Loading...

Os nutricionistas dão razão ao Ministério da Saúde: nem uma gota de vinho no menu do dia

Os especialistas em alimentação apoiam a recomendação do ministério para fomentar o acesso à dieta mediterrânea sem álcool, uma medida que, por agora, não se tornará efectiva

Teo Camino

Uma mulher serve um copo de vinho tinto / PIXABAY

Recomendar que o vinho e a cerveja não se incluam no menu do dia de bares e restaurantes "é uma proposta sensata por parte do ministério da Saúde, cujo trabalho consiste em promover os menus saudáveis e velar por reduzir o consumo de bebidas alcoólicas", expõe a este meio o médico em ciência e tecnologia dos alimentos, Miguel Ángel Lurueña. Tal como ele, os nutricionistas dão a razão ao Ministério da Saúde e apostam em retirar o álcool dos menus, uma medida que não será cumprida.

Dois copos de vinho branco / PEXELS

"Parece-me estupendo", opina a dietista especializada em educação nutricional, Paloma Quintana, que afirma que a recomendação do Miistério da Saúde pretendia fazer com que o álcool "deixasse de fazer parte da alimentação diária dos espanhóis como mais um prato". Na mesma linha, a doutora em ciência e tecnologia dos alimentos, Beatriz Robles, lembra que, tal como contempla o documento da Saúde titulado Limites de Consumo de Baixo Risco de Álcool, "não há nenhuma dose segura de álcool". Com a evidência científica sobre a mesa, "tomar medidas para reduzir seu consumo é necessário", acrescenta a especialista.

Bendita água da torneira

A forma de excluir o consumo de álcool dos menus de meio dia "pareceria-me-ia um passo em frente muito corajoso na hora de visibilizar os riscos do consumo de álcool", expõe a este meio o professor de nutrição da Universidade San Jorge de Zaragoza, Juan Revenga, que considera que a dieta mediterrânea é um padrão de alimentação saudável apesar do vinho.

Copos de água num restaurante / PIXABAY
 

O vinho e a cerveja não sairão dos menus de meio dia, mas bares e restaurantes terão que oferecer gratuitamente água da torneira, segundo a Lei de Resíduos e Solos Contaminados aprovada a 11 de abril. Uma nova lei que os nutricionistas celebram. "A mim came-me as lágrimas após o ver toda a vida nos filmes americanos, francesas, italianas…", assinala Revenga. "É uma grande notícia", concorda Robles. Ao mesmo tempo, os nutricionistas lembram que há outras medidas que também resultariam úteis, e, sobretudo, benéficas para a saúde dos espanhóis.

Onde estão os anúncios de comida saudável?

Nas coberturas do metro e na televisão só se vêem anúncios de hambúrgueres e de bebidas açucaradas. "Não vemos anúncios de alimentos saudáveis", denúncia Lurueña.

Para reduzir o número de doenças cardiovasculares e de diferentes tipos de cancro "temos que criar um ambiente no qual abundem os alimentos saudáveis e sejam de fácil acesso para todos", explica Lurueña, que considera que este tipo de alimentação saudável e equilibrada precisa de mais promoção para que o não saudável deixe de ganhar terreno.

A quota verde

Outra medida muito simples para comer saudável e combater uma lista inumerável de doenças "é promover que em todas as refeições principais os consumidores possam escolher uma porção de alimentos vegetais", aponta Revenga, que considera que todos os restaurantes deveriam ter uma quota verde e apostar forte nela.

Priorizar os alimentos de origem vegetal "sempre é uma boa opção", aconselha Robles. Na sua opinião, muitas vezes, "optar por duas entradas do menu do dia é a melhor escolha".