A quem não lhe atira a ideia de deixar de pagar impostos, tudo de forma legal, durante um dia? Por este motivo, e pela poupança que supõem, as campanhas de marketing dos dias sem IVA costumam funcionar para diferentes tipos de produtos, e muitas empresas, desde MediaMarkt, Worten ou O Corte Inglês, atiram delas para atrair aos clientes e vender mais. Então, por que a eliminação do IVA em compressas, tampones e copas menstruales, o 28 da cada mês, não cala nas lojas Clarel do Grupo Dia?
Os produtos de higiene feminina não estão considerados de primeira necessidade em Espanha. Por isso, se lhes aplica uma IVA reduzido do 10 %, a diferença do que têm alguns bens essenciais como o pão, o leite ou os medicamentos (4 %). No entanto, uma jornada ao mês, Clarel tira a denominada taxa tampón (ou taxa rosa) e devolve o IVA, mediante um desconto, em compra-a deste tipo de produtos. Uma iniciativa que não triunfa demasiado entre sua freguesia e à que nenhuma empresa da concorrência tem intenção de se somar. Nem tão sequer os próprios supermercados Dia. A que se deve?
No dia sem IVA mais desconhecido do Grupo Dia
"O 22 % das mulheres não podem eleger este tipo de artigos de higiene menstrual porque não podem os pagar", assegurou o Ministério de Igualdade em meados de maio de 2022, justo após que Fazenda vetasse a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado para compressas e tampones. Desde 2018, Dia instaurou no dia sem IVA para os produtos de higiene menstrual em suas lojas Clarel, mas ainda são muitas as clientes que o desconhecem.
"Que desconto? Não, nem ideia…", responde a este meio uma consumidora em frente à loja Clarel da rua Caspe de Barcelona. "Soa-me que há um dia sem IVA, mas não sê pára que produtos e nunca me lembro do quando é", expõe outra. Em outro estabelecimento, as respostas são similares. Uma utente assegura que vai a Clarel "de vez em quando", e que não tem "nem ideia" dos descontos que fazem. "No dia 28 dizes que fazem um?", acrescenta. "O do IVA? Esse o conheço, mas não o uso", responde outra senhora, enquanto a reacção habitual das clientes ao falar sobre este desconto é "não o sabia".
Nem cartazes nem muita gente
Ao perguntar às responsáveis por estes comércios pela demanda nos dias 28 da cada mês, a resposta é clarividente: "Recordamos-lho nós às clientes". Segundo contam, dantes do Covid "púnhamos cartazes e tudo, mas ultimamente tem estado bastante parado. Ainda que agora tem resurgido um pouco".
Trata-se de uma campanha muito loable, mas que não acaba de atrair ao público. "Que se vem mais gente? Não, como sempre", expõem a este meio desde uma loja Clarel próxima à estação de Atocha , em Madri . "Vemos um pouco mais de gente, mas também não creias-te…", coincidem desde Barcelona. "Aproveitam-no algumas clientes fixas. 'Hoje é o dia sem IVA e aproveito e levo-me as compressas', costumam dizer. Mas também não é que vinga mais gente à loja", apontam em outro estabelecimento. "Para nada está cheio" e "também não é muito conhecido" são as respostas que repetem, também, várias dependientas.
Um desconto reduzido
Ao final, trata-se de um desconto muito pontual de um 10 %. Enquanto, a cada 15 dias, mudam as ofertas de infinidad de produtos em Clarel, entre eles os de higiene feminina. Umas ofertas que podem ser de 50 % de desconto na segunda unidade e de até um 70 %.
O da jornada sem IVA é uma campanha que costuma funcionar em diferentes sectores "porque envias uma mensagem ao cérebro do consumidor e atrais mais clientes à loja, mas se fez tanto que corres o risco de passar desapercibido", enfatiza a consultora e formadora em marketing , Neus Costumar, sobre esta rebaja.
O objectivo final
Como todas as campanhas de marketing , o objectivo do Grupo Dia com 28 Íntimo "é potenciar suas vendas nesta categoria e tentar que aumente o tique médio de compra, porque irás a por uma caixa de tampones e apanharás outros artigos que não precisas", explica Costumar. Dia decidiu desfazer-se em 2019 das lojas Clarel, ainda que depois deu marcha atrás. E o facto de que a empresa também não se vire em publicitar esta campanha iniciada em 2018, segundo a experiente, se explica porque está focada à fidelización de alguns clientes fixos que já não precisam esse lembrete.
"Se no dia sem IVA para os produtos de higiene feminina tivesse um grande sucesso, já tê-lo-iam copiado todas as empresas da concorrência", sentencia a experiente. Ao perguntar a Mercadona, Carrefour, Lidl, Eroski, Alcampo e Aldi por que não têm um dia sem IVA pára ditos produtos, a última se limita dizer que "não temos informação"; em Lidl asseguram que não contemplam uma iniciativa parecida; enquanto desde Mercadona explicam "que suprimem ou simplificam todo aquilo que não acrescenta valor ao cliente, como o packaging, para ter a mesma qualidade a preços inferiores aos da concorrência".