A venda de entradas de concertos em Espanha tem crescido neste ano um 48 % à mesma vez que tem subido a despesa média por ticket um 37 %. E é que um fã já se gasta numa entrada uns 80 euros, segundo o último Observatório da Música ao vivo de Ticketmaster e que a empresa tem apresentado nesta quinta-feira em Madri.
Estas cifras de crescimento se enmarcan num contexto de subida imparable de preços que promotores, ticketeras, recintos e demais actores da indústria reconhecem que não vai cessar num tempo.
O bono cultural incrementa compra-a entre jovenes
Segundo o estudo do IV Observatório de Ticketmaster, apresentado por Jordi Anglés, director de márketing da companhia em Espanha, Andaluzia (19%), Madri (17%) e Cataluña (16%) seguem liderando o ranking das regiões com mais compradores. A companhia faz também um retrato robô do assistente aos concertos nos que participa na venda de tickets: tem entre 35 e 44 anos e os géneros favoritos são o pop (30 %), o hip hop (15 %), o rock (13 %) e a música latina (9 %).
Por outro lado, o estudo destaca que se incrementou a compra de entradas de jovens (18 a 24 anos) num 45% com respeito a 2022, influenciado em grande parte pela posta em marcha do bono cultural. Sobre o chamado "turismo musical", os melómanos que viajam a Espanha para a ir a um concerto, destacam o França (16 %) e Reino Unido (16 %) e se gastam em media 107 euros num ticket, um 28 % mais que os espectadores espanhóis.
Preços a cada vez mais desorbitados
Entre os motivos pelos que os compradores têm decidido não assistir a um evento de música ao vivo, o preço se converte no principal hándicap para os fãs num 36 % dos casos, seguido pela ausência de interesse no evento (23 %), a falta de tempo (21 %) e o sold out (20 %).
Precisamente o preço e a relação com o fã têm sido os temas que tem protagonizado a mesa redonda que se celebrou após a apresentação do relatório. Nela têm participado Ana Valdovinos, CEO de Ticketmaster Espanha; Felipe Martín, responsável por comunicação e patrocínios de Banco Santander SMUSIC; Ramón Martín, co-director de Noites do Botánico; Daniela Bosé, directora de Vistalegre Areia; e Paulina Villamarín, presidenta do Clube de Fãs Homens G em Espanha.
Lutar contra a reventa
A CEO de Ticketmaster em Espanha tem destacado "o sucesso" de Fã to fã, a nova plataforma de intercâmbio de entradas entre fãs que a ticketera tem posto a disposição daqueles utentes que queiram revender uma entrada através de seus canais oficiais. Em Espanha activou-se para concertos de alta demanda como os de Madonna, Olivia Rodrigo, Homens G ou Taylor Swift. "É uma medida que pediam os fãs e tinha que a facilitar", tem indicado Valdovinos ao respeito.
A directora de Ticketmaster em Espanha tem acrescentado que "a chave para que a música ao vivo siga crescente com responsabilidade está em que o negócio se profesionalice, seja transparente e ponha no centro a experiência dos fãs".
Despesas de gestão e preços dinâmicos
Ticketmaster, que vende 550 milhões de entradas em todo mundo ao ano, tem querido desmentir o que consideram alguns "mitos" sobre seu modelo de negócio. Sobre os preços abusivos, a companhia aponta que são os promotores e os Recinos quem fixam as entradas e que eles só recebem indicações. Do mesmo modo, defendem que, das despesas de gestão que elevam o preço final das entradas ao redor de um 15 %, "Ticketmaster só recebe uma parte" e o resto "o percebem promotores e recinto".
O preço dinâmico é outra das grandes polémicas. Ainda que alguns participantes na mesa têm admitido sua rejeição a este modelo, Ticketmaster defende que serve para "diminuir a reventa, a fraude e a especulação" e que, de novo, são os promotores e os artistas os que elegem este sistema "quando a demanda de entradas supera a oferta de entradas disponíveis", têm concluído.