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O preço da luz dispara a instalação de painéis solares: é um investimento rentável?

A única solução para reduzir a dependência das companhias eléctricas é optar pelo autoconsumo através da energia fotovoltaica

Teo Camino

Painéis solares ao sol / PIXABAY

São tempos escuros. De incerteza e penumbra. De ausência de luz. E isso que, no Ocidente, tal como escreveu o japonês Junichiro Tanizaki, "o mais poderoso aliado da beleza foi sempre a luz". Nunca antes as máquinas de lavar se atrasaram tanto --os preços menos altos costumam ser de madrugada--. Para ler na cama e chegar ao fim de mês há que forçar a vista e apertar o cinto. Enquanto as guerras pela escassez de água já são uma realidade nalguns países, em Espanha trava-se a batalha da luz.

Durante as últimas semanas, cada dia foi o mais caro da história da eletricidade. O megawatt-hora (MWh) supera os 150 euros, três vezes mais que há um ano. O impacto do custo de emitir CO2, a cotação internacional do gás e o desajuste da oferta e a procura são os principais responsáveis por estes preços recorde. No marco desta crise, o Governo aprovou um plano de choque --redução do IVA, suspensão do imposto de produção elétrica e um desconto no imposto da eletricidade-- para tentar que a subida de preço não se transfira para a fatura dos consumidores, mas "se a luz continua com tendências de alta, como se prevê que seja até o próximo março, pouco ou nada ajudarão as medidas do Governo", expõe à Consumidor Global Josep Maria Català, especialista em economia e professor da UOC, que afirma que a única solução é a instalação de painéis solares.

Painéis solares num edifício / PIXABAY

O autoconsumo elétrico está no auge

Ainda que nos países do norte de Europa, com menos horas de sol, haja muitos mais painéis solares, Espanha é um mercado jovem cujo crescimento se acentuou por causa dos preços proibitivos da luz. "Neste ano duplicou-se a procura em relação a 2020", aponta Javier Domínguez, porta-voz da empresa MCambio Energético, especializada em instalações fotovoltaicas.

Os especialistas concordam em que as instalações se levam a cabo principalmente em moradias unifamiliares e em indústrias. "Em comunidades de vizinhos ainda é algo incipiente porque o autoconsumo partilhado está muito verde", detalha Domínguez. Com os painéis solares reduz-se a dependência com as grandes empresas energéticas, ainda que ainda não esteja "tão difundido como deveria", critica Català.

Quanto custa colocar um painel fotovoltaico?

Instalar painés solares em casa custa entre 3.000 euros --os mais básicos-- até 8.000 euros, um investimento considerável num sistema que tem uma vida útil entre 20 e 25 anos. "É como comprar uma casa, vale a pena se se informar bem para que seja um produto de qualidade", aponta Domínguez sobre um produto cujo rendimento se aperfeiçoou.

Se a instalação tem lugar numa comunidade de vizinhos, os custos disparam-se até os 12.000-15.000 euros e costumam incluir baterias para recolher os excedentes. É que, desde março de 2020, existe um real decreto pelo qual as pessoas que tenham uma instalação fotovoltaica para consumo próprio devem receber uma compensação económica por parte das companhias eléctricas pelo excedente de energia produzida pelos seus painéis, que termina injetada na rede eléctrica geral. "Por isso muitas eléctricas oferecem a instalação gratuita nas comunidades de vizinhos e oferecem descontos na fatura", explica Català sobre uns excedentes que as companhias pagam a um preço baixo, mas que podem significar uns rendimentos mensais entre 15 e 20 euros para um particular.

Uns funcionários instalam painéis solares num edifício / PIXABAY

Um painel solar paga-se sozinho?

Um painel solar tem que se entender como um investimento e não como uma despesa, "porque se amortizam em 5 ou 6 anos numa casa regular, e com os preços atuais da luz, inclusive em menos tempo", afirma Català. Assim que a instalação é feita, a fatura de electricidade costuma reduzir-se entre 40 e 60%. Com uma instalação bem dimensionada, "a fatura pode chegar a ser zero nalguns meses no ano", aponta Domínguez. Tal como afirmam os especialistas, ainda que o autoconsumo 100% seja possível, requer um grande investimento e não faz sentido.

Com o autoconsumo "baixa a necessidade de compra e a fatura da luz. Muitas eléctricas alternativas oferecem ajudas aos particulares interessados em instalar painéis solares, e as grandes, ao ver que perdem quota de mercado, também se introduzem neste setor", explica Català, que pensa que Espanha tem a possibilidade de gerar electricidade através de energias renováveis, mas que a produção não está incentivada.