Quase ninguém fala da contaminação digital porque, à primeira vista, não se vê. No entanto, sempe que se envia um e-mail são emitidas 19 gramas de dióxido de carbono para a atmosfera. É que absolutamente tudo o que se faz na rede, desde ver um vídeo do Youtube até entrar e ver o que há de novo na Zara, enviar um Whatsapp ou ler os títulos do jornal pela manhã requer trabalho de grandes servidores que consomem electricidade, o que tem efeitos sobre o meio ambiente e contribui para a impressão de carbono.
Ainda que cada vez são mais empresas estejam atentas e tentem otimizar as suas páginas para produzir menos emissões e reduzir custos energéticos, ainda há muitos websites que, devido a fatores como a intensidade energética e a quantidade de dados transferidos, são extremamente poluentes. Quais são? Como se podem identificar de forma simples e intuitiva? Que podem fazer os internautas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do mundo digital, que são maiores que as do transporte aéreo?
Os websites mais poluentes do mundo
Se falamos de emissões anuais, o Youtube tem a triste honra de ser, de longe, a plataforma que mais CO2 emite, segundo um recente estudo da WebsiteToolTester --empresa dedicada à criação de websites--. Mais especificamente, gera 702.000 milhões de gramas de carbono por ano com um tráfico de 360 mil miliões. Com o triplo de visitas e apesar de ser um dos lugares mais limpos, a Google ocupa o segundo lugar com emissões de 267.000 milhões de gramas de dióxido de carbono. A página de videochamadas Zoom fecha o podio seguida de perto pela Amazon, que emite quase 100.000 milhões de gramas.
"As plataformas de retalho são das que mais CO2 emitem para a atmosfera devido à grande quantidade de imagens e páginas que contêm e porque são os sites mais visitados", expõe à Consumidor Global Josep García, content manager do WebsiteToolTester, que assegura que El Corte Inglês gera mais carbono por visita --9,98 gramas-- que nenhum outro site em Espanha. "A sua homepage é a pior, é 93% pior que o resto das páginas analisadas. Muitas vezes não são precisam tantas imagens", critica García. A segunda grande superfície espanhola que mais contamina é a Zara com 1.500 milhões de gramas de carbono anuais na sua versão .é --Zara.com gera 50 bilhão de CO2 e é o sexto website mais poluente do planeta--.
Como identificar um website poluente?
"Quanto mais tempo uma página demora a carregar, significa que é mais pesada, pelo que o servidor realiza um esforço extra, utiliza mais eletricidade e gera mais gases de efeito estufa", explica García. Assim, a rapidez de navegação num site está directamente relacionada com o seu peso.
O especialista explica que tudo o que seja conteúdo multimédia é o que mais energia requer, por este motivo, páginas de conteúdo para adultos como Xvideos e Pornhub também figuram entre as mais poluentes do planeta. A energia custa dinheiro, pelo que os websites mais visitados "deveriam estar interessados em reduzir as suas emissões, mas muitos não o fazem", critica García, que acredita que a margem de melhoria é imensa.
As mais ecológicas
Em contraste, empresas como H&M parece que optimizaram o seu marketplace. Cada visita à página da multinacional sueca gera 0,29 gramas de CO2, nada a ver com os quase 10 do El Corte Inglês. "A página do jornal Telegraph ou as pesquisas de texto na Google também geram umas emissões baixíssimas por visita", aponta García.
Quanto às homepages das redes sociais mais visitadas, por exemplo, o "Instagram faz um trabalho muito bom na hora de empacotar o conteúdo", analisa o especialista, enquanto o Twitter ou o Facebook são mais pesadas --ocupam o quinto e sétimo posto no ranking dos lugares mais poluentes, em frente ao Instagram, que não aparece no top 25--. Segundo García, no final tudo depende do tipo de conteúdo, se está optimizado ou não, e de como é desenvolvido o código fonte.
Truques para reduzir a poluição digital
Desde praticar a economia circular até ligar a rede wifi em vez de extrair os dados móveis são pequenas ações que ajudam a reduzir a impressão de carbono. Comprar de forma responsável e olhar que páginas estão optimizadas também é útil.
"No Whatsapp, por exemplo, se configuraste para não se descarreguem as fotos automaticamente, poupas energia", aponta García, que afirma que alguns websites já permitem navegar em modo escuro, o que representa uma menor emissão de CO2. Ver os vídeos com uma resolução um pouco mais baixa ou limpar a caixa de entrada de correios electrónicos que já não se precisam também ajuda na hora de lutar contra esta silenciosa forma de poluir o planeta. "O problema é que muitos cidadãos ainda não estão conscientes disso", diz García.