Em Espanha há mais lares com cães (9,3 milhões) que com filhos com mentos de 14 anos (5,9 milhões). A pandemia fez disparar em cerca de 40% o número de animais de companhia. E claro, as marcas de alimentação para animais de estimação esfregam as mãos de contente e ampliam os seus catálogos para ganhar quota num mercado que facturou 1.877 milhões de euros em 2021. Um bom exemplo disso é a Nestlé Purina Petcare Company, que acaba de lançar a sua nova gama Suplementos Pro Plano, uns suplementos alimentares para cães e gatos que, segundo vários veterinários, "são uma despesa desnecessária".
Sim, a moda dos suplementos também ganha peso no sector canino e gatino. Mais especificamente, a Purina lançou oito produtos, de ingestão oral e dose diária, que contêm plantas, probióticos e vitaminas, entre outros ingredientes. Mas a verdade é que "os suplementos da Purina, como os de qualquer outra marca, não têm nenhum benefício se o cão ou o gato em questão não tem um déficit particular", expõe a este meio o veterinário da Clínica Celavet (Ourense), Juan Carlos Domínguez.
Uma despesa inútil
A nova gama de Suplementos Pro Plano de Purina consta de Natural Defences, um produto para "apoiar o sistema imunitário"; o óleo Skin&Coat para cuidar a pele e o pelo de cães e gatos; Mobility, que "ajuda a melhorar a mobilidade dos cães"; Relax, para que se acalmem; e Multivitamins. "Podem combinar-se facilmente com a ração e tsão altamente palatáveis", diz a responsável de comunicação da Purina, Sònia Sáez. A dose diária varia em função do peso do animal, e os preços oscilam entre os 15 e os 30 euros. Para já, podem-se encontrar em lojas em Múrcia, Almería e Barcelona.
"Eu não estou a favor dos suplementos", aponta a veterinária Andrea Puyuelo, que explica que um animal saudável, com uma alimentação equilibrada, "não precisa deles". Na Clínica Veterinária Celavet também não são seguidores deste tipo de produtos. "Nós não os recomendamos porque não é necessário gastar o dinheiro em suplemento alimentares como os da Purina, é melhor apostar numa boa ração. Sim somos partidários de uma boa alimentação", explica Domínguez.
Nem previnem nem curam doenças
Ao contrário o do que possam pensar muitos consumidores, os concentrados de nutrientes, como os da Purina ou outras marcas, "não costumam servir para prevenir nem para tratar doenças", expõe a este meio o perito em nutrição animal, Roberto Elices, que concorda na hora de afirmar que num animal saudável não contribuem nada. Além disso, os suplemento alimentares também não modificam funções fisiológicas.
Segundo este perito, falta base científica que justifique o uso de um suplemento ou outro num momento determinado. "São tendências, correntes de moda que se extrapolam aos animais de companhia, mas extrapolar a nutrição humana às mascotes comporta riscos", acrescenta Elices. Na sua opinião, são muito poucos os que seguem os conselhos dos veterinários, e mais da conta os que, sem nenhum preceito profissional, decidem dar um suplemento ao seu animal de estimação.
Só para casos pontuais
Os Suplementos Pro Plano da Purina "podem administrar-se em quase todos os animais. Mas estes contributos de vitaminas recomendam-se a animais que precisem este tipo de suplementos pela idade, problemas no pelo, problemas dermatológicos, ou animais aos que lhes falta de agilidade e mobilidade", expõe a veterinária e responsável por comunicação da Purina, Sònia Sáez.
No entanto, os peritos concordam na hora de determinar que estes suplementos só podem ser um apoio em casos muito específicos: "numa fêmea lactante ou gestante, num macho reprodutor, num cão em pleno crescimento ou em outro que tenha um problema nas articulações", aponta Elices. Como com a maioria de complementos alimentares indicados para a nutrição humana, "os nutrientes que contêm os suplementos para mascotes estão presentes de forma natural nos alimentos ou rações, e nunca vão substituir um alimento completo, que sim te assegura que cobrirás as necessidades do teu animal", diz este perito. E os Suplementos Pro Plano de Purina não são uma excepção.