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Sem malas e sentado sobre restos de comida: as redes ardem contra a Ryanair

Muitos passageiros queixam-se no Tripadvisor, Twitter e Trustpilot de que a companhia aérea irlandesa extraviou a sua bagagem, criticam o "roubo" de 55 euros por não fazer o check in on-line e lamentam a sujidade dos seus aviões

Teo Camino

Um avião da companhia aérea 'low cost' Ryanair / EP

"Agora vamos aproveitar, carinho", diz uma mulher ao seu acompanhante, que olha distraído pela janela de um avião com destino a Ibiza . Após quase dois anos de medo e incerteza, por fim podem voltar a viajar. Parecem felizes.

Mas assim que aterra na ilha, tudo dá errado. O tapete gira em loop: nenhum rastro das suas malas. Nenhuma informação por parte da Ryanair confirma a fatalidade que arruinará os seus dias de sol e praia. O mesmo silêncio depois da perda que atirado pela janela as sonhadas férias de outros espanhóis.

De férias sem malas

"No passado mês de agosto voei com a Ryanair de Madrid a Ibiza, perderam-me a mala e não me deram nenhuma solução nem nenhuma facilidade para a recuperar", queixa-se Olga Paredes através do Tripadvisor e do Trustpilot. "Levo mais de um mês a chamar todos os dias e não tenho nenhuma notícia da minha mala", acrescenta Paredes, que afirma que não voltará a apanhar um avião da companhia low cost irlandesa na sua vida.

Outra passageira, que intitula a sua crítica "De mal a pior", afirma que a Ryanair perdeu a sua mala a 6 de agosto e que até hoje continua sem saber do seu paradeiro. "Ainda não recebi nenhum telefonema nem um correio pedindo desculpa pela perda. São uns incompetentes", afirma Esther. A Consumidor Global pôs-se em contacto com a Ryanair para conhecer a postura da empresa em relação aos citados incidentes, mas até ao fecho desta edição não recebeu resposta por parte da companhia.

"Sem tempo para limpar e desinfetar"

Também no Twitter muitos viajantes queixam-se do estado dos aviões. "É uma vergonha que tenham assim os aviões. Mas ainda é mais vergonhoso que comente a situação à hospedeira e me diga que não têm tempo de limpar nem desinfetar os aviões entre viagens", protestou Andrea, que anexa uma foto com restos de comida no seu assento e no chão.

Um assento de um avião da Ryanair cheio de migalhas e sujidade / TWITTER

Na mesma linha, Natalia e Ramón queixam-se de que os seus assentos e os ao seu ao redor estavam cheios de migalhas, de restos de comida e de porcaria . "Isto não é aceitável e demonstra o pouco que a Ryanair se importa a limpar o avião apesar do Covid", escreve indignada depois de viajar de Alicante a Londres . "Nesta época a limpeza e desinfeção são mais necessárias que nunca. Que pena!", lamenta-se Ramón no Trustpilot depois de voar de Gran Canaria a Santiago.

Restos de comida e sujidade num voo da Ryanair / TWITTER

Quando voar barato sai caro

Mas sem dúvida alguma os comentários mais repetidos nas redes sociais sobre a companhia aérea low cost irlandesa são "fraude", "ladrões", "sem vergonha" ou "saque", entre outras sutilezas referidas à cobrança de 55 euros por passageiro por fazer o check-in no aeroporto e não pela internet, tal como anuncia Ryanair no seu próprio site.

"Dizem-nos que por não realizar o check in no dia anterior através do seu site, coisa que fizemos, mas que deu algum tipo de erro na sua página, cobram-nos 55 euros por pessoa", protesta um viajante numa queixa que já é habitual no Tripadvisor, Twitter e Trustpilot desde há anos. "Eu desde que começaram a cobrar por levar mala de mão deixei de viajar com a Ryanair", aponta outro. "Pagar 20,22 euros pela tua mala de cabine sem ter alternativa, quando noutras companhias é grátis, é um assalto", sentencia um passageiro indignado. Também há os que se queixam porque o seguro da Ryanair não lhes cobre, pela "péssimo e inexistente atendimento ao cliente", ou pelas filas intermináveis e impepináveis inclusive para "grávidas que voam com uma criança com uma deficiência".

A imagem da Ryanair

Os internautas que referem-se à Ryanair como uma companhia aérea "nefasta" contam-se por milhares, e também são inúmeros os que afirmam que jamais voltarão a viajar com eles. "Quando uma empresa não cuida dos seus clientes, estes acabam saindo e prcuram outras alternativas. E se não, na hora", comenta um tweeter.

Sobre este aspecto, a economista e especialista em marketing Neus Soler diz à Consumidor Global que "os comentários negativos podem danificar momentaneamente a imagem da Ryanair, mas no final não a afecta". Ao contrário, se a queixa provem de uma personagem pública com muito poder de influência, as empresas sim reagem de forma ágil porque "temem que o assunto saia do controle e termine por gerar uma crise on-line", diz Soler.