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O superpoder dos champôs caros e outros falsos mitos sobre a higiene do cabelo

Eleger o produto mais saudável para a cada tipo de cabelo é complicado, devido à variedade de preços, marcas e fórmulas

Alejandra Used

champús

Conseguir um cabelo saudável e cuidado é um problema para muitos utilizadores. Enquanto uns procuram prevenir a alopecia precoce, outros querem acabar com o excesso de oleosidade. No entanto, como saber que produto escolher e quanto investir? "O cabeleireiro deve fazer-nos um diagnóstico sobre o nosso tipo de cabelo e os tipos de cuidados que precisa para o manter saudável e bonito. Poder-nos-á recomendar um champô em concreto, bem como hábitos de higiene e cuidados adequados para o mesmo", explica Manuel Mon, dono do cabeleireiro que leva o seu nome em Oviedo.

O segredo na escolha do champô perfeito tem a ver com as reais necessidades da cada cabelo, bem como evitar ingredientes sintéticos, como os silicones, que mascaram os seus efeitos e que, a longo prazo, prejudicam. No entanto, é importante recordar que certos produtos baratos também são adequados e não é preciso gastar uma fortuna para exibir um cabelo saudável. "Os champôs baratos, ou vendidos nas grandes superfícies, não são nocivos. A sua composição é adequada ao uso frequente e útil para o consumidor regular", explica o doutor Antonio Ortega, dermatólogo da Clínica Menorca de Madrid.

Diferença de preço

Cada espanhol gasta em média 150 euros por ano em cosmética de grande consumo. Deles, 24% são investidos em géis, champôs e higiene dental, segundo o relatório Beauty Obsession elaborado pela AAE Business School. No geral, as marcas de produtos para cabeleireiros usam agentes de limpeza mais suaves e em quantidades mais concentradas. No entanto, pagar 300 euros pelo luxuoso Tem Voss ou 150 euros pela proposta de gama altade Philip B, excedem em muito, o orçamento médio e habitual da maioria dos consumidores.

Mas os especialistas recordam que não é necessário lavar o cabelo todo os dias, pelo que um champô pode durar bastante tempo. "Lavar o cabelo com demasiada frequência pode criar dermatitis e excesso de porosidade", explica à Consumidor Global o cabeleireiro Renato Noz, dono do espaço com seu próprio nome, em Madrid.

'Dicas' para eleger o champô adequado

"Na hora de escolher um cosmético de limpeza não importa tanto o preço, como o tipo de cabelo em particular e suas necessidades concretas", indica o estilista e cabeleireiro Noz. O segredo está na zona próxima à raiz do cabelo e identificar se o cabelo é normal, seco ou oleoso. Além disso, há que ter em conta outras questões como se se trata de um cabelo encaracolado ou liso, apresenta frizz ou é tingido.

Por último, é recomendável "ter um champô mãe e outro segundo para não se acostumar ao Ph do couro cabeludo", acrescenta Noz. E se se sofre de alguma patologia, antes de escolher entre um champô de centos de euros ou de menos de três, a dermatologista Ortega aconselha ir ao médico especialista para receber um tratamento específico. Nesse caso, o importante não é o que se investe no produto, senão primeiro encontrar o problema e depois encontrar a melhor solução.

Formulação

"A principal diferença entre uns champôs e outros reside na formulação, composição e concentração de ativos", explica Pelayo do Poço González-Gruta, vogal do Colégio de Farmacêuticos de dermofarmacia de Astúrias. Assim, por exemplo, os champôs que se vendem em farmácia fazem parte de tratamentos capilares que estão endossados por estudos que comprovam a eficácia e segurança do dito produto.

Enquanto isso, os produtos naturais também costumam ser mais caros. Os ingredientes orgânicos têm o seu reflexo no preço que sobe quanto mais alta é a dose, sobretudo se são componentes certificados. No entanto, "algumas marcas utilizam quantidades baixas de certos ingredientes, como canabidiol, só para que apareça no rótulo, ainda que não contenha a dose adequada e os benefícios não se notem", afirma Armam Puzic, CEO da assinatura cosmética In The Wild.

Fator psicológico

Alguns champôs contam com muita investigação detrás e trabalham com activos muito específicos e difíceis de conseguir, e isto é o que faz com que sejam mais caros. Mas em outros casos simplesmente trata-se de uma estratégia de marketing. "A publicidade que investem as marcas nesses produtos afeta o preço final. Da mesma forma, há que ter em conta outros parâmetros como o desenho do packaging e a fabricação", indica Helena Reis, CEO de My Organics. Neste sentido, fabricar grandes quantidades resulta mais económico do que optar por poucas unidades de um produto.

Além disso, no caso de um champô de 200 euros, o valor emocional também tem um grande peso. De um ponto de vista racional, o custo de produção não está justificado. "98% das vendas deste tipo de produtos deve-se ao fator psicológico ou motivacional", sublinha Josué Gadea, autor do livro Venda por Valor. Estes produtos têm como foco o desejo, isto é, em como luzirá o cabelo e tudo o que isso pode supor. "Às vezes, os consumidores estão dispostos a pagar o que for preciso para solucionar esse problema, para conseguir aprovação social ou a sensação de ser superior", acrescenta Gadea.