Desde a chegada de Elon Musk a Twitter , as redes sociais e mais especificamente a do pajarito azul não têm parado de protagonizar titulares. O despedimento de grande parte do modelo, as polémicas sobre as contas verificadas e a recente onda de despedimentos que tem incendiado o debate sobre um possível fechamento da rede social têm agitado o mundo da comunicação digital. Neste palco, muitos utentes começam a olhar para os lados e a descobrir alternativas como Mastodon ou Bluesky Social, o projecto em desenvolvimento do cofundador de Twitter, Jack Dorsey.
Aqueles que queiram ser os primeiros em provar esta nova alternativa já podem inscrever no site de Bluesky com seu correio electrónico. De facto, ainda que são muitos os utentes que já têm mostrado sua confiança neste projecto, a informação que se tem até agora resulta ambigua e só há em claro alguns detalhes, entre eles, a descentralização.
Bluesky ou como mudar as regras de jogo
Tanto Bluesky como Mastodon pretendem mudar as regras do jogo no tabuleiro das redes sociais brindando, em princípio, mais poder aos utentes. Jack Dorsey já avançava em 2019 que estavam em busca de uma fórmula para terminar com as redes sociais centralizadas, as controladas por uma sozinha entidade, como são Facebook, Instagram, YouTube e o próprio Twitter.
O objectivo da descentralização é que os próprios membros de uma rede possam gerir seus dados, se possam mover entre diferentes plataformas e elejam que conteúdo querem compartilhar e consumir. "A descentralização é interessante porque trabalha-se com códigos abertos e é interoperable com outras redes sociais, mas também é problemática", expõe a Consumidor Global Ferrán Lalueza, experiente em social média e professor da UOC.
"Não será Instagram ou TikTok, mas sim um possível Twitter"
Que uma rede esteja descentralizada implica que quando um utente entra a fazer parte dela tem que escolher um servidor concreto no que há um número determinado de utentes e ademais, costuma ter uma temática especializada. "Isto já supõe uma barreira primeiramente para Bluesky e sua acessibilidade, pelo que existe um repto importante para a equipa de Dorsey", opina Lalueza.
Pelo momento, há muito pouca informação sobre o aspecto que terá a rede social e qual será seu conteúdo mais potente. O que sim parece claro é o target ao que poderia estar dirigido. "É evidente que Bluesky não será Instagram ou TikTok, mas sim que pode chegar a ser um Twitter", sublinha o professor Lalueza. E é que o público jovem adolescente tem sido chave na história e o nascimento de muitas redes sociais, mas, tal e como se pronostica, Bluesky não vai acabar por converter numa plataforma de moda por sua própria natureza e funcionamento.
Moderación de conteúdos: luzes e sombras na rede
É verdadeiro que alguns experientes pronostican que Bluesky vai ser uma plataforma exclusiva para desenvolvedores e profissionais da informática que aproveitem esse mesmo espaço para desenhar outras redes sociais. No entanto, o professor Lalueza acha que a futura rede de Jack Dorsey será capaz de abarcar um espectro bem mais amplo da sociedade que converta a plataforma num "ágora no que estejam todas as pessoas com envolvimentos políticos, ideológicas ou culturais e se dê assim um foro de debate no que contrastar opiniões". Singelamente, o que é Twitter hoje em dia.
Um dos aspectos a ter em conta e que pode ser preocupante, segundo o professor Lalueza, é a moderación de conteúdos. "Twitter sempre tem sido mais relaxada que outras redes sociais quanto ao controle de conteúdos e a política de Bluesky também se mostra um pouco ambigua". Que exista uma liberdade absoluta sobre o que se pode publicar numa plataforma pode dar cabida a discursos de ódio inapropiados e, ainda que todo tende a estar automatizado, o professor assinala que o factor humano é imprescindível na moderación de conteúdos das redes sociais.
"Twitter morrerá, mas não vai ser agora"
O futuro de Twitter também pode marcar e de facto já o está a fazer os primeiros passos de Bluesky. Depois do éxodo de empregados da rede de Elon Musk e o revuelo gerado entre os utentes sobre um possível final da rede do pajarito azul, Lalueza tem clara sua opinião: "Twitter morrerá, mas não vai ser agora".
Para o professor da UOC custa imaginar que uma empresa na que se investiu tanto acabe se fechando assim. "É um tropezón que se vai resolver e ainda que Musk seja multimillonario, não vai atirar ao lixo todo o dinheiro que tem investido". Lalueza faz questão de que a infra-estrutura de Twitter está dotada de autonomia suficiente para que não colapse. "Podem-se viver incidências, mas já temos visto como Musk tem retrocedido em algumas de suas decisões quando tem tido grandes falhas, de modo que, sem dúvida, a Twitter lhe fica muito percurso ainda", conclui.