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Fundação Mapfre exclui as famílias monoparentais dos seus descontos: "É discriminação!"
Várias utilizadoras denunciam a impossibilidade de aceder à redução de preços de que muitas mulheres beneficiam nas exposições culturais da multinacional espanhola.
Uma grande reviravolta do possível é a exposição que Mónica T. escolheu visitar junto com a sua filha adolescente no KBr, o novo Centro de Fotografia da Fundação Mapfre em frente ao Porto Olímpico de Barcelona. Ao ir comprar as entradas para a mostra da artista norte-americana Carrie Mae Weems, famosa pelas suas fotografias carregadas de crítica ao sistema, "vi que figurava um desconto para famílias numerosas e pedi um desconto de monoparental", relata a mãe.
"Disseram-me que não, que só o aplicavam às numerosas", acrescenta a afetada, que explicou aos empregados da Mapfre que, na Catalunha, quanto a direitos e descontos, "as famílias monoparentais e as numerosas estão equiparadas em certos aspectos". Pode Mapfre oferecer descontos a uma tipologia de família e negar-lho a outra?
"Existe discriminação"
"O da Mapfre com as famílias monoparentaos é discriminação", expõe a presidente da Associação Catalã de Famílias Monoparentales, Elena Vale, que explica que com o Museu da Ciência de Barcelona (CosmoCaixa) lhes aconteceu o mesmo: "vieram vários consumidores queixando-se de que faziam descontos a famílias numerosas e não a monoparentais".
Na Galiza, Aragão, a Comunidade Valencia, Catalunha, Baleares, Cantabria e Navarra "há uma definição própria e uma bolsa de família monoparental, mas, por agora, até que se aprove a nova Lei de Famílias, não há um reconhecimento a nível estatal", lamenta Vale. Por este motivo, as empresas privadas "não estão obrigadas a equiparar os descontos", diz a advogada e vogal da Subcomisión do Conselho Geral da Advocacia Espanhola (CGAE) sobre Direitos dos consumidores Rosana Pérez Gurrea, que reconhece que, a nível prático, "pode ser que as famílias monoparentais se sintam discriminadas".
O preço é o de menos
Ao não poder aceder ao desconto, Mónica T. pediu a folha de reclamações. "Eu preenchi-a e eles deram-ma preenchida e assinada para que eu a pudesse apresentar ao Gabinete Municipal de Informação ao Consumidor (OMIC) da Câmara Municipal de Barcelona", prossegue a afectada. Da Associação Catalã de Famílias Monoparentales "recomendamos que façam a queixa no Síndic de Greuges, mas numa OMIC também serve", aponta Vale.
O tratamento dos empregados da Fundação Mapfre foi "correcto" e "muito cordial", relata Mónica T. O desconto, os dois euros de diferença --a entrada custa 5 euros para famílias monoparentais e 3 para as numerosas--, "é o de menos. O que incomoda é a discriminação", prossegue a afectada. Como ela, María José S. foi ao novo Centro de Fotografia de Mapfre e encontrou-se com o mesmo problema. "Existe discriminação", diz.
A postura da Fundação Mapfre
Quando as queixas de ambos os utilizadores foram transmitidas à Fundação Mapfre, da multinacional dos seguros apontam que "a maioria das instituições culturais aplicam promoções e descontos semelhares".
A Mapfre assegura que "todos os anos analisamos as necessidades dos nossos visitantes e estabelecemos novos critérios de descontos ou gratuidade". No entanto, "ainda é cedo para poder dar uma resposta firme, mas analisaremos com atenção as petições que este grupo --pelas famílias monoparentais-- propõe", declaram.
Multinacionais que oferecem descontos a famílias monoparentais
Por sorte, "há empresas multinacionais que fazem esta política de reconhecer as famílias monoparentais", explica Vale referindo-se a empresas como McDonald's ou Burger King, que oferecem descontos a este tipo de família.
Do mesmo modo, empresas como Veritas, Caprabo ou o parque de atrações do Tibidabo também aceitam a bolsa monoparental e oferecem os mesmos descontos das que beneficiam as famílias numerosas.
A nova Lei de Famílias
Olhando para 2023, "a ideia do Governo de Espanha é considerar as famílias monoparentais como numerosas e ampliar a gama de benefícios dirigidos a este tipo de família", lembra Pérez Gurrea. De facto, o termo "família numerosa" da lei de 2003 passará a denominar-se "famílias com maiores necessidades de apoio parental". Uma mudança de denominação que visa, dentro da Lei de Famílias, dar uma maior proteção social a mais famílias.
Mais especificamente, a secretária de Estado para a Agenda 2030, Lilith Verstrynge, dá como exemplo o caso das famílias monoparentais, dado que uma mãe solteira com filhos a seu cargo recai tem mais responsabilidade e tarefas, o que também deve levar a que seja recebida mais ajuda. Por sua vez, Verstrynge considera que a Lei de Famílias é uma das mais importantes impulsionadas pelo Governo, pois vai ao "material e concreto" com o com a implementação de mais benefícios e opções para cuidar dos membros da família e conciliar o trabalho e a vida pessoal.
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