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Resalim, o vitamínico antirresaca que as farmácias vendem com um abridor: "É vergonzoso"
Os experientes negam a efectividade deste complemento alimentar contra a ingestão excessiva de álcool e criticam que as boticas se convertam em "bazares que promovem" a bebida
Está claro que a única forma de evitar uma resaca é não beber, no entanto, muitas farmácias se lançaram à venda de todo o tipo de complementos alimentares que prometem ser o remédio perfeito a qualquer ingestão excessiva de álcool e comida. Um dos muitos que se comercializam é Resalim, um vitamínico que, além de não servir para nada, se vende com um abridor.
"Esquece dessa sensação de pesadez depois dos excessos com Resalim Plus, o complemento alimentar formulado com extractos vegetais e vitaminas B1 e B6 que ajudará a melhorar tua qualidade de vida", reza a descrição deste produto fabricado por Laboratórios Phergal e que se vende desde 7,65 euros em farmácias.
Resalim, um suplemento que não serve para nada
Os comprimidos de Resalim contêm extractos de alcachofa, arándano, grosella, piña e vitamina B1 e B6. Uma composição que, segundo os experientes, não ajuda em nada a passar melhor uma resaca.
"Este produto não ajuda a combater a resaca e por muito que inclua algumas substâncias das que se fala no etiquetado, tomar extractos de fruta ou suplementos não significa que teu corpo vá metabolizar mais ou menos", expõe a Consumidor Global o farmacêutico Felipe da Fonte, autor do livro De venda em farmácias: uma denúncia do negócio da saúde desde dentro.
Uma "macedonia de frutas"
Para Da Fonte, Resalim é basicamente uma "macedonia de frutas" e faz questão de que o único remédio para evitar a resaca é não beber álcool. Segundo o farmacêutico, estes laboratórios fazem uma "armadilha legal" com este tipo de anúncios que "se baseiam sempre nos mesmos reclamos".
Assim, o Resalim pode se vender como um complemento que ajuda a metabolizar porque um de seus elementos, a alcachofa, "contém propriedades coleréticas e colagogas que intervêm na formação de bilis no hígado", acrescenta o farmacêutico, "ainda que isso não significa que o Resalim te vá fazer metabolizar melhor", sublinha.
A postura da marca
Consultados pela ineficacia do produto, desde Laboratórios Phergal asseguram que Resalim se encontra "oportunamente notificado" ante as autoridades nacionais e européias e dispõe das autorizações necessárias para sua comercialização. "Trata-se de um produto que cumpre com todas as exigências da União Européia, estando devidamente registado e tem mais de 20 anos de vida de presença no mercado", assinalam.
Mas, à margem da duvidosa efectividade do Resalim, o que mais indigna aos experientes é a estratégia de marketing que utiliza a marca para vender este polémico remédio antirresaca. E é que as farmácias vendem este produto com um abridor de presente, tal e como se vê nesta imagem que compartilhou em Twitter a conta @farmaciaceutico.
Fomentar o consumo de álcool
"Uma farmácia não era um estabelecimento onde se garante a saúde pública e se fomenta a educação sanitária?", pergunta-se o autor do tuit. "É o duplo combo, te cuelan um produto que não serve para nada ainda por cima fomentam o consumo de álcool", opina Da Fonte, quem também aponta que "numa farmácia se devem fomentar hábitos de vida saudável e não métodos para paliar a resaca".
Por sua vez, desde Laboratórios Phergal consideram que o llavero abridor é "um acessório que se encontra na maioria dos lares espanhóis, se utiliza cotidianamente e é associado a reuniões de amigos e família, coisa que concorda com os valores da marca". Ademais, apontam que está a ser "uma promoção muito apreciada pelos consumidores".
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