"Amazon chega ao espaço, mas a Canárias não" é um dito popular entre os cidadãos do archipiélago desde que Jeff Bezos fizesse sua breve incursão espacial em julho de 2021. Um brocardo que reflete o esquecimento comercial no que vivem os canarios: seis em cada dez e-commerce não fazem envios às ilhas Canárias. No entanto, os contêiners da plataforma chinesa AliExpress sim chegam desde a outra ponta do mundo.
Num palco no que o comércio electrónico se converteu numa aliado chave para os utentes à hora de adquirir todo o tipo de produtos e que cheguem directamente a casa, "os canarios mantêm uma situação de desvantagem com respeito ao resto de Espanha", expõe a Consumidor Global o responsável por comunicação de Idealo, Kike Aganzo. De facto, a imensa maioria dos produtos que se oferecem em Amazon e Zalando, e plataformas como Wallapop e Vinted, ainda não são uma opção de compra para os isleños.
Quando tua direcção de Canárias não existe para Amazon
"Sentimo-lo, este produto não se pode enviar à direcção seleccionada. Muda a direcção de envio ou elimina o produto de teu pedido", é a mensagem em letras vermelhas que lhe aparece a um canario ao tentar comprar a maior parte dos produtos de Amazon.
"Dei-me conta de que o 80-90 % dos produtos não estão disponíveis para nós. Pões a direcção e pede-te que introduzas outra. Por isso o que tenho que fazer é chamar a um amigo que vive em Madri e que ele mo envie. Ou procurar alternativas mais práticas", expõe a Consumidor Global o utente canario J. J. W. De facto, confessa que tem deixado de comprar já no marketplace porque era um quebradero de cabeça. "Tenho comprado coisas em AliExpress, e em ocasiões tenho demorado mais de um mês em recebê-las, mas pelo menos chegam", acrescenta.
Envios que chegam dantes de Chinesa que de Espanha
Muitos isleños também costumam se chocar com a seguinte mensagem ao tentar adquirir um artigo em Amazon: "O vendedor que tens escolhido tem decidido não fazer envios a Canárias". Têm alguma loja que sim sirva ao archipiélago? "Quando por fim encontrei uma, demorou como dois meses em chegar", explica J. J. W. "Eu nunca tenho podido", assegura o consumidor Adalberto C. C. "Ainda bem que com AliExpress não temos esse problema", acrescenta.
Do mesmo modo, no foro Trustpilot vários compradores coincidem em que ao realizar uma compra num portal chinês o pacote chega dantes que se a fazes em alguns comércios on-line que operam desde Espanha. "Estou em Canárias. Espanha. Europa. E só posso comprar em Amazon Espanha quando não é algo urgente. Se realizo uma compra em qualquer site de Chinesa me chega dantes", lamenta Helirerto P.
O preço de AliExpress manda
Em Canárias, ao ter sua própria fiscalidad, as gestões e impostos de aduanas são inevitáveis chegue o produto de Espanha ou de Chinesa, mas "se os preços de origem são muito económicos, como costuma suceder com os produtos do gigante asiático, pode ser rentável fazer essa mobilidade", expõe a Consumidor Global o professor do Mestrado de Direcção Logística da Universitat Oberta de Cataluña (UOC), Cristian Castillo, sobre o facto de que os canarios prefiram comprar em AliExpress por ser bem mais acessível e barato que Amazon.
O marketplace chinês é mais atraente para o consumidor das ilhas "porque tem muitas mais opções de compra ao não ter tantas restrições como os vendedores de Amazon. Ademais, trabalham com grandes volumes", acrescenta Castillo.
Uma surpresa inevitável
Com respeito aos sobrecostes que os canarios estão obrigados a assumir sim ou sim ao comprar on-line, que dependem de três possíveis impostos às importações em função da tipologia de produto e de seu preço, o experiente em logística explica que os custos de aduana não se podem estimar com precisão. Por isso, muitos revendedores não informam sobre isso, o que às vezes se converte numa desagradável surpresa para o consumidor no momento de receber o pacote em casa.
Os vendedores de AliExpress e todos os que abastecem às ilhas "deveriam explicar mediante uma mensagem no ecrã que essa compra vai ter um cargo de aduanas que oscilará entre 5 e 20 euros, por exemplo", aponta Castillo sobre um facto que pouparia mais de um desgosto aos cidadãos. Mas claro, deste modo o preço final resulta muito menos atraente
Por que Amazon, Wallapop e Vinted não realizam envios a Canárias?
Este meio pôs-se em contacto com os três e-commerce, e desde Vinted, por exemplo, que sim envia a França e Itália, asseguram que se não chegam a Canárias se deve, em parte, às situações aduaneiras complexas e à falta de opções de envio asequibles para produtos de segunda mão. Este argumento também o compartilha Wallapop. A companhia assegura que "não existem planos iminentes" para desembarcar no archipiélago canario.
Em mudança, desde Amazon asseguram que eles sim realizam envios a Canárias, mas que são os vendedores externos quem estabelecem suas próprias restrições de envio, e aconselham contactar directamente com o vendedor dantes de realizar o pedido. "O de Amazon e Canárias é uma questão interna: fazem números e estimativas e decidem não fazer envios para a maioria de produtos porque não lhes rende", aponta Castillo.
A ironía da publicidade
Cansado de receber ofertas de Amazon e de procurar artigos para que depois lhe digam que não despachan a Canárias, um consumidor comenta em Twitter que "talvez seria conveniente poder filtrar só os artigos que se possam entregar nas ilhas".
Algo parecido sucede com Wallapop e Vinted: "Por que se anunciam na televisão de Canárias se não podemos receber envios nem comprar? É uma vergonha", critica outro utente na página oficial da plataforma de compra de roupa. "Vinted e Wallapop até na sopa, mas não é para nós", sentencia um consumidor canario indignado.