A desinformação está em todo o lado --especialmente nas redes sociais e numa infinidade de websites--. Mas também nas crenças populares mais arraigadas. Por isso, na hora de informar sobre a alimentação durante a gravidez, ser autodidacta não atinge, e colocar-se nas mãos de profissionais é mais que uma mera recomendação.
A seguir, quatro nutricionistas especializados nessa etapa tão especial de nove meses nos quais a mulher dá forma e vida a um bebé, revelam os grandes mitos sobre a alimentação durante a gravidez que ainda perduram e podem pôr em risco a saúde das futuras mães e dos seus descendentes.
Hidratos de carbono não, que engordam
"Não se devem comer hidratos de carbono porque se sobe de peso é um mito bastante difundido", expõe a dietista e membro de Doctoralia, Karen de Isidro, que lembra que a partir do segundo trimestre a dieta das grávidas costuma aumentar em 300-500 quilocalorias, no máximo.
De facto, os hidratos são vitais durante a gravidez, pois proporcionam a energia necessária tanto à mãe como ao feto para o seu correcto desenvolvimento. A falta de carbohidratos durante o processo de gestação costuma associar-se a crianças com baixo peso ao nascer. São recomendáveis os hidratos presentes nos legumes, em massas , arrozes e cereais integrais, e evitar os simples (açúcar).
Comer por dois
Clássico entre os clássicos. "O principal é o de comer por dois quando se está grávida. Não é verdade. Uma coisa é o pequeno aumento de quilocalorias do segundo e terceiro trimestre, e outra muito diferente, o de comer por dois", alerta a nutricionista membro da junta directora do Colégio Geral de Nutricionistas de Valencia, Lis Zamora.
Esta crença popular pode levar a "uma ingestão desmesurada, a sobrepeso e obesidade, e pôr assim em risco a saúde da grávida", acrescenta a especialista sobre o ganho de peso em excesso na gravidez, que não é recomendado. E isso inclui outro mito como o de aumentar um quilo por mês, que "também não é verdade", aponta a dietista e directora do centro que leva o seu nome em Barcelona, Júlia Farré.
Beber álcool a partir do terceiro mês é bom
O de que se pode tomar álcool a partir do terceiro mês "também é falso", expõe a especialista em nutrição e dietética no Centro Médico Multiconsulta de Zaragoza e membro de Top Doctors, Mónica Ferreiro Martínez. "Há suficientes estudos científicos para saber que há que evitar o álcool ao longo de todo a gravidez", acrescenta a perita.
Ainda que às vezes dá-se permissão para um copo de vinho, "é um erro e não dever-se-ia tomar", insiste De Isidro, que explica que o álcool é totalmente desaconselhado porque passa através da placenta e pode provocar abortos, baixo peso ao nascer ou malformações.
Desejos, sardas e manchas
Durante os nove meses da gravidez pode mudar a apetencia ou rejeição de determinados alimentos. Os altos em gorduras, em especial, costumam apetecer mais. Como também os salgados. A estas mudanças de gosto provocados pelo cheiro, a consistência ou o sabor, as pessoas costumam-os denominar de desejos.
Tradicionalmente, disse-se que, "se a grávida não satisfaz os desejos que tem, ao menino sair-lhe-ão sardas ou manchas que adoptarão a forma do alimento desejado. "Claro, é um mito", aponta Farré, no caso de alguém ter alguma dúvida.
Se já era sedentária antes, agora também
Não tem nada que ver com a alimentação, mas também está bastante difundido e há que o desmentir. Que a mulher que era sedentária antes da gravidez não pode fazer exercício durante o período de gestação, obviamente, "também é totalmente falso", aponta Ferreiro.
Algumas pessoas, inclusive, acham que, se não se praticou antes, fazer exercício durante a gravidez pode aumentar o risco de aborto natural. Se for feita uma distinção entre gravidezes normais e aquelas que têm uma patologia e requerem recomendações específicas, "fazer exercício moderado todos os dias é uma recomendação importante", diz o nutricionista do Centro Médico Multiconsulta em Saragoç