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Crise dos microchips: as mesas de misturas já são mais caras na Wallapop que nas lojas
A escassez de semicondutores deixa as lojas de som sem stock e inflaciona as vendas em segunda mão, enquanto os especialistas falam de um problema "a longo prazo" devido à acumulação de encomendas
Antonio C. tem um pequeno grupo de rock com o qual fazem concertos em formato eléctrico e acústico por toda a província de Almería. No verão, a banda decidiu investir em equipamento para realizar digressões por mais cidades e melhorar o seu palco e som ao vivo. No entanto, a crise dos microchips voltou a afetar os planos dos músico. Estão há mais de seis meses à espera de uma mesa de misturas da loja on-line alemã Thomann e ainda não sabem quando poderão contar com ela.
"Lamentavelmente, o nosso fornecedor não nos pode garantir o fornecimento nos próximos três meses. Recomendamos-lhe que procure uma alternativa à nossa loja". É a mensagem que receberam esta semana da parte da loja. É que a escassez de semiconductores está a deixar dos negócios especializados em som sem stock desde há quase dois anos. Esta situação tem empurrado a venda de segunda mão em portais como a Wallapop ou Milanuncios, onde os preços destes produtos já são mais caros que se se compram novos.
As lojas de som continuam sem stock
Assim o afirmam as lojas e assim o confirmam os clientes. "É uma realidade, as mesas de som já são mais caras se se compram de segunda mão que novas, é uma situação nunca vista", diz à Consumidor Global José Miguel Guevara da loja Plastic Shop de Barcelona.
"O mercado da segunda mão está a tornar-se cada vez mais prevalecente e há casos em que as pessoas estão a especular para ganhar dinheiro. Inscrevem-se em listas de espera para conseguir uma mesa e vendem-nas imediatamente a um preço mais elevado no Wallapop", descreve Guevara.
"As fábricas não conseguem acompanhar o ritmo"
Este especialista acha que o problema já não é tanto pela crise dos semiconductores, mas sim à acumulação de encomendas. "A bola tornou-se tão grande que as fábricas não conseguem acompanhá-la e isso afecta as marcas de uma forma ou de outra", sublinha o proprietário da loja de Barcelona.
A Pioneer é a marca mais falada nesta crise do som. "É a mais famosa, a que mais se pede e com a qual mais problemas há", conta Rogelio Fernández, responsável pela Based DJ em Málaga, que afirma que o problema continua sem melhorar. "Os fabricantes prometem-nos umas datas, mas não as cumprem, é um desespero constante", aponta.
Os preços mantêm-se
No caso da Plastic Shop, a marca que não dá "nenhuma informação" é Denon. "Não sabemos absolutamente nada sobre estas pessoas. A Pioneer ao menos orienta-te com o stock que te vai entrar em cada mês, mas a Denon surpreende-te uma semana com duas unidades de repente e pronto", conta José Miguel Guevara.
Outra das batalhas que o sector tem vindo a travar é o da subida de preços, ainda que das lojas garantam que a situação se mantém estável há bastante tempo. "O tema dos preços afectou especialmente pelo transporte no verão passado, mas não voltaram a subir mais", detalha Guevara.
Um problema que "dura há muito tempo"
Sobre o futuro da situação, nas lojas de som impera o pessimismo e auguran maus meses, já que "o problema vai continuar durante muito tempo" devido a essa acumulação de pedidos atrasados. Na loja de Alicante BPro Audio Store não têm "nem ideia" de quando acabará o problema, apenas sabem que lhes falta "tudo" para vender.
Enquanto, os portais de compra como Wallapop e Milanuncios se converteram no principal canal ao qual vão músicos e DJ's para conseguir os seus materiais de trabalho. No caso de Antonio C. e a sua banda, consultaram diariamente o site de Wallapop à procura de uma mesa semelhante à que continua em espera no site da Thomann. Por enquanto continuam sem a sua ansiada mesa de misturas.
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