Londres, um dos destinos mais procurados na hora de viajar posiciona-se agora no mapa como um dos pontos chave do momento devido ao falecimento da rainha Isabel II. Nesta última semana, milhares de pessoas, segundo estimativas do Governo britânico, deslocaram-se à capital de Inglaterra para dar o último adeus à monarca, provocando o caos nos seis aeroportos da cidade. De Espanha, as companhias aéreas dispararam os preços para o 19 de setembro, data na qual terá lugar o enterro da monarca, inclusive há voos que já estão esgotados.
De facto, no aeroporto londrino de Heathrow, um dos mais activos da Europa, nenhum avião poderá aterrar e descolar na próxima segunda-feira durante vários períodos de tempo para respeitar o silêncio pelo funeral de Estado de Isabel II. É isto uma espécie de turismo macabro? "É um fenómeno totalmente normal o incremento de procura, já que é um acontecimento histórico desta magnitude sempre pode representar uma reivindicação turística para muitas pessoas", assinala o turismólogo Miguel Ángel Marín.
O funeral da Rainha, "um atrativo turístico"
Da Iberia justificam a subida de preços dos voos de 19 de setembro. "O custo rege-se pela lei de oferta e procura. Se há uma cifra alta de pessoas interessadas em voar, o preço sobe", enfatizam. Mais especificamente, ao procurar um voo de Madri, pode-se verificaar que, enquanto nos dias próximos à cerimónia, o preço ronda os 125 euros, na segunda-feira dispara até aos 465 euros. E só no trajecto de ida.
Além disso, em poucas horas , o cartaz de "esgotado" aparece no ecrã. "Não ficam voos com destino para Londres para o 19 de setembro", reconhecem da companhia aérea espanhola. "Evidentemente supõe um atractivo turístico, mas ao ser um facto excepcional numa data e num lugar concreto, não considerar-se-ia uma tipologia turística por si mesma, ainda que poderia se situar como uma subcategoria do turismo cultural. Algo como um turismo de funerais", acrescenta Marín.
70 milhões arrecadados
"A coroa britânica conseguiu criar ao longo destes anos toda uma marca com uma exploração turística que já se vê na mudança da guarda e outras coisas", explica Christophe de Bruyn, perito em Turismo de Tourism Industry Advisors. "Tudo o que está ao redor da realeza britânica tem uma aura de glamour que interessa a muitas pessoas. A família real faz parte dos atributos do turismo na Grã-Bretanha", acrescenta.
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De facto, só em 2019, a casa real britânica obteve mais de 70 milhões de euros graças ao turismo. Só o castelo de Windsor pode acolher mais de 1,7 milhões de visitantes anuais, segundo os últimos dados recolhidos pelo The Royal Collection Trust, cuja cifra total pela soma das visitas de todas as propriedades reais ascende até uns 3,3 milhões de pessoas anuais.
Aumentam as viagens para Londres
Na Vueling encontram-se com a mesma situação. Neste caso, com origem em Barcelona, o preço mais elevado para o dia antes do funeral da monarca britânica é de 520 euros, enquanto no dia após o acontecimento, o mais alto atinge os 225 euros. A companhia aérea low cost não assegura que o incremento do tráfico aéreo para essas datas seja motivado pelo funeral da rainha Isabel II, mas os números falam por si.
O mesmo ocorre com a Ryanair. No sábado e no domingo, viajar para Londres custa 116 e 183 euros, se sai-se de Sevilha. Na segunda-feira, o preço sobe para quase 300 euros. Depois, uma vez finalizado os actos de despedida da soberana recentemente falecida, chega a calmia e para a terça-feira e quarta-feira voar para a capital inglesa já é mais acessível ao não passar os 100 euros. Mais especificamente, para o 20 de setembro custa 62 euros e para o 21 do mês, o preço fica em 79 euros.
Datas chaves
"São datas chave como o Natal ou o verão onde a procura sobe pelas nuvens tal como os preços", realça Miguel Ángel Marín, também empregado no Hotel Casona de San Andrés e no Hotel Zaida, ambos na Andaluzia. Na Easy Jet, tanto o 18 e o 19 de setembro, posicionam-se como os dias mais caros para viajar para a cidade britânica. Além disso, enquanto no domingo antes do enterro o seu preço de Barcelona é de 368 euros, no domingo seguinte, 25 de setembro, cai até os 126 euros.
Por outro lado, atendendo ao comparador de voos da agência de viagens eDreams, o voo mais barato para o dia 18 não baixa dos 200 euros. pelo contrário, excetuando no dia 19, quando se pode conseguir um voo por 85 euros, nos dias próximos não ultrapassam os 60 euros, o que representa um custo extra de 230%. "O falecimento da rainha Isabel II, mundialmente conhecida, impactou muito. Também no turismo. Outra coisa é que este efeito seja duradouro. Ainda que pode ser como um efeito adicional que faz com que a procura habitual aumente", finaliza Christophe de Bruyn.