Faz um lustro pedir-se um menu vegano ou vegetariano era sinônimo de ser um bicho raro. No entanto, em 2021 esta prática é do mais habitual. De facto, em Espanha quase um 10 % da população considera-se veggie e um 35 % dos espanhóis têm reduzido ou têm eliminado o consumo de carne, principalmente vermelha, de sua dieta diária.
Esta tendência, à que alguns chamam revolução verde, já está presente a muitos supermercados. Algumas correntes, como Lidl, contam com sua própria linha vegetal. Mais especificamente, My Best Veggie e está composta por 40 produtos. De todos eles, no entanto, há um que se voltou muito popular: o escalope vegetal. A simples vista, parece um trozo de frango empanado, com uma textura e um aspecto carnosos. Mas, como se parece realmente à versão de carne? Que composição tem elegido a companhia?
Um clon dos escalopes de frango
Os escalopes de My Best Veggie vendem-se em packs de duas unidades e têm um preço de 1,99 euros. Apresentem-se numa embalagem de plástico transparente com um cartón acima de cor amarela. Como recurso estilístico, no packaging aparece a foto destes empanados já cozinhados junto com um limão e uma acelga --ainda que nenhum destes dois alimentos aparece na lista de ingredientes do produto--.
Este produto está composto, num 64 %, de leite desnatada, pan rallado, azeite de girasol, proteína texturizada de trigo, almidón, especiarias, clara de ovo e sal. Ademais, tem conservantes, aromas e aditivos. A julgamento de Beatriz Robles, tecnóloga dos alimentos e divulgadora científica, os aromas e as especiarias que tem utilizado Lidl são os responsáveis por que este alimento plant based se pareça tanto, em sabor, ao frango. No entanto, é impossível conhecer que mistura tem usado a corrente alemã. "As empresas não estão obrigadas a identificar os aromas no etiquetado de seus produtos", afirma esta experiente. E o mesmo ocorre com as especiarias. "Se não se utiliza mais de um 2 % de especiarias, o fabricante não tem a necessidade de dizer quais emprega", recorda Robles. Desta maneira, a receita de Lidl é um segredo para os consumidores.
Enganar aos sentidos
Aparte do uso de aromas e especiarias, Patricia Ortega, nutricionista especialista em alimentação vegana e vegetariana, considera que empanar o produto consegue disfarçar a matéria prima utilizada.
Segundo esta experiente, para "clonar" um plato é necessário ter em conta as propriedades organolépticas do mesmo. Isto é, igualar o sabor, a textura, a cor e o cheiro que produz um determinado alimento ao paladar. "Graças ao empanado, neste caso o consumidor tem a sensação de que consome um filete de frango tradicional, ainda que não seja assim", insiste.
Propriedades nutricionais
O escalope vegetal de Lidl contém, pela cada 100 gramas, 185 kilocalorías, 7,4 gramas de gorduras -- com uma grama de saturadas -- 0,8 gramas de açúcar, 3,8 gramas de fibra e 1,2 gramas de sal. A nível nutricional, Ortega considera que é um alimento ultraprocesado e, por tanto, seu consumo deve ser reduzido. "Menos o leite desnatada, o resto dos ingredientes são farinhas refinadas e proteína de trigo, que tem uma composição alimentar pobre", sublinha também Robles.
Ademais, chama a atenção o nível de sal. "Contém mais de 1,2 gramas pela cada 100 de produto e isso é uma quantidade ingente", afirma Ortega. Por outro lado, ambas experientes advertem de que o azeite de girasol outorga ao produto "gorduras de baixa qualidade e pouco nutritivas". Não obstante, Roubes considera que este tipo de artigos pode atrair a quem estejam em processo de passar a uma dieta vegetariana. "Pode ser um alimento de indulgência, mas pouco mais", conclui.