Os avôs passam de Garzón e seus brinquedos sem género

Os experientes do sector detalham como os consumidores mais maiores fazem caso omiso das indicações do Ministério de Consumo contra os estereotipos ao comprar presentes a seus netos

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A Guia para a eleição de brinquedos sem estereotipos sexistas elaborada pelo Ministério de Consumo liderado por Alberto Garzón não conta com o respaldo nem das lojas de brinquedos nem dos mais maiores da casa, que fazem caso omiso de suas directrizes. O documento, segundo o Ministério, "além de analisar para que serve o jogo e como está relacionado com o lugar que os menores ocuparão em sua vida adulta, oferece pistas para saber quando um brinquedo reproduz estereotipos sexistas, bem como conselhos para que as famílias possam presentear possibilidades, diversión e aprendizagem".

Desde Assim, uma empresa familiar em Madri especializada nas bonecas, não estão de acordo. "O que deve controlar o ministério é a qualidade dos brinquedos e que o que se publicita e aparece nas fotos seja o mesmo que vá dentro da caixa", analisa Pepa Eznarriaga, uma das donas desta assinatura que leva no negócio 80 anos. "Os meninos pedem o que gostam e lhes apetece e disso, a infância, é algo que não se deve tocar", assinala. "Que deixem aos meninos tranquilos, é seu momento de criar seu mundo", reivindica.

El Ministro de Consumo, Alberto Garzón, en un acto oficial / TWITTER ALBERTO GARZÓN
O Ministro de Consumo, Alberto Garzón, num acto oficial / TWITTER ALBERTO GARZÓN

"Consumo tem que velar pela segurança dos brinquedos"

Eznarriaga considera que "o ministro desconhece bastante o sector" já que "todos os meninos desde um ano e meio a três pedem uma cocinita, uma sillita de passeio e uma boneca". A profissional do brinquedo, conquanto está de acordo com sua adequação às idades dos meninos, é muito crítica com o plano do ministério. "Consumo tem que velar pela segurança dos brinquedos que se vendem em Espanha, e em nenhum momento fala do etiquetado ou a qualidade dos produtos, de que cumpram o regulamento da Comunidade Económica Européia ou da segurança dos meninos", critica.

Segundo a dona de Assim, o sector tem notado a mudança generacional. "Faz 40 ou 50 anos todo era muito estereotipado. Hoje os pais informam-se e deram-se conta de que não podem proibir a seus filhos comprar o que lhes apetece", valoriza. Ainda que reconhece que "reeducar à gente maior é difícil", expressa que "os pais não têm nenhum complexo", razão pela qual sugere que se acerquem com seus filhos às jugueterías. "Já verão eles o que querem", afirma.

Una niña juega con su juguete de peluche rosa / PIXABAY
Uma menina joga com seu brinquedo de peluche rosa / PEXELS

Os avôs são mais tradicionais

"Somos uma juguetería num bairro com gente maior, e muitos levam-se ou deixam de levar coisas por sua cor e porque é de garotas ou de garotos. Aos pais mais jovens dá-lhes igual, mas os avôs são mais tradicionais: rosa e bonecas para elas, azul e carros para eles", insistem desde a loja Juguettos da rua madrilena Santa Engracia. Ainda que fontes desta companhia sim pensam que poder-se-ia conseguir o objectivo que pretende o ministério "fazendo muita publicidade de que os brinquedos não têm género", asseguram que se trata de "uma mudança na mentalidade do consumidor, e isso é difícil".

Na loja electricBricks do Passeio de Pontones sim percebem uma "evolução" nos temas relativos ao género dos brinquedos que qualificam de "necessária". No entanto, acham que "teria que ser partícipe todo mundo pára que a cada pessoa se desenvolva independentemente de seu género e ninguém julgue". Neste caso, admitem que têm clientes que "diferenciam muito os géneros", mas que "depende da pessoa". De facto, declaram que têm visto a meninos pedindo bonecas e a seus pais, alguns bastante jovens, fazendo questão de lhes comprar um boneco de polícia.

Un niño juega con sus coches de juguete / PEXELS
Um menino joga com seus carros de brinquedo / PEXELS

Comunicar para evitar estereotipos

Desde Famosa põem o foco na comunicação. "Como comunicamos aos meninos é chave à hora de evitar estereotipos e atribuir papéis. Por exemplo, um de nossos melhores lançamentos para o próximo natal é Nenuco, Como está meu bebé?. No spot vê-se como a menina é a doutora e o pai é o que leva ao médico ao bebé", explicam. Se for o caso, dizem, seus brinquedos "não estão pensados nem para meninos nem para meninas, são os pequenos e os pais os que decidem com qual querem jogar".

Desde a loja on-line Disfarces Jarana, Pablo Fortes mostra-se contrariado com o ministro Garzón. "A cada um é livre de comprar ou se disfarçar do que queira", defende o encarregado do e-commerce. "O Ministério deveria preocupar-se de coisas mais importantes, pôr-se mãos à obra e deixar aos meninos decidir o que querem fazer", estima. Conquanto Fortes confessa que, ao vender de forma on-line, não sabem se seus produtos vão dirigidos a um menino ou a uma menina, declara que "o menino costuma querer o disfarce de superhéroe e a menina o de Frozen ". "Em poucas ocasiões fazem-no ao revés", conclui.

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