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Bloqueios de mercadorias na aduana: compra-a de cultivo de cannabis se encarece em Canárias
Grow shops das ilhas denunciam a perda de provedores da península devido às "retenções abusivas" nos controles de acesso das mercadorias
As grow shops são lojas especializadas que oferecem todo o necessário para o cultivo de maconha de maneira personalizada. Nelas se vendem de forma legal sementes de coleccionismo e produtos de horticultura. Em Canárias , o sector denuncia que os pedidos de sementes são bloqueados de forma "abusiva" em aduanas, o que implica atrasos e sobrecostes que afectam ao aprecio final que paga o consumidor.
"A aduana está a parar-nos os pedidos da península com argucias sujas, fazem inspecções para cobrar às lojas as despesas de seus serviços, são uns mafiosos", denúncia Antonio Miranda, proprietário de tenda-a Sr. Marihuano, uma grow shop do município de Granadilla, em Tenerife .
As 'grow shops' canarias, contra as aduanas
Este proprietário denuncia "uma falta de respeito" por parte da administração para seu sector. "Estão a atacar duramente aos comércios e empresas de Canárias cobrando-nos esses sobrecostes", explica Miranda a Consumidor Global. Desde o sector asseguram que as mercadorias dos provedores de sementes da península acabam chegando de forma legal às lojas, mas após vários dias e inclusive semanas, como denuncia o próprio Miranda.
O outro "grande problema" são as despesas a pagar em conceito de almacenaje e acarreto a raiz dessas inspecções. Desde o sector asseguram a este meio que é um problema que se incrementou nos últimos meses e lamentam que "não há ninguém que nos defenda e nos dê segurança jurídica".
Sem sementes da península
O proprietário de Sr. Marihuano fala de uma sensação de "medo" constante a fazer algum pedido à península porque "não sabes o dineral pelo que te vai sair nem se te vai chegar a tempo". "Temos que estar semanas poupando dinheiro para poder fazer um pedido, pagar ao provedor, esperar uma semana a que chegue a mercadoria e depois acarretar com essas despesas", sublinha.
Segundo conta este proprietário, os revendedores estão a deixar de enviar mercadorias às ilhas precisamente por esses bloqueios em aduanas . "Sento-o, mas por enquanto não podemos enviar sementes. Param-no-lo em aduanas", explica num correio electrónico enviado à loja de Miranda uma trabalhadora de Hortitec, um dos provedores mais importantes em distribuição de produtos de cultivo para grow shops.
As aduanas de Canárias
Este meio tem contactado com empresas do sector, entre elas Hortitec, e com o Grémio da Indústria do Cannabis para conhecer sua postura ante esta situação, mas não se pronunciaram no momento da publicação desta reportagem. Ricardo de Lado, professor de logística em OBS Business School, aponta que esta situação vem estreitamente relacionada com o regime fiscal que tem Canárias. "Ao tratar de uma zona fiscal especial, Canárias não é de livre comércio, se pode comprar qualquer tipo de produto, mas com uma série de requisitos", conta De Lado a Consumidor Global.
Tal e como explica o experiente, ainda que o envio de sementes é totalmente legal, "precisa se submeter a controles especiais de inspecção vegetal e farmacêutica, ao se considerar a maconha uma substância psicotrópica". Estes controles acabam em demoras longas e custos acrescentados em conceito de almacenaje, acarreto e/ou transporte que, efectivamente, repercutem no preço final que paga o consumidor. "Não há que esquecer que a aduanas não deixa de ser Fazenda e tem duas funções principais: o controle das mercadorias que entram num país e a arrecadação de dinheiro", conclui De Lado.
Um problema global
Em opinião de Miguel Ángel Castañeda, proprietário da loja Cannabisland, em Santa Cruz de Tenerife, o problema das lojas de cultivo de cannabis em Canárias vai para além dos sobrecostes que se vêm produzindo nos últimos meses pelas retenções em aduanas.
"O principal inconveniente são os envios, não temos ajudas que palien as elevadas despesas do transporte como sim ocorre em outros sectores", denuncia este encarregado. E é que, o dilema das importações em Canárias afecta a diversos sectores. De facto, consumidores das ilhas já têm denunciado em outras ocasiões o temido "sablazo canario" ao comprar em outro tipo de lojas que fazem envios, como Amazon e Zalando.
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