Que farias se te tocasse o Gordo da Loteria de Natal? Comprar uma casa, um carro novo e viajar é o destino habitual do dinheiro ganhado nos jogos de casualidade. Por este motivo, não é de estranhar que o 70 % dos ganhadores se gastem todo o prêmio e se arruínem em sozinho cinco anos, segundo aponta num relatório o Fundo Nacional para a Educação Financeira (NEFE).
Ainda que a probabilidade de ganhar o Gordo é ínfima (0,001 %), os experientes oferecem algumas chaves a ter muito em conta para que o décimo premiado não seja um atalho para a bancarrota. E é que, além do 20 % do prêmio que fica Fazenda, há que ter em conta que depois devem se declarar os possíveis rendimentos desse dinheiro. "Não é fácil se retirar com os 328.000 euros do Gordo, a não ser que o ganhador esteja próximo à aposentação", expõe a Consumidor Global a professora de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Complutense de Madri e conselheira da European Society for the History of Economic Thought (Eshet), Estrela Trincado Aznar.
Que fazer com o Gordo da Loteria de Natal?
Não vocear o prêmio e manter o mesmo nível de vida são as premisas básicas pelas que abogan os especialistas em finanças para manter o dinheiro ganhado em longo prazo.
Também é aconselhável "saldar dívidas pendentes, mas há que ter em conta que o contar a todo mundo é um reclamo para que te peça dinheiro e ter que saldar as dívidas de outros", adverte Trincado.
Nem conta nem almohada
Pode-se ingressar o dinheiro do Gordo na conta corrente, "mas não proporcionará quase nenhuma rentabilidade, nem sequer se o metes a prazo", aponta Trincado, quem explica que meter na conta é quase como o esconder embaixo da almohada, "algo não muito recomendável com a inflação actual" dado que esse prêmio terá a cada vez menos poder de compra.
A inflação actual "implica muito risco para o investidor, mas se investe-se bem o dinheiro podemos sacar bastante rentabilidade", assegura o consultor de projectos financeiros Raúl Jaime Maestre, quem explica que é necessário se informar sobre que tipo de investidor somos para assumir mais ou menos risco.
Investimentos em função da idade
Não é o mesmo investir em criptomonedas ou em ouro que em letras do tesouro, que "têm uma rentabilidade pelos solos", aponta Maestre. Os experientes coincidem em que a estratégia de investimento do dinheiro do Gordo "dependerá da idade".
Uma pessoa jovem pode investir num fundo de renda variável, que é mais arriscado que a renda fixa, mas proporciona mais rendimento --de até um 12 %-- em longo prazo. Os jovens "investem bastante em criptomonedas, mas o risco desse mercado é importante, e inclusive num ano poderias perder o investimento", adverte Maestre em referência ao Bitcoin, que tem uma "volatilidade extrema". À medida que a idade avança, é melhor realizar investimentos "menos arriscados", como em renda fixa e inclusive um fundo de pensões. "O importante é que sejam investimentos diversificados e também é aconselhável ir aos experientes", resume Trincado.
Aposta-las mais seguras
O valor mais estável e que pode oferecer uma maior rentabilidade "é a compra de moradia", aponta Maestre. Mas há que considerar a zona e a evolução do mercado para ver a rentabilidade de venda e aluguer a meio e longo prazo. Este tipo de investimento é a que implica um risco menor à hora de recuperar a rentabilidade do prêmio.
Investir em metais preciosos como o ouro e em grandes empresas consolidadas "também é uma estratégia mais ou menos segura", assegura Trincado. Se o investimento diversifica-se entre metais preciosos, commodities e bens inmuebles, "sem dúvida o dinheiro do Gordo não perder-se-á", sentencia a experiente.