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Assim é o Lidl russo: um armazém que "decepciona" no produto, mas com preços baixos

Os supermercados Mere aterram em Espanha com locais amplos localizados fora dos núcleos urbanos e procuram, sobretudo, poupar custos

Fachada de um dos supermercados Mere em Espanha / GLOBAL CONSUMER

Mere não é um supermercado bonito, ainda que também não o pretenda ser. A companhia russa já avisa-o na sua página erb: "Não precisamos embalagens brilhantes e muito atraentes". E a razão disso reside em que a sua finalidade máxima é oferecer o artigo mais barato em detrimento de um packaging atraente. A estética, além disso, também não é o seu forte, ao menos no novo estabelecimento que a rede acaba de abrir em Parla (Madrid). Ao chegar ao local, o consumidor encontra-se com uma nave industrial com longos corredores no seu interior onde os produtos se amontonan de ambos os lados em caixas de cartão e sobre paletes de madeira. Claro, cada género vem identificado com o seu lugar de procedência: Lituânia, Polónia, Rússia, Portugal, Itália e alguns produtos de Espanha. Parece mais a zona de armazenamento do Ikea que uma loja do Carrefour.

"Decepcionou-me um pouco, esperava algo mais. Não tem muito de drogaria, gel de banho também não, nem iogurtes ou manteiga", explica com desolusão uma cliente que se aproximou ao supermercado depois de deixar o seu filho na creche. O estabelecimento está aberto há pouco mais de uma semana e carece de produtos básicos como carne, peixe, frango, padaria ou lacticínios. Os encarregados asseguram a este meio que o género irá crescendo nummês para poder responder à procura dos utilizadores.

Produtos russos

A chicha da Mere, além do baixo custo, faz parte do género que vem da Rússia, seu país natal. Ainda que, por enquanto, o catálogo seja reduzido, os trabalhadores do supermercado asseguram que chegarão vários camiões carregados nuns dias. "Há biscoitos da Polónia e caramelos de chocolate da Lituânia. De Rússia temos um produto típico que se chama Pelmeni, que é uma massa recheada de carne típica de nossa terra, parecidos aos raviolis. Também Blinis, que são crepes recheados de mermelada de framboesa e umas panquecas de batata com carne no interior que gostamos muito", explica o encarregado do Mere de Parla.

As seções ainda não estão definidas e tudo funciona mais por intuição. No corredor central, por exemplo, colocaram-se os produtos que não são de alimentação: jogos de copos de vidro com decoração russa; jogos de toalhas de um tato pouco agradável ou edredões do país que sim atraem a atenção dos clientes. No entanto, que um produto seja típico da Rússia não significa que tenha sido fabricado ali. Assim, por exemplo, a marca que comercializa os Pelmeni, Tavijuta, é de Lituânia. DNa verdade, no geral, ao percorrer os corredores do supermercado Mere dá a sensação de que o país de procedência é o de menos. O importante é ter o produto mais barato, seja de onde for.

Um pacote de Pelmeni / CONSUMIDOR GLOBAL

Os primeiros clientes

Em Mere ninguém vai a tiro feito. Os clientes passam rapidamente pelas prateleiras e compram mais por curiosidade que por necessidade. A maioria desconhece as marcas que se oferecem, mas comparam os produtos com os preços de outros supermercados e se lançam a experimentar. A câmara frigorífica, ainda meio vazia, promete uma autêntica experiência russa. É onde se alojam os queijos e alguma carne embalada, como bacon ou salsichas. A mudança de temperatura é tal que em poucos segundos é fácil compreender o que é viver no país de Vladimir Putin.

Sobre o modelo que a rede está a contratar para os seus novos locais em Espanha o encarregado, que fala espanhol, russo e por telefone um perfeito italiano, assegura que há dois empregados espanhóis no de Parla, mas não voltados para público. E, ainda que a Mere prometa preços baixos, alguns clientes queixam-se de que não vêem "ofertas que chamem a atenção, para que mais pessoas as conheçam".