O último verão, numerosos turistas passaram suas férias em Canárias sem carro. Atiraram de autocarros, táxis, caminatas, muita piscina de hotel e uma boa dose de resignação. Inmovilizados em seus resorts e apartamentos. Sem restrições de mobilidade pelo Covid, mas com os veículos de aluguer esgotados. E este verão, segundo expõem fontes do sector a Consumidor Global, desde o 18 de julho em adiante, os turistas que não tenham reserva ficarão sem carro no archipiélago canario. Outra vez.
As previsões turísticas para a temporada estival em Canárias auguran uma volta a normalidade, por fim, com a recuperação das cifras de visitantes de 2019. No entanto, as frotas das empresas de aluguer de carros, que em 2020 se desprenderam da metade de seus automóveis, ainda não se recuperaram --dos 85.000 veículos habituais, agora estão em torno de 55.000-- devido à crise de semiconductores. Um déficit que tem disparado os preços e que fará que só os mais previsores desfrutem da brisa tropical ao volante.
Antecipar-se ou caminhar
Quando recomendam os experientes reservar para não ficar sem carro em férias? "Já!", avisa o presidente da Associação de Empresas Canárias de Aluguer de Veículos (Aecav), Roberto Dávila, quem aconselha efectuar a reserva com uma antelación dentre 40 e 60 dias para não ter problemas de disponibilidade.
O bico de demanda terá lugar "do 18 de julho ao 22 de agosto. Se não tens reserva em meados de julho, é provável que já não encontres carro até finais de agosto", adverte Dávila sobre o momento mais crítico que viverão os consumidores. "Dantes, sempre tinha disponibilidade de flora. Agora não", acrescenta.
Que ilhas pendurarão o cartaz de completo primeiro?
Quanto ao nível de saturação do rent a car por ilhas do archipiélago canario, Dávila explica que não todas se comportam igual. Enquanto a média de reservas, em todas as companhias de aluguer que operam em Canárias, está ao redor de um 40 % para a segunda quincena de julho e as três primeiras semanas de agosto, "Lanzarote já tem mais de um 55 % de sua frota reservada e será a primeira que pendurará o cartaz de completo", adverte o experiente.
Depois da ilha onde se encontra o Parque Nacional de Timanfaya figuram Tenerife e Fuerteventura, que serão as seguintes em ter as reservas completas. "Também na Palma dar-se-á uma situação muito complicada porque, ao ter um número considerável de praças hoteleiras que não estão disponíveis, não temos levado a quantidade de frota que deveríamos", reconhece o presidente da Aecav. Uma escassez que sofrerá o consumidor em seu bolso.
Uma subida de preços sem fim
"Os preços do aluguer de carros encaminham-se a um recorde", advertem meios especializados como Carro Global. E é que, como é lógico, a falta de oferta e a demanda crescente "já se traduziram num encarecimiento considerável do aluguer", expõe o especialista em logística Cristian Castillo. Se no ano passado produziram-se subidas de preço que atingiram até um 300 %, "neste ano já temos tocado um preço máximo parecido ao de 2021, e, à medida que nos acercamos ao período pico, os preços seguirão subindo", alerta Dávila.
Assim, o carro mais barato de Avis para o fim de semana do 29 ao 31 de julho no aeroporto de Tenerife é um Hyundai i10 (pequeno) que sai por 188 euros --207 se se paga no momento da recolhida--. Um preço algo superior aos 150 euros (75 por dia) que custam o Toyota Aygo e o Kia Cerato no escritório Europcar do mesmo aeroporto. O Peugeot 208 paga-se a 85 euros no dia tanto em Hertz como em Sixt . E companhias locais como TopCar são as que oferecem uns preços mais competitivos --o Toyota Aygo sai a 68 euros diários--. Umas tarifas que se podem transladar a Fuerteventura, Grande Canaria, Lanzarote e o resto de ilhas.
Turistas à fuga
Tanto o preço como a falta de veículos para deslocar pelas ilhas "podem fazer que o turista se jogue para atrás e eleja outro destino mais económico e cómodo", expõe Castillo sobre a grande preocupação do sector hoteleiro canario nestes momentos.
A impossibilidade de alugar um carro em férias "pode ser um factor determinante à hora de escolher destino, mas o produto canario vende-se, num 75 %, através de turoperadores que costumam incluir o rent a car", enfatiza Dávila, quem assegura que esta problemática favorecerá a outras alternativas de transporte, como as linhas de autocarro e o sector do táxi, para mover do aeroporto ao hotel, e do hotel à praia.