0 comentários
Doenças Sexualmente Transmissíveis em ascensão: prevenções e cuidados recomendados
Os peritos expõem as orientações mais eficazes para prevenir as DST, preocupados com o aumento do VIH, clamídia, gonorreia e infecções por herpes genital
Ainda que o foco esteja posto na varíola dos macacos, a verdade é que os contágios das doenças sexualmente transmissíveis (DTS) stêm visto um pico e continuam a aumentar. Os dados publicados na semana passada pela empresa de tecnologia especializada em saúde Cegedim mostram que nos últimos cinco anos doenças como o vírus de inmunodeficiencia humana (HIV), a clamídia ou a gonorreia amentaram até 84% em Espanha. Um dado que alerta os especialistas, que avisam das prevenções e do cuidado a que seguir.
"O incremento de infecções é devido a vários factores. O regresso à normalidade após um isolamento forçado que impedia de estabelecer novas relações afectivas, a falta de informação e educação sexual sobre as DTS, os amores de verão, a nova forma de conhecer casais –com aplicativos de namoro–, a desinibição e falta de percepção do risco que levam a estabelecer contactos esporádicos e sem protecção, e um longo etc", expõe à Consumidor Global Ángel Luis Guillén, director da Psicopartner, um centro de psicologia clínica e sexología.
As DTS que mais têm aumentado
Os dados publicados no passado 1 de setembro pela Cegedim indicam que de 2016 ao 2021 aumentou 343% os contágios de HIV, 140% a clamidia, 71% as infecções gonocócicas (gonorreia) e 59% o herpes genital. Convém destacar que, segundo o especialista, os diagnósticos aumentam significativamente durante o verão. "Sobretudo este, já que não houve restrições nem limitações pela pandemia do coronavirus", assinala Guillén.
"O verão traz consigo uma mudança nos hábitos, são momentos de descanso, tempo livre e diversão que favorece o contacto com outras pessoas", destaca o sexólogo. "As relações sexuais incrementam-se no período de verão como as pessoas não estão imersas no stress do dia a dia, não há pressas e há uma focalização no prazer e em desfrutar do momento. Isto implica que haja um aumento nos comportamentos sexuais de risco que é acentuado pelo consumo de álcool e drogas", alerta.
Quais são os cuidados
A ginecologista Miriam Ao Adib Mendiri aponta que existem diferentes tratamentos segundo o tipo de infecção. "A clamidia e a gonorreia --duas das DTS que mais aumentaram-- com um antibiótico curam-se totalmente", explica. No entanto, o HIV e o herpes genital são vírus, para os quais não há tratamento curativo. "Claro que se podem controlar, mas não se pode curar: o HIV com um tratamento específico antirretroviral; e o herpes, quando há um surto, aplica-se o antiviral específico e lida-se melhor com ele", enfatiza a especialista.
Além disso, Ao Adib alerta que, no caso da clamidia e da gonorreia, se deixadas sem tratamento e sem tratamento durante muito tempo,, "podem gerar inclusive problemas de fertilidade e outros bem mais graves. Mas se apanhamo-lo no seu momento adequado e tratamo-lo adequadamente, curam-se completamente". Desta froma, a ginecologista sublinha a importância de que a população esteja informada sobre os riscos que implicam as DTS.
Como se podem prevenir
Prevenir a transmissão de DTS de forma radical só é possível se se evitam toda a classe de relações sexuais ou se praticam em casais fechados onde nenhum dos dois tem uma DTS. "No entanto, no verão esta estratégia não é uma opção. Desde logo, o uso do preservativo continua a ser um dos métodos mais seguros de prevenção de infecções de transmissão sexual", recalça Guillén.
Explica que a melhor medida para evitá-las é a informação, já que muitos jovens não estão informados dos deste tipo de doenças.
Teste para detectar DTS
Por sua vez, a farmacêutica María do Carmen C. Rios, que alerta também da desinformação, sobretudo dos mais jovens, quanto às DTS e ao sexo no general, destaca que nas farmácias se vendem teste para detectar infecções de transmissão sexual, e que a sua venda cresce exponencialmente."A cada verão nota-se um incremento de pessoas que vão à farmácia –localizada em San José da Rinconada (Sevilla)– com patologias de uma DTS. Vendemos de vez em quando testes para detectar estas infecções, ainda que o número de vendas vai aumentando a cada ano", destaca Rios. A farmacêutica explica que "não têm um preço fixo pela Previdência como têm os medicamentos, mas está entre os 20 e os 40 euros".
No caso dos teste de saliva, indica que o seu preço ronda os 40 euros. Quanto ao teste de clamidia, que se vende só sob prescrição médica, custa cerca de 30 euros. No entanto, Rios esclarece que cada farmácia ou empresa compra-os e coloca-os à venda com um preço diferente, sempre com uma margem de lucro.
A desinformação dos jovens
"A faixa de idade com mais infecções de transmissão sexual está entre os 15 e 25 anos", diz Ángel Luis Guillén. "As ferramentas que se estão a dar aos jovens são de todo insuficientes como fica demonstrado no aumento de contágios que se está a produzir", denuncia o sexólogo .
Para o director de Psicopartner, há uma falta de educação sexual unido a estereotipos de género, mitos e tabus sexuais que estão a manter as infecções de transmissão sexual. "O estabelecimento de hábitos sexuais seguros e saudáveis passa sempre por uma educação sexual que deve ser abordada a partir da família, instituições estatais, colégios, institutos, etc", incita Guillén.
Novas práticas sexuais
De facto, a Sociedade Espanhola de Medicina de Urgências e Emergências (Semes) tem alertado nesta semana para a "necessidade urgente" de protecção face a novas práticas sexuais, como é o chemsex, isto é, o uso intencional de drogas, fundamentalmente de tipo estimulante e dissociativas, para ter relações sexuais por um período longo de tempo.
Segundo os especialistas, hoje esta moda aumenta o risco de infecções em proporções semelhantes a tempos passados. A organização assinala que o chemsex é um fenómeno crescente, que se dá basicamente em grandes cidades, e considera-o um factor que favorece a transmissão do HIV e outras DTS, além de provocar graves problemas de saúde de tipo cardiovascular ou mental. É por isso, que a população deve estar bem informada ao respeito para prevenir e conhecer os cuidados correspondentes frace às doenças de transmissão sexual.
Desbloquear para comentar