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Bad Bunny, 'Euphoria' e o 'boom' do maquillaje para homens: estes são os produtos mais vendidos
Os famosos e as séries rompem tabus e fazem que se dispare o consumo de artigos de cosmética decorativa, como pintaúñas e delineadores de olhos, entre os varões
Esquece todo o que te ensinaram até agora. Também aquilo de que o rosa é para elas e o azul para eles. Nada. Nem as cores, nem os cheiros, nem infinitas coisas mais entendem de género. São mitos vazios que fazem parte de um passado repleto de convencionalismos . Obsoleto. Seguinte página. Os homens também choram, estão carregados de complexos e se pintam. Porque sim. Porque, como dizia o teórico e filósofo canadiano Marshall McLuhan, "somos o que vemos", e os cantores e referentes da Geração Z, Bad Bunny e Harry Styles, como Bowie nos setenta, utilizam base de maquillaje, labiales, delineadores de olhos e se pintam as unhas. Se elas o fazem, por que eles não?
Ainda que às vezes esqueça-se-nos que não somos o continente, sina o conteúdo, a demanda de pintaúñas por parte de homens se tem triplicado no último ano, segundo um estudo do comparador de preços Idealo. A estética da série Euphoria (HBO Max); o desparpajo de milhares de influencers em Instagram e TikTok; e inclusive o facto de que um futebolista como Borja Iglesias pose nas redes com as unhas pintadas; ajudam a normalizar o maquillaje entre os homens jovens, mas, que produtos e daí marcas preferem?
'Genderless'
A dia de hoje, "praticamente todas as marcas de maquillaje têm produtos específicos para homens ou que servem de igual forma para ambos sexos", expõe a maquilladora profissional Regina Capdevila, em referência às linhas de assinaturas como L'Oréal, Givenchy e Clinique, entre outras. "É verdadeiro que vêm muitos mais garotos a comprar pintaúñas a nossas lojas, mas o produto ainda está muito focalizado no público feminino", discrepa a encarregada de uma loja Druni sobre a variedade de artigos de cosmética para varões.
Os jovens da geração Z "não precisam que um produto esteja qualificado como masculino. Ao final, dá igual se é para mulher ou para homem, porque os géneros não têm atribuído uma cor. A cada vez são mais os homens que protagonizam as campanhas publicitárias das marcas de maquillaje para fazer entender que os produtos podem ser utilizados pelos dois géneros", explica o maquillador e professor do Mestrado em Desenho de Moda da universidade IDEP de Barcelona, Txomin Plazaola, quem opina que a moda genderless --o novo unisex-- tem calado forte. Ainda que o mercado encarregou-se de pôr género aos bens de consumo, "os produtos de maquillaje não o têm, enquanto lhe sente bem a tua pele...", aponta a encarregada da loja Primor da rua de Pelayo da Cidade Condal.
Os produtos mais vendidos
Pintaúñas, correctores, bases de maquillaje, barra de lábios e sérum de flanges são os cinco produtos de maquillaje mais demandados pelos homens, segundo Idealo, uma informação que corroboran os experientes. "A laca de unhas é o produto estrela. Com lunares, estrelas, linhas e de cores llamativos. Ainda nos choca que um garoto leve as unhas lila pastel e seja heterosexual, mas a cada vez se vê mais", expõe Plazaola, quem assegura que a estética Euphoria tem marcado um maquillaje no que predominam os brillos metálicos, os eyeliners em cores flúor e o glitter (purpurina).
"Sobretudo levam-se laca de unhas, eyeliners e alguma base ou creme hidratante com cor", apontam desde Primor, onde têm alguns destes produtos por pouco mais de 1 euro. Em definitiva, querem algo que lhes funcione por um preço económico, e são muito poucos os que procuram maquillaje de alta faixa. Também os há que se decantan por um maquillaje mais básico e natural, "e elegem correctores e bases para tampar e camuflar silhuetas, ojeras ou um granito. É totalmente compreensível", explica Capdevila.
Marcas 'low cost' para uma nova geração
As novas gerações "têm muitos menos complexos. Pesquisam, provam e o maquillaje é uma maneira de expressar-se", aponta Plazaola, quem explica que, quanto mais jovem é o público, menor é seu poder adquisitivo, pelo que "não te vão comprar maquillajes de Chanel , Dior ou Charlotte Tilbury".
Segundo este experiente, há assinaturas criadas especificamente para este público como Krash Kosmetics, a primeira marca de maquillaje sem género em Espanha. "Os jovens se decantan por marcas low cost e lojas como Primor ou Druni", assegura Plazaola, em referência a Kiko Cosmetics, Revolution Beauty, NYX e outras marcas de influencers que lançam sua própria linha e vendem através das redes sociais. A geração Z "procura um preço asequible e não se vê representada numa Andy MacDowell de L'Oréal", sentencia o professor.
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