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O truque da Hojiblanca para dar um ar premium aos seus azeites
Há um AOVE do grupo Deoleo que custa pouco mais de 6 euros e inclui um selo que não levam outros produtos do supermercado
Muitas vezes o marketing entra na nossa cesta de compras. A maioria dos rótulos que vemos nos produtos alimentares não são mais que adornos visuais que as empresas utilizam para interferir na escolha de compra. É o caso do azeite virgem extra da marca Hojiblanca que usa um truque para captar a atenção do consumidor em forma de selo.
A Hojiblanca pertence ao grupo Deoleo, o maior produtor mundial de azeite virgen extra. Os seus produtos vendem-se na maioria dos supermercados numa gama de preços que vai desde os 5 até os 7 euros. Os seus azeites não são os mais baratos, nem os mais premium, segundo alguns especialistas.
O selo dos azeites da Hojiblanca
Na parte dianteira das garrafas da Hojiblanca o consumidor pode ver de forma rápida um selo. É de cor amarela, para captar biema atenção, e tem dois números. O primeiro é um 2, e refere-se ao grau de frutado do ouro líquido. E o segundo é um 3, e indica o picante que é o produto.
No entanto, esta informação não é obrigatória. A maioria de azeites não o indicam, só os mais premium", explica Natalia Mondragón da loja La Chinata de Barcelona. Os dois azeites mais caros que vende Mondragón indicam estas duas qualidades, ainda que apresentadas de uma maneira mais exaustiva numa tabela numérica e não tipo selo.
A estratégia ou truque de algumas empresas
Para Xavier Ruzafa, organizador dos Prêmios Barcelona Cataluña Selecció e proprietário da loja Orolíquido, isto não é mais que "pura estratégia". Na sua opinião, o consumidor não entende de rótulos no general, e menos ainda, de qualidades do azeite.
Por isso, este especialista considera que a dita afirmação cria um efeito contrário no comprador. "Estes selos enganam o consumidor que pensa que, por levar esta medalha, já é um bom produto".
O picante e o frutado de um azeite
O frutado num azeite faz referência ao cheiro que este desprende. Cada variedade é diferente, mas, no geral, costumam ter um aroma a tomate, erva fresca, banana, maçã ou amêndoa. Ainda que esta característica perceba-se sobretudo no olfacto, também se pode intuir no gosto ou, melhor dito, no retrogosto que o azeite deixa no paladar e a garganta. O picante, pelo contrário, determina a qualidade do azeite virgen extra. "Quanto mais picante mais quantidade de polifenóis terá o azeite. Por isso, um bom azeite tem que picar na garganta", indica Ruzafa.
No caso da Hojiblanca, a pontuação que lhe outorga o seu azeite é baixa. "Estes valores calculam-se numa escala do 1 ao 10. Portanto, neste caso utilizam-se mais como afirmação aproveitando o desconhecimento do consumidor", crítica Ruzafa.
Que rótulos deve levar um bom azeite virgen extra?
O azeite virgen extra (AVOE), tem que definir uma data de consumo preferencial por lei, já que o produto em si mesmo não caduca, ainda que perca propriedades com o tempo. "O azeite virgen extra perde todas as suas propriedades num período de dois anos", diz Ruzafa.
Além disso, com o objetivo de facilitar aos consumidores informação complementar sobre a idade de um azeite, a União Europeia pede também a indicação da data de colheita. "Este sistema vai ajudar a promover a qualidade dos alimentos, a melhorar a confiança dos consumidores, a diferenciar os produtos face a outros semelhantes, a recuperar e potenciar o mercado e a garantir, se for o caso, a retirada seletiva dos produtos", lê-se no real decreto 760/2021.
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