O professor de economia da Universidade de Barcelona (UB) Gonzalo Bernardos tem posto data ao final da borbulha imobiliária em Espanha: "o preço da moradia baixará um 5% a fechamento de 2023 e as transacções um 15%".
Segundo as previsões de Bernardos, neste contexto de encarecimiento da vida e do financiamento, o descenso da demanda levará a uma redução interanual do preço médio da moradia à venda de 5% a fechamento de 2023 e de 3% a fechamento de 2024. Ademais, as transacções baixarão um 15% neste ano e um 10% interanual no ano que vem. "A baixada da demanda notou-se em todos os principais mercados do país. Por isso em cidades como Barcelona e Madri a presença de estrangeiros aumenta seu protagonismo porque a demanda nacional baixa", afirma o economista.
Uma classe média "afogada"
Por outra parte, o experiente alerta de que nas grandes cidades espanholas "se está a especular com o preço da moradia e se está a afogar à classe média, lhes pedindo 350.000 euros por um andar de 50 metros quadrados, um preço de 7.000 euros por metro quadrado que dantes estava reservado para o sector luxo".
Neste sentido, Bernardos incide em que o mercado vai ter " falta de oferta, pois só se promoveu novo solo para a construção de moradias nas áreas metropolitanas de Madri e Málaga".
Hipoteca-las
No marco do acto organizado pelo Conselho Geral dos Colégios Oficiais de Agentes da Propriedade Imobiliária de Espanha, o economista sublinha que "as taxas de juro têm subido e a predisposición dos bancos para conceder hipotecas tem baixado".
Mais especificamente, Bernardos explica que "a banca tem entrado em pânico imobiliário por possíveis repuntes na morosidad em detrimento de seus benefícios e está a ser muito prudente. Pese a que as entidades estão a apresentar cifras recorde de benefícios, não há hipotecas ao 90-100% do valor da moradia. Dão-se pelo 80% do valor e a perfis cujos rendimentos netos mensais tripliquen o custo da quota hipotecaria".
A recessão imobiliária
Nesta linha, Gonzalo Bernardos assegura que "Espanha tem entrado em recessão imobiliária porque agora a cidadania pode pagar menos, não porque tenha uma alta taxa de desemprego nem porquê ao sector económico lhe vá mau, sina pelo problema principal que afecta à venda de moradias: o crédito".
Finalmente, o economista tem feito uma radiografia a nível global. "A guerra entre Gaza e Israel não vai ter impacto no mercado imobiliário espanhol. Alemanha está em clara recessão e segue sem recuperar seu PIB prévio à pandemia. Enquanto, Chinesa tem uma borbulha imobiliária bem mais elevada que Espanha no 2006 e Estados Unidos não chegará a entrar em recessão, mas a está bordeando".