Quem nunca desejou alguma vez ter uma cor de olhos diferente da que vem de nascimento ? Azul claro, escuro, verde oliva ou esmeralda, o que se preferir, porque o tom dos olhos já não será exclusivamente uma questão de genética graças à técnica da ceratopigmentação.
Conhecido como tatuagem da córnea, este procedimento tem sido utilizado desde há anos para melhorar a aparência cosmética das pessoas cegas com leucomas. No entanto, agora a ceratopigmentação já se considera uma prática mais vinculada à cirurgia estética. "Nasceu com fins terapêuticos, mas descobrimos que também podia ter futuro na medicina cosmética". Fala Jorge Aliou, professor e catedrático de Oftalmología da Universidade Miguel Hernández de Elche, que desenvolveu uma técnica pioneira a nível mundial para colorir a córnea através do laser.
Quanto custa?
Mudar a cor dos olhos custa ao redor de 5.000 euros. Todas as cores têm o mesmo preço, ainda que as mais procuradas sejam "os claros e os verdes oliva". A intervenção dura apenas 20 minutos e realiza-se através um laser e uns pigmentos especiais elaborados por um laboratório francês. "Demoramos 14 anos em desenvolver os pigmentos, não podem ser uns qualquer", avisa o médico.
E ainda que se possa pigmentar qualquer cor, o especialista avisa: "Não vou aplicar uma cor rosa, apenas cores naturais. Gosto que os meus pacientes saibam o que querem e que tenham claro que isto é irreversível".
Os riscos da ceratopigmentação
Sobre os riscos que implica esta técnica, Aliou afirma que "atualmente, o tratamento tem muito poucas complicações. No início, a cor do olho variava como os pigmentos não eram adequados. Hoje em dia a complicação dos pigmentos foi superada".
Na maioria dos casos, se há alguma complicação, é porque "não é feito por um especialista de córnea, o único que pode intervir nesta operação". Ainda que entre os riscos esteja contemplado o desprendimento de córnea ou inclusive a cegueira. Isso sim, este especialista alerta que a coloração "não muda a visão, nem a dioptría do paciente".
Uma prática ainda disruptiva
"Em toda minha vida realizei mais de 50.000 operações mas apenas 3.000 foram de ceratopigmentação. Ainda é uma prática disruptiva, no entanto em breve poder-se-á mudar de olhos à carta", afirma Aliou.
Como anedota, o médico lembra que um dos seus clientes foi um soldado americano que estava alocado enom Afeganistão e se apaixonou por uma local:"Tiveram um filho, de olhos negros como a mãe . E parecia muito estranho ao menino que todos os membros da sua família tivessem os olhos escuros menos o seu pai, que os tinha azul claro. De modo que o homem veio à consulta e escureci-os".