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Tens perdido tua casa pelo vulcão da Palma? A que indemnizações e ajudas podes optar?
O Consórcio de Compensação de Seguros tem a obrigação de resarcir aos assegurados, mas também "há muitos casos de infraseguros que receberão muito menos do que vale sua casa"
Seis mil duzentas pessoas têm sido desalojadas de suas casas na Palma desde que a Cimeira Velha entrou em erupção o passado 19 de setembro. Lava-a tem sepultado um milhar de casas, e as novas bocas do vulcão ameaçam com engullir mais duzentas. Ante esta catástrofe natural sem precedentes na Ilha Bonita, o desespero converteu-se no estado de ânimo maioritário entre os afectados.
Enquanto o ar é irrespirable --o vulcão expulsa a cada dia 1.200 toneladas de dióxido de azufre (SO2)--, milhares de vizinhos dos Planos e O Passo vivem, de forma provisória, em pavilhões, quartéis, casas de allegados, caravanas e carros. Ali, sobre camas improvisadas, perguntam-se que será deles amanhã. Que podem fazer? A quem devem pedir ajuda? Como respondem as seguradoras ante desastres naturais desta índole? E o Estado? Recuperarão os vizinhos sua vida prévia à explosão de fogo?
Passos a seguir
O primeiro passo é pôr-se em contacto com a seguradora --se há--. Chamar ao banco, agência ou correduría com a que se tem contratado o seguro e falar com o mediador que em seu dia fez a póliza de seguro.
Normalmente, as companhias seguradoras habilitam um telefone e um correio electrónico para tramitar a solicitação de siniestro dos assegurados com o Consórcio de Compensação de Seguros, "que é quem se encarrega de pagar as indemnizações pelos danos causados por riscos extraordinários, entre os que se encontram as erupções vulcânicas", expõe a Consumidor Global Pablo Suárez Santos, Tesorero do Colégio de Mediadores de Seguros das Palmas e administrador da correduría Corredores Principado.
Que cobre o seguro?
Em casos de catástrofes naturais como o da Palma, a companhia seguradora, como quase sempre, se livra, e o citado Consórcio paga as indemnizações derivadas do contrato do seguro. No caso de uma erupção vulcânica, que paga o consórcio? Encarrega-se de fazer o peritaje, e, se todo está em ordem, "paga o capital assegurado que tenha o proprietário em seu póliza via transferência", explica Alejandro Izuzquiza, director de Operações do Consórcio de Compensação de Seguros.
Se tua casa está baixo lava-a e estava assegurada por 300.000 euros, o Consórcio "não pode pagar mais de 300.000 euros, ainda que o valor real da moradia seja maior; se o seguro não está bem facto…", recalca Izuzquiza. Nesta linha, Suárez aponta que, se as companhias seguradoras olham com lupa, o Consórcio "ainda é mais estrito". Vão olhar a avaliação do perito e muitas reclamações terão sucesso, "mas outras não", acrescenta.
Esperas eternas e infraseguros
Segundo assegura o director de operações do Consórcio, já têm recebido ao redor de 400 solicitações de indemnização por moradias, comércios, hotéis e automóveis de vizinhos dos Planos e O Passo. No entanto, ainda que o protocolo de actuação do Consórcio está pensado para que se realizem os primeiros pagamentos dentro dos dez primeiros dias nos que se produziu a siniestralidad, o vulcão Cimeira Velha leva mais de 15 dias, com suas noites, em plena erupção, e o Consórcio sozinho "tem pago 725.000 euros", presume Izuzquiza. "É uma quantidade irrisoria, mas é que o aluvión de solicitações que recebem provoca um pouco de pescoço de garrafa. Ademais, há muitas coisas que revisar", aponta Suárez.
Este experiente em seguros explica que nos próximos dias o Consórcio descobrirá um grande número de infraseguros --quartos de aperos assegurados em 3.000 euros que depois resulta que eram casas de 200.000 euros, por exemplo--. "Aí vai ter muitos problemas", assegura Suárez, quem aponta que "se se assegura por embaixo do valor real, o Consórcio aplicará a regra proporcional". Por todo isso, o especialista aconselha sempre assegurar o risco ao 100%. Quando se dão catástrofes como estas, "te dás conta do importante que é ter um bom seguro e o agradeces".
Sem seguro a situação agrava-se
Todos os afectados que não tinham asseguradas suas moradias só poderão optar às ajudas que o Governo de Espanha aprovou na terça-feira 5 de outubro num Real Decreto-lei pelo que adoptar-se-ão medidas urgentes de apoio para consertar os danos causados pela erupção da Cimeira Velha.
Assim, a ajuda máxima por moradia habitual destruída é de 30.240 euros, de 20.640 euros por moradia habitual parcialmente destruída, de 10.320 euros por moradia habitual com danos que não afectem à estrutura, e de 18.448 euros por danos em elementos comuns de uso geral de uma Comunidade de Proprietários em regime de propriedade horizontal. Ao todo, enquanto lava-a tem causado danos na ilha por valor a mais de 400 milhões de euros, o Executivo nacional tem anunciado que contribuirá 214 milhões para a reconstrução da Palma. Ao mesmo tempo, o Governo dará 5,5 milhões a Canárias para comprar 107 moradias destinadas a afectados que perderam sua casa.
E quem paga as hipotecas?
"O governo pode dar moratorias para o pagamento de hipotecas", explica Suárez, mas, ao final, hipoteca-a contratada com o banco é como um empréstimo bancário cujo pagamento a entidade exige.
"Se o Consórcio indemniza-te com 100.000 euros, esse dinheiro recebido do seguro será o que responderá da hipoteca. O resto é para ti", sentença Suárez.
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