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O alto preço de um crédito rápido para sair de um apuro económico

Este tipo de financiamento caracteriza-se pela rapidez e facilidade da concessão, mas é essencial ler os detalhes para evitar sustos com o retorno

Mónica Timón

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A figura do agiota existe hámuitos anos, quando comerciantes e agricultores faziam empréstimos das suas colheitas para garantir a alimentação futura. A invenção do dinheiro mudou alguns aspetos, mas manteve a essência: o agiota moderno deixa capital para outra pessoa em troca da devolução dessa quantia com juros.

Principalmente em tempos de crises, assim como no verão e Natal, os micropréstamos são uma alternativa de financiamento muito comum. A agilidade e facilidade da sua aplicação servem de reclamo para quem precisa de liquidez com urgência. No entanto, este dinheiro rápido tem um truque e é que seu preço costuma ser muito mais alto a outras formas de empréstimo.

Uso responsável

A maior parte dos empréstimos rápidos são créditos ao consumo, isto é, destinam-se à compra de bens ou serviços, explica à Consumidor Global Joan Llobet, diretor do Mestrado em Direção económica e financeira da empresa da Universitat Oberta de Cataluña (UOC). Este tipo de financiamento caracteriza-se pelo fornecimento de valores reduzidos, pela rapidez da concessão  e por uma análise de risco por parte do utilizador praticamente inexistente. "Não perguntam quase nada e admitem clientes cadastrados na Asnef e outras listas de inadimplentes, isto é, com inadimplências declaradas", critica Llobet.

Contando que sejam usados com inteligência, estes empréstimos podem ser de grande utilidade para sair de um apuro económicou. O problema surge quando se utilizam para aumentar o nível de vida --acima do que se pode pagar--, para devolver outro crédito ou para jogar, acrescenta Llobet. Na verdade, são conhecidos os casos de pessoas com dívidas de milhares de euros por culpa do jogo on-line.

A importância dos detalhes

Embora a contratação seja totalmente legal, "há um segmento de produtos com os que se deve ter cuidado", alerta Patricia Suárez, presidenta da Associação de Utentes Financeiros (Asufin). Trata-se dos minicréditos, os créditos rápidos, os chamados cartões rotativos ou operações como a reunificação de dívidas. Na opinião de Suárez, todos eles coincidem em prometer soluções instantâneas geralmente por meio de créditos "muito caros ou com taxas de juro exorbitantes".

Para evitar valores inesperados, "há que ler sempre as letras pequenas dos contratos", enfatiza esta especialistas. Assim, deve-se sempre atender à Taxa Anual Equivalente (TAE), que oferece o preço real do crédito, incluindo a taxa de juro e as diferentes comissões. "Na TAE é onde normalmente se encontra a armadilha financeira", concorda Llobet. Este professor da UOC alerta para não se deixar levar pelos anúncios publicitários. "Há quem venda o produto com 2% de juros, mas não esclarecem com que frequência se paga. Se é mensal, o TAE será de 24% e o custo final será bem mais elevado ao que se pensava", lamenta. Além disto e como regra geral, Suárez aconselha evitar a contratação de muitos cartões, controlar a dívida contraída e amortizá-la em prazos curtos na medida do possível.

Os perigos do sobreendividamento

O principal risco da contratação deste tipo de produtos é o custo extra. As taxas de juro, segundo a presidenta da Asufin, podem ser superiores a 70% no caso de um microcrédito. Além disso, o gancho habitual de muitas operadoras para atrair clientes com rapidez é oferecer um primeiro empréstimo a custo zero. No entanto, seu modelo de negócio reside é que os clientes repitam no futuro.

Esta dinâmica conduz diretamente ao perigoso efeito bola de neve, que gera uma acumulação de dívidas pela incapacidade de quitar as anteriores. Como alternativa, é preciso lembrar que a banca tradicional também conta com produtos financeiros sob medida para as pequenas familias, como os cartões de crédito que liquidam a dívida mensalmente sem gerar juros. "Nesses casos, o banco deve asesorar muito bem o cliente, mas as empresas de crédito instantâneo operam fora do setor financeiro tradicional", critica Suárez.

O controle do setor

Faz anos que as empresas do sector se uniram no âmbito de um grupo profissional, a Associação Espanhola de Micropréstamos (Aemip), que trabalha com empréstimos inferiores a 500 euros e devolução numa única quota mensal. "Damos resposta a uma necessidade social concreta ao dar financiamento a pessoas que, devido aos restritivos requisitos da banca tradicional, ficariam excluídas", gaeante Aemip a este meio. Esta organização encarrega-se de garantir "a protecção do sector e dos seus clientes" através do cumprimento obrigatório de um código de ética que afecte as políticas publicitárias ou de cobrança de dívidas. Contam além disso com um ficheiro, baptizado com o nome de Eficaz, de autoproteção de pessoas que não se consideram aptas para a obtenção de um microempréstimo. "Este ficheiro pretende evitar que pessoas com determinadas vícios realizem solicitações em momento de debilidade", esclarecem.

O controle do setor e a responsabilidade individual ajudam a fazer um uso responsável deste tipo de financiamento. Mas, já que este tipo de empréstimos não estão avalados pelo Banco de Espanha, é importante comparar sempre as condições com outras ofertas semelhantes, ler e certificar-se de que compreendeu as condições do contrato antes de dar o consentimento e planear a situação financeira para evitar a inadimplência e o superendividamento, já que, em última instância, o cliente deverá responder com seu património presente e futuro.