Assim como há uma loja de aplicativos no telemóvel, também existe uma store virtual com extensões para descarregar de forma gratuita, adicioná-las ao navegador que é usado diariamente, por exemplo, o Chrome ou o Firefox, e desfrutar de funções muito variadas. Na verdade, com as compras online na ordem do dia, não é de estranhar que existam também extensões para poupar nas aquisições on-line. E, para piorar as coisas, a recomendação de muitos influencers aumentou o seu uso.
Mas, como funciona este sistema de poupança? LetyShops, Shoppiday, Honey ou Qoala são algumas extensões que, uma vez instaladas e sem que o utilizador faça nada, encontram cupões de desconto nas lojas virtuais que se visita para obter a melhor oferta. Além disso, também incluem a opção de cashback, isto é, a devolução de uma pequena percentagem da despesa total. No entanto, podem comprometer a privacidade do utilizador, pois sabem o que compramos e onde.
Cuidado com as permissões que são concedidas
"Quando as coisas são grátis, tu és o produto", lembra à Consumidor Global Roberto Esteban, especialista em cibersegurança da Tecnek Cibersecurity. Nestes casos, a instalação deste tipo de extensões requer a aceitação de termos e condições que poucos utilizadores lêem, mas que é essencial para conhecer a que informação têm acesso. "A empresa obtém dados sobre que lojas visitamos, em quais compramos e com que tipo de produtos enchemos o cesto", insiste Esteban. A priori, isto não tem por que ser algo negativo, sempre que o utilizador seja consciente disso e que a informação não seja vendida a terceiros.
No entanto, existe um segundo nível de risco. "Não se sabe quem fez esta extensão on-line e poderia chegar a se dar o caso de que, através delas, se chegue a hackear o utilizador e obtenham a senha que utilizamos no navegador", alerta Esteban. Os navegadores, sabendo da situação, como Chrome, analisam estes complementos à procura de malware, isto é, de software danoso. Na verdade, recentemente o Google eliminou uma extensão muito utilizada, The Great Suspender, por conter este tipo de programa maligno. "Mas o Google não pode analisar o mau uso das condições que aceitámos ", alega Esteban, pelo que o consumidor deve saber o que instala e daí permissões concedidas.
A reivindicação: mais de 100 euros de poupança por ano
Mas, pode a poupança final compensar estes riscos? A Qoala é uma extensão do Chrome criada por uma empresa espanhola para evitar que os consumidores a "incómoda tarefa de encontrar um cupão válido e aplicável à sua compra para poupar alguns euros", contou a este meio Rafael Loiro, um de seus fundadores. Em pouco mais de um ano, este dd-on já conta com 105.000 utilizadores e 3.000 empresas aderentes em 10 países –entre as quais se encontram a Aliexpress, a Amazon, a eBay, a Fnac ou o Corte Inglês-- e calculam que quem a usa poupa em media 112 euros por ano.
Questionado sobre esta questão de privacidade que pode preocupar alguns utentes, Loiro nega qualquer compromisso relacionado aos dados pessoais. "Não vendemos nenhum dado a terceiros nem pedimos informação pessoal. O Qoala usa dados das lojas onde compras e dos produtos que adquires para recomendaá-los e melhorar a experiência", afirma. Também não têm permissão para rastrear o comportamento fora das páginas sites com as quais a extensão trabalha. Quanto à segurança, "existe a mesma probabilidade de que um vírus entre por ter Qoala que em qualquer outro produto da Google instalado, pois a segurança é a mesma", enfatiza. No entanto, é recomendável que o consumidor se informe dos termos da cada extensão que instala, já que pode variar de umas para as outras.
As queixas dos utilizadores
Ainda que a segurança e a privacidade sejam seguramente os aspectos que mais deveriam preocupar os utilizadores, não são os que aglutinam um maior número de queixas na rede. a Consumidor Global reviu as opiniões da TrustPilot sobre algumas destas extensões de compra, como a LetyShops, e a verdade é que são muito variadas. Há utilizadores muito satisfeitos com sua utilização e outros que reclamam algumas melhorias. "Instalei-o no navegador e meses depois tinha quase 50 euros disponíveis para retirar", comomero uma consumidora. "Quando realmente queres fazer uso para uma compra grande, não funciona", queixa-se outro.
"Não vale a pena. Com cashback pequenos, como os da AliExpress, funciona perfeitamente. Mas quando é uma compra um pouco maior, a maioria das vezes, por não dizer todas, é preciso reclamar", concorda outra pessoa. "Cumpre, mas a percentagem de cashback é ridícula com respeito à de outras lojas", afirma outro utilizador. No caso da Qoala, "em geral o feedback que temos recebido é muito positivo", conta Loiro, e a principal queixa é que algumas lojas ainda contam com pouca variedade de cupões, "mas estamos a trabalhar para isso", assegura.