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Existe o direito ao esquecimento? Podes eliminar toda tua impressão digital de internet?

Os experientes discrepam sobre a possibilidade de limpar por completo o extenso rastro de dados e imagens que todos os internautas deixam na rede

Teo Camino

huelladigitalPIXABAY

Desde o instante em que abres um dispositivo inteligente e descargas um aplicativo ou navegas por internet, tu te convertes no produto e eles têm o controle. Acedem a informação que desconheces e fazem negócios com teus dados. É assim, e há que o assumir.

"Atrevo-me a dizer que hoje em dia sabem mais os algoritmos sobre ti que tu mesmo ou que tua própria mãe", afirma o professor da UOC experiente em desenho de interfaces Quelic Berga. A pergunta é: pode um internauta recuperar o controle sobre seus dados e eliminar da rede? E se assim fora, como o fazer? Por onde começar?

Direito ao esquecimento

Depois da chegada do Regulamento Geral de Protecção de Dados (RGPD) em maio de 2018, introduziu-se o denominado Direito ao esquecimento, que permite apagar os dados pessoais dos buscadores de internet --como Google-- sempre que se cumpram uma série de requisitos. Que requisitos? O interessado deve demonstrar que é a pessoa identificada na publicação e também deve se acreditar que o conteúdo publicado atenta contra seu direito à privacidade. Há que ter em conta que este direito não se pode exercer quando exista um interesse público ou se tenha publicado com motivo da liberdade de expressão ou informação.

A impressão digital e o direito ao esquecimento / FREEPIK

No entanto, "não é um direito absoluto, já que quando se exerce há que ponderar, entre outras coisas, se prevalece o interesse público ou a relevância dos dados para garantir o direito à informação", expõe a Consumidor Global Fernando López de Coca, consultor especializado em protecção de dados de Audidat . Ademais, ainda que apaguem-se dos buscadores, "teus dados podem seguir nas páginas onde já saíam, pelo que também terias que solicitar que suprimam teus dados delas", acrescenta.

Como eliminar a impressão digital?

O direito ao esquecimento "podes exercer em frente ao buscador e em frente à fonte original, isto é, a página site (direito de exclusão)", enfatiza López de Coca, quem explica que, se o exerces ante ao buscador, sucede com frequência que não se elimina da página site onde se publicou. O mesmo passa ao revés, que se elimine da página site, mas os dados ainda aparecem no buscador. Por isso, se recomenda o exercer nos dois.

Tal e como estabeleceu a Agência Espanhola de Protecção de Dados (AEPD), para poder ejercitar este direito, os buscadores maioritários têm habilitado seus próprios formulários. Em caso que não respondam à petição, se pode interpor uma reclamação ante a AEPD. A sua vez, a decisão da Agência é recurrible ante os Tribunais.

Um direito fundamental

Tanto Berga como César Córcoles, director do mestrado universitário de desenvolvimento de lugares e aplicativos site, advertem dos perigos de oferecer dados biométricos ou de voz porque não se podem modificar a posteriori, já que "uma vez que lhe demos a imagem de nossa impressão digital ou de nossa retina a alguém, não nos podemos jogar atrás", especifica Córcoles, que propõe o fazer só a empresas nas que tenhamos "uma confiança absoluta". Há projectos abertos nos que compartilhar dados pode "beneficiar a toda a comunidade", como Mozilla, que recopila vozes do mundo. Mas também há ocasiões nas que se deve recusar seu uso. "Reclamar isto é legítimo e é nossa responsabilidade começar ao exigir como um direito fundamental", acrescenta Córcoles.

Uma impressão sobre um olho / PIXABAY

Segundo os experientes, o direito de imagem é irrenunciable, ainda que tenham-se cedido os direitos da mesma, pelo que o internauta pode reclamar que se elimine sua imagem da rede. "É complicado fazê-lo um mesmo porque há que estudar os reportes de abuso da cada plataforma", expõe a Consumidor Global Josep Coll, advogado e CEO de Repscan , empresa que se dedica a detectar e eliminar o conteúdo negativo de particulares na rede.

A única solução para o comum dos mortais

"Todo mundo diz que lhe preocupa muito sua privacidade, mas logo todos aceitam qualquer coisa sem informar ao respeito. São muito poucos os que têm chegado a entender o tema das cookies, por exemplo", aponta Sergio Maldonado, CEO de PrivacyCloud , uma plataforma que oferece aos utentes recuperar o controle sobre seus próprios dados. Assim, se um tem navegado sem maior cuidado pela rede, não tem conhecimentos informáticos avançados, e quer eliminar sua impressão de internet, a melhor solução é decantarse por contratar a alguém para que leve a cabo esta tarefa de limpeza digital.

Em Repscan, por exemplo, asseguram que são capazes de fazer desaparecer qualquer imagem de internet com "um 95% de eficácia" à hora de aplicar o direito de imagem. Para todo o que são dados pessoais, "os localizamos e os eliminamos porque temos contacto directo com todas as vias (plataformas, navegadores…) e tecnologia ponta para fazer na medida do possível", aponta Coll, quem acrescenta que às vezes internet impede a certas pessoas seguir levando uma vida normal. "Também se pode introduzir outro tipo de conteúdo para que a vida digital do cliente seja diferente", sentença.

Informática à hora da siesta

Em general, faz falta uma maior divulgação sobre conceitos "básicos" de informática e segurança para o grande público. "Seria muito apropriado que se explicasse após comer, nos 15 minutos de programas de televisão dedicados a receitas de cozinha", ejemplifica Berga.

Caso contrário, lamenta este experiente, muitas companhias seguem acumulando "metadatos agregados de tanta gente que têm um poder elevadísimo e extremamente estratégico para quem queira nos manipular", sentença.