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Ruído e poluição sonora: isto é o que deves ter em conta ao comprar a tua nova casa
Os peritos recomendam que se evitem áreas críticas como as passagens rodoviárias e ferroviárias e assinalam que, apesar dos avanços na regulamentação sobre o ruído, ainda existe uma falta de sensibilização.
O ruído é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um som desagradável e incómodo potencialmente nocivo para a audição. Nas cidades, o tráfico e os transportes como o avião ou o comboio são algumas das fontes de ruído mais habituais. Em muitos lugares, estes ruídos são intensos e permanentes, pelo que antes de alugar ou adquirir uma nova casa, convém ter em conta as condições acústicas do lugar se se quer proteger a saúde auditiva.
"O ruído gera problemas de saúde e se vai fazer-se um investimento alto como o de comprar uma casa há que ter em conta qual vai ser a sua localização", diz à Consumidor Global David Pérez, engenheiro acústico da Decibel Engenheiros, uma consultora acústica que oferece soluções de isolamento, certificação ou acondicionamiento acústicos e análise de impacto ambiental, entre outros."
Efeitos do ruído na saúde auditiva
E, porque é tão importante valorizar o impacto acústico num lar? O nível de ruído recomendado pela OMS para garantir uma boa saúde e bem-estar é de 65 décibeis. Se a exposição é superior a 85 décibeis, há risco de perda auditiva crónica.
Fernando Luis Rodríguez, professor de Otorrinolaringología da Universidade Complutense de Madrid, explica à Consumidor Global os danos que pode causar na saúde viver numa zona afetada pela poluição sonora. "Representa vários problemas, não tanto porque afete o ouvido, mas sim pelas alterações do descanso e a concentração, que por sua vez pode repercutir na tensão arterial, situações de insónia, depressão e inclusive enfartes", detalha Rodríguez.
Exposição contínua à poluição sonora
"À noites, o impacto acústico de uma zona urbana não deve superar os 65 décibeis", explica o professor, que também lembra a importância do tempo de exposição aos altos índices de ruído.
"É um factor chave para os danos e efeitos que pode provocar o ruído na saúde auditiva", recalça. É que as casas próximas a estradas, travessias ferroviárias e ao tráfico no general encontram-se em exposição constante a altos níveis de ruído.
Casas junto a estradas: um problema com pouca solução
"Chegam-nos muitos casos de casas que estão localizadas perto de uma estrada e perguntam-nos que soluções se lhes pode dar", conta David Pérez da Decibel Engenheiros. No entanto, as soluções são poucas e passam por colocar ecrãs acústicos junto às infraestruturas ou limitar a velocidade nessas estradas.
"Normalmente, os painéis acústicos apenas reduzem o impacto do ruído nos pisos inferiores dos blocos de apartamentos junto às estradas, pelo que estes são projectos impraticáveis porque não é possível construir ecrãs tão altos", diz ele.
Fugir do ruído
Face às poucas possibilidades e à dificuldade para reduzir a poluição sonora nestas zonas críticas, convém ser precavidos na hora de mudar-se ou mudar de casa e selecionar uma localização adequada ou seja fugir das estradas e caminhos-de-ferro.
"O ideal quando se vai construir uma nova casa é fazer um estudo acústico no qual se meça o ruído e o impacto da zona para que, além de cumprir com o regulamento, se verifique se poder-se-iam instalar soluções no futuro caso seja necessário", detalha o engenheiro.
Maior sensibilização e regulamentos
Pérez considera que em Espanha se avançou muito em matéria de sensibilização de ruídos, já que "cada vez se publicam novos regulamentos e restrições com limites sonoros que beneficiam as pessoas", ao contrário deháfaz uns anos quando "nem as prefeituras tinham ordens municipais". No entanto, este perito admite que, apesar dos avanços, "ainda estamos longe de outros países europeus".
Finalmente, outros dos aspectos a ter em conta além dos ruídos exteriores é o impacto interior entre as casas vizinhas. Desde 2007, todos os novos edifícios residenciais devem ter 50 decibéis de isolamento entre eles, salienta o engenheiro.
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