Às vezes, o consumidor precisa uma ajuda económica extra. Para cobrir esta necessidade, Movistar lançou em 2019 uns créditos ao consumo com os que oferecia a seus utentes a possibilidade de adquirir até 5.000 euros em menos de 48 horas de forma totalmente on-line. A companhia telefónica aumentou a quantia do empréstimo aos 7.000 euros em 2021 e tem lançado recentemente uma campanha de SMS e correios para informar aos utentes sobre esta possibilidade.
O empréstimo de Movistar Money baseia-se em que o utente possa obter on-line num prazo dentre 24 e 48 horas milhares de euros a devolver em quotas de 24, 30, 36, 42 e 48 meses. Por esse empréstimo, a companhia aplica uns interesses que vão desde o 7,12 % até o 16,48 % TAE. Segundo a informação que oferece Movistar, por 5.000 euros a devolver em 42 meses, o cliente pagará 600 euros mais. Mas se a TAE é de 16,48 %, o custo total a devolver somará quase 1.500 euros extra.
Assim funcionam os créditos de Movistar Money
Desde Movistar asseguram que este serviço, exclusivo para seus clientes, lhes facilita poder solicitar um empréstimo pessoal em qualquer momento sem vincular a nenhum banco, e fazem questão do diferenciar de um microcrédito. "Os microcréditos, pelo geral, oferecem uma quantia mais reduzida e de menor duração", sustentam desde a companhia.
Quanto à razão que tem levado a criar este novo serviço, desde a empresa de telecomunicações declaram que é uma aposta para "seguir facilitando a vida dos clientes, permitindo solicitar um empréstimo com óptimas condições económicas de forma ágil, rápida e segura".
A opinião dos experientes
Apesar destas aparentes facilidades, parece que o crédito de Movistar Money não sempre é tão oportuno. Segundo o advogado Roberto Gómez Cales, no Capítulo 19.4 do Boletim Estatístico do Banco de Espanha estabelece-se que o interesse médio para as operações de créditos ao consumo a novembro de 2021 se situa entre o 2,46 % e o 6,43 %, mas os de Movistar Money são mais altos.
"Estes se podem considerar usurarios e o consumidor pode os reclamar", enfatiza Gómez Cales. E recorda que muitos terminam endeudándose ao não poder os pagar ou os devolver.
Um reclamo publicitário que há que olhar com lupa
Por sua vez, o economista Gonzalo Bernardos explica que este tipo de serviços costumam ser demandados por pessoas que não gerem bem seu dinheiro. Estas devem ter muito cuidado com as estratégias de Movistar para captar a seus clientes. Se o utente vai a sua página site, verá que a entidade lhe permite calcular quanto lhe pode custar o empréstimo. No entanto, em dita calculadora o primeiro que aparece é a TAE do 7 %. Isto, analisa Bernardos, "é um reclamo publicitário: estão a indicar a melhor oferta como se fosse a normal, quando o que costumam cobrar é o máximo, isto é, o 16 %". Esta cifra, reconhece, é menos do que cobram outras entidades, com umas TAE que se encontram em torno do 20 ou ao 22 %.
Segundo o economista, Movistar meteu-se neste negócio pela facilidade que tem para prestar este serviço com os dados que maneja. "Utilizam o conhecimento prévio que têm de seus clientes para ver se podem dar o empréstimo e quantos interesses podem aplicar", assinala. De facto, o especialista considera que o mercado de créditos ao consumo vai seguir a senda de Movistar e se vai afastar das entidades financeiras. "Estamos num processo de desintermediación financeira no que aparecem a cada dia novos operadores, como Movistar, que oferecem as mesmas prestações que os bancos", observa.