. Ainda que nós não somos a polícia, mas não permitimos determinadas condutas em espaços comuns, como o spa", assegura Macarezcu.
No entanto, um cliente alguma vez infringiu as regras, como em qualquer alojamento, mas quando ocorre é imediatamente reprendido e inclusive é mesmo considerado se deve deixar o alojamento. "Que se fomenta o sexo é totalmente falso pois cuidamos muitíssimo este tipo de temas e os conteúdos que publicamos em todas nossas plataformas de comunicação", explica Silvia Pérez, diretora de Comunicação da rede de hotéis AXEL, uma das mais populares em Barcelona e Madrid dirigidos ao colectivo LGTBI+.
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